quinta-feira, 3 de maio de 2012

Egum

Sixteen Cowries - Dezesseis Búzios

Egungun (Egúngún, Egun) é uma divindade cultuada por homens, frequentemente denominados "mascarados", porque estão inteiramente cobertos por panos.
Há quatro tipos de Egungun, dos quais nem todos possuem mascaras entalhadas fazendo parte de seus trajes.
O mais poderoso dentre eles é aquele que na sua vida passada matou feiticeiras e praticantes da magia negra.
A classe mais numerosa de Eguns é aquela que aparece em público dançando nas cerimonias de máscaras nas festividades Egungun.
O terceiro tipo é aquele que usa uma roupa debruada que parece um saco, personificando um parente masculino recém-falecido.
O quarto tipo, que aparece primordialmente para a diversão, entretêm os espectadores com rápidas mudanças de roupa e com mascaras entalhadas, mimetizando várias pessoas e suas ocupações.
Os trajes são usados apenas por homens. As mulheres podem cultuar os Egungun e assistir suas danças, porém não podem ver seus trajes enquanto não estão sendo usados e tão pouco, dizer quem está usando determinada roupa. “Se uma mulher souber o segredo, deve guardá-lo.". Um verso conta a historia de uma mulher que pegou o traje do Alapinni, o mais alto membro na hierarquia do culto Egungun, para guardá-lo num recinto para protege-lo da chuva; O Alapinni ameaçou de matá-la e exu teve que intervir para salvá-la. Tanto o quarto onde a roupa seria guardada quanto o local onde ela seria executada, chamam-se igbale, nome dado ao bosque sagrado dos Egunguns, aonde se oferecem sacrifícios e aonde se matam as feiticeiras. Esse nome aparece em dois outros versos. Quando a Desobediência ignorou o aviso e ocupou um pedaço do bosque sagrado para o cultivo agrícola, Egungun apareceu e cantou, "Você conhecia o tabu; porque desobedeceu?" Após o incidente a Desobediência desistiu de seu cultivo, tornando-se uma fiel seguidora de Egungun, carregando suas roupas. Orunmila fez um sacrifício no bosque sagrado e depois desposou a esposa de Àgon. Esta pode ser uma referencia a Àgon, o carrasco de Egungun, porém da forma que o verso foi transcrito o sentido não é o mesmo.
Os fieis de em Ifé dizem que Amaiyegun é o nome dado à divindade que ensinou o povo confeccionar e usar os trajes de Egungun. No verso de Salako “foi um "Estrangeiro Forte" identificado com egungun, que foi até Peri para curar pessoas e dar-lhes filhos, e em seguida pediu-lhes para fazerem uma roupa com um véu para si. A roupa ou túnica que serve de traje e o véu através do qual os dançarinos podem enxergar estão citados em vários outros versos. Diz-se também que "O Egungun que nos ajuda é aquele a quem presenteamos o traje".
O culto dos ancestrais tem sido chamado de Egungun, mas as opiniões divergem quanto à interpretação dos dançarinos de máscaras. Alguns dizem que eles são ancestrais falecidos que voltaram do céu, porém os fieis de egungun em Ifé, Oyó e Igana, afirmam que isso só se aplica ao terceiro tipo com seu traje em forma de mortalha, apesar dos Egunguns do segundo tipo poder dançar durante os funerais. Em Oyó diz-se que esses Eguns do terceiro tipo aparecem apenas em funerais dos iniciados nesse culto, e dos chefes de linhagem. Pelo fato de Egungun ser conhecido como "pessoa do outro mundo" (ará òrun), isso significa que seus adoradores dedicavam-se ao seu culto antes de terem nascido, e que não são ancestrais reencarnados. Apenas três versos sugerem uma relação entre o culto ancestral, "Eles (Ele) ofereceu sacrifício para Egungun fora de casa; eles sacrificam para as divindades de fora". Porém isso pode significar apenas que havia adoradores de Egungun dentro de casa.
Conta-se que quando Egun chegou à Terra, ofereceu um sacrifício e "Egungun tornou-se mais poderoso que os humanos". Dois tipos de Egungun recusam-se a sacrificar suas espadas, e Egungun Eleru degola Agunfon. Ele também é conhecido como Alukilaka; vai ao Egba Yoruba para o divino, eles o cultuam, e ele engendra Abuja Aka. Egungun, Xangô e dada são filhos de Yemoja. Egungun está mencionado ocasionalmente em outros versos, e ele também aparece com seu rival, Oro. Ele e Oro viviam e trabalhavam juntos, mas Egungun gastou todo dinheiro que havia ganhado para comprar tecidos (para seus trajes); este é o motivo pelo qual nunca mais saíram juntos, o que explica o provérbio "Não se vê egungun numa festividade Oro". O chefe de Ejigbo, identificado como Egungun, foi morto por ordem de Oro. Isso é negado por vezes por seus fieis, pois os versos tornam claro que tanto Egungun quanto oro são divindades; eles vieram para a Terra com Xapanã e Ogum, e, como eles, tornaram-se imortais. Ambos recebem e oferecem-se sacrifícios.

William Russell Bascom
1912-1981

William R. Bascom nasceu em 1912 em Princeton, Illinois.
Diplomou-se em Física no ano de 1933 na Universidade de Wisconsin, Madison.
Decidiu tomar um rumo diferente em carreira obtendo o mestrado em Antropologia em 1936.
Em 1939, foi o primeiro aluno a receber um Ph.D. em Antropologia na Northwestern University como discípulo de Melville Herskovits.
Publicou Sixteen Cowries: Yoruba Divination from Africa to the New World (1980) Dezesseis búzios: adivinhação ioruba da África para o Novo Mundo (1980).

Ifa Divination, Traduzido - Bascom, William
Sixteen Cowries - Extratos do livro - Bascom, William

Sixteen cowries: Yoruba divination from Africa to the New World
Autor William Russell Bascom
Edição reimpressão, ilustrada
Editora Indiana University Press, 1993
ISBN 0253208475, 9780253208477
Num. págs. 790 páginas