Lita Cerqueira nasceu em 1952 em Salvador (BA), e no ano de 1971 deixou escola, família e trabalho para seguir em busca do sonho hippie. Fotógrafa autodidata, ela traduz, em sua obra, o cotidiano simples de anônimos, com cenas e retratos captados instantaneamente nas ruas.
Lita Cerqueira é uma figura de sensibilidade incomum, sua lente já clicou nomes como Nelson Pereira dos Santos, Wim Wenders, Waldick Soriano, Gal Costa e Moraes Moreira. Mas o que ela prefere mesmo é retratar gente mais simples, o povo brasileiro, principalmente dos cantões esquecidos do Brasil, onde, segundo a fotógrafa, as pessoas são espontâneas, fazem pose e se divertem quando clicadas.
As fotos são a resultante da sensibilidade de um olhar paciente, nada em sua fotografia tem a ver com as imposições que o mundo contemporâneo faz às imagens, em que as questões técnicas se sobrepõem à intuição. Autodidata, Lita Cerqueira apresenta um trabalho que pode ser reconhecido como um exercício entre compreensão e espontaneidade.
Suas imagens traduzem o cotidiano simples de anônimos no rico universo simbólico brasileiro e o resultado das fotografias revela também a mulher por trás da lente da câmera. Neste dia-a-dia retratado há muito dela própria, das dificuldades financeiras de sua família na sua infância no bairro de Caixa D'Água, em Salvador. Talvez por isso, temos a impressão de que ela sempre se coloca ao lado do outro para que a fotografia se apresente muito mais do ponto de vista intuitivo do que propriamente técnico.
A garota sorrindo, o menino tocando berimbau, a vendedora de bananas, os trabalhadores criando arte com barro, a religiosidade em praças e ruas. Através das imagens de cunho popular ela transita por um universo paralelo ao dos fotógrafos que se dedicam a captar cenas e retratos instantâneos do cotidiano.