Imagens fascinantes do universo do retrato de estúdio.
Na África, um estúdio de fotografia é o lugar onde sonhos se tornam realidade. Por alguns centavos, o mais comum dos mortais pode posar e alcançar a imortalidade, possuir coisas que não tem e que nunca poderá nunca ter, ser uma pessoa que não é, e que poderá ser ter acesso ao inacessível.
As pessoas começam a pedir retratos que vão além da imagem usual presente nos seus documentos de identidade, muitas vezes o único 'retrato popular' de que podem dispor. Isso abre novos caminhos para a arte do retrato fotográfico, com possibilidade do artista captar momentos especiais da vida das pessoas: elas podem querer uma foto por várias razões, mas quase sempre com o desejo comum de ter um 'retrato divertido.
Neste processo, novas formas de auto representação tornam-se parte de uma nova identidade social: Esse é o prisma para podermos avaliar o trabalho de Philip Kwame Apagya. Retratos formais de Philip Kwame Apagya na frente, mas panos de fundo encomendados formam pinturas que parecem estar vagando entre o realismo e um tipo de ingenuidade, são irreais e hiper-realistas. Os sonhos do povo africano são colocados num palco – cujo cenário enaltece a sociedade de consumo.
O sujeito fica na frente do pano de fundo pintado que retrata tudo aquilo que as pessoas sonham em ter: Mansões falsas de New England cujos interiores exibem porcelanas, videocassetes e televisores dentro de moveis para bar, cozinhas modernas com frigoríficos bem abastecidos com Coca-Cola e Cheetos... retratos com um quarto / meio / ou sorriso inteiro, porque ninguém na África será enganado por algum fingimento... mas naquele instante por um glorioso momento eles podem ter tudo. Estes retratos são muito divertidos para nós, "pessoas ocidentais", mas igualmente incômodos devido à percepção que eles nos trazem desse crescente vazio cultural. Este é o sonho, e ele é vazio e materialista.
Biografia
Nascido em Sekondi, Apagya é o filho de um fotógrafo e foi aprendiz no estúdio de seu pai quando menino. Estudou Fotojornalismo na escola de jornalismo de Accra – Gana, antes de abrir seu próprio estúdio em Shemá, na costa de oeste de Gana. Ele é reconhecido atualmente por seus retratos de estúdio feitos com cenários coloridos. A obra de Apagya encontra-se na coleção de Jean Pigozzi. Seu trabalho já foi exposto no Museu de fotografia contemporânea em Chicago, nas galerias de arte de Sheldon em Nebraska e no Museu de arte da Philadelphia, para citar alguns. Suas fotografias fazem parte de muitas coleções, incluindo a do Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque e do Studio Museum de Harlem. Philip Kwame Apagya consta na lista de Fifty One Fine Art Photography na Antuérpia, Bélgica.
Fevereiro de 2001
