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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Museu das Artes da África e da Oceania (MAAO)

Na orla do bosque de Vincennes, no sudeste parisiense, eleva-se um edifício magnífico que abriga o Museu das Artes da África e da Oceania (MAAO), que nos últimos anos vem conseguindo atrair um grande público. Aguarda-se a criação de um grande museu dedicado às artes primitivas.
Dotado de uma fachada de altas colunas de uma grande pureza geométrica por trás das quais se desdobram 1.200 metros quadrados de baixos-relevos – uma verdadeira “tapeçaria de pedra”– representando veleiros navegando para países distantes, uma fauna variada de elefantes, antílopes, zebus e serpentes evoluindo num Éden exótico, populações surpreendidas em seu labor cotidiano, essa construção surpreende por sua arquitetura de dimensões imponentes e pelo lado opulento de seu cenário. O templo oriental reinventado por Bauhaus!
Construído por ocasião da Exposição Colonial de 1931 para servir de pavilhão permanente das colônias, esse palácio-museu, tombado como monumento histórico, tornou-se ao longo dos anos um dos pontos altos da promoção da arte do hemisfério sul. A acessão das colônias à independência, principalmente a partir de 1960, marca uma reviravolta importante na vida desse museu, que tem que adaptar sua vocação de então às novas circunstâncias. Em 1962, sob a tutela do então Ministro da Cultura, André Malraux, ele é destinado à conservação e à valorização das obras de arte da África e da Oceania.
Duas missões que o MAAO consegue cumprir organizando, por um lado, exposições temporárias de qualidade (“Vales do Níger” em 1993, “As Artes da Nigéria” em 1996, “Vanuatu” em 1997, “Bateke” em 1998 e, por fim, “Chapéus Melanésios” e “Arte Funerária”, duas exposições previstas respectivamente para 1999 e 2000) e por outro lado expondo suas coleções permanentes.
As salas que acolhem as coleções permanentes são organizadas por região. No térreo, a Oceania. Sua arte aborígene é apresentada em toda a sua profusão de formas e suportes: pinturas sobre casca representando os mitos fundadores, tjuringas (pedras preciosas) com motivos rituais gravados, pedras pintadas, esculturas da Nova Guiné e máscaras da Nova Irlanda.
Nas galerias do primeiro andar, o continente negro interpela os visitantes através de suas máscaras e estatuária de formas estilizadas, através dos objetos em marfim e bronze do antigo reino de Benim, através das esculturas em madeira representativas das artes da África Central (fang do Gabão, vili e teke do Congo, kuba do Zaire, tshokwe de Angola). O visitante perde o fôlego diante da beleza hierática de uma máscara guro-bete da coleção Tristan Tzara, de pálpebras pesadas e rosto oval, marcada por uma força de alma intemporal.

Uma estética de encontros

Mais longe, uma harpa pluriarcos com cabeça humana, proveniente da coleção Apollinaire, lembra que a colonização algumas vezes favoreceu encontros, os quais mudaram a visão europeia do mundo e do outro. Essa estética de encontros é colocada em evidência com mais brilho ainda nas salas dedicadas ao Maghreb, que teve, como se sabe, um papel primordial na aproximação fecunda entre a Europa e o mundo árabe-islâmico.
O museu procurou atrair os jovens, principalmente os oriundos da imigração, das culturas do hemisfério sul.
Apesar dessas obras de grande valor, o MAAO sofreu durante muito tempo de uma desafeição popular ligada, sem dúvida, à sua imagem de antigo Museu das Colônias. Uma imagem que passa a fazer parte dele, provocando uma queda da frequência na virada dos anos 90. Apenas alguns africanistas ainda vão lá e... jovens que vêm visitar o grande aquário cheio de tartarugas, crocodilos e peixes marinhos (tubarões, meros, anjos, borboletas, palhaços, etc.). Uma nova equipe de conservadores é então chamada em seu socorro. Um novo diretor é nomeado em 1994. Este empreende grandes reformas visando colocar a produção contemporânea no centro das preocupações do MAAO. Paralelamente, uma política dinâmica de compra, com o objetivo de enriquecer o acervo do museu, é posta em prática.
“Essa política é responsável pela aquisição recente, por parte do museu, de belíssimas peças nigerianas da coleção particular Barbier-Mueller”, lembra Philippe Garcia da Rosa, encarregado da ação cultural no MAAO. “Por outro lado, acrescenta ele, essas diferentes ações empreendidas pelo diretor Jean-Hubert Martin, em particular uma campanha de pedagogia eficaz voltada para os jovens oriundos da imigração, estão mudando lentamente a imagem do museu junto ao grande público.” Assim, ele reaprendeu o caminho do museu, como revelam os números de frequência em alta: 134.000 em 1996, 168.000 em 1997 e 200.000 em 1998.
Encorajados por essas estatísticas, os responsáveis pelo MAAO podem hoje encarar com serenidade os cinco anos que os separam da transferência de suas coleções para o grande futuro museu das artes “primárias”.

Haroun Bakayoko