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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Royal Museum for Central Africa (RMCA) - Tervuren – Bélgica

O Museu Real da África Central é um museu de história natural e etnografia, localizado em Tervuren, Bélgica. É especializado no conhecimento do antigo Congo Belga, uma colônia que corresponde hoje à República Democrática do Congo, bem como do Burundi e do Ruanda, países que foram "protetorados" alemães e depois belgas.
O museu foi fundado por ocasião da Exposição Universal de Bruxelas, realizada em 1897, cuja "secção colonial" teve lugar em Tervuren. No ano seguinte, passou a ser chamado de "Museu do Congo", sendo posto ao serviço do rei Leopoldo II, que foi proprietário particular do Estado Livre do Congo até 1908.

Arte africana em museus: Museu Real da África Central

O Museu Real da África Central, de Tervuren, é um dos mais tradicionais museus coloniais da Europa, especializado no conhecimento sobre o antigo Congo Belga. Essa colônia era formada pelos atuais territórios da República Democrática do Congo (ex-Zaire), de Ruanda e do Urundi.
Esse museu funda-se a partir da Exposição Internacional de 1897 em Bruxelas com uma extensão africana em Tervuren, cidade em que está até hoje instalado. Chamado de "Palácio das Colônias", esse espaço passou em 1898 a chamar-se Museu do Congo, posto ao serviço do Rei Leopoldo II, um dos principais articuladores da partilha da África que precedeu a implantação do sistema colonial entre 1883 e 1885. Esse rei ficou conhecido por fazer do "Estado Independente do Congo" sua propriedade particular em 1884, cedida à Bélgica após campanha internacional.
Nesse museu encontra-se depositada uma amostragem única de material que interessava a todas as disciplinas em desenvolvimento, um farto material colhido (ou apreendido?) e que se foi acumulando ao longo do período colonial.
Como muitos dos museus coloniais, o Museu de Tervuren procura se refazer, revendo, na atualidade, seu papel. Possui um site oferecido em flamengo, francês ou inglês. Na sessão intitulada "plano de renovação" (clique aqui) apresentam-se projetos de curto e longo prazo, sendo um deles, para 2010, a abertura de uma nova exposição permanente.
http://www.africamuseum.be/research/
Esse site apresenta, além de outros artigos interessantes, imagens resultantes de um estudo histórico das salas de exposição do Museu, com base em fotos de arquivo, que mostram modificações no arranjo das salas de exposição desde 1910 (veja aqui). Ao pé da página, clicando sobre uma das 20 fotos oferecidas, inicia-se uma sequência de slides tomados em diferentes períodos (observem-se as datas abaixo de cada um deles).
Cada uma dessas 20 sequências de slides corresponde a uma sala ou sessão expositiva, despertando-nos para a dimensão do valor que era atribuído ao vasto material extraído da África e acumulado na Europa durante o período colonial.
Em alguns desses slides, observamos as grandes elites reunidas em torno de eventos que prestigiavam, na realidade, não os africanos, mas o poder hegemônico colonial.
Em outros, vemos como a exposição foi sendo modificada ao longo do tempo. Mesmo assim, até os anos 1960, a exposição conserva de um modo geral, o mesmo aspecto dos gabinetes de curiosidade, como que emoldurado, em partes, pelas grandes vitrines e cenários.
Ver também o link com 20 objetos escolhidos da atual exposição permanente. Como sugestão comece pelos itens que apresentam as peças de arte, que são:
Item 2 - "Etnografia da África central". Apresentam-se quatro objetos, entre eles, uma renomada estátua dos Bakongo (nkisi nkondi).
Item 4 - "Esculturas da África central". Tendo essa seção como "sala de arte", com objetos escolhidos pela qualidade estética, apresenta-se uma "maternidade" dos Bakongo, associada a uma virgem com a criança pelos europeus: uma estatueta melhor chamada "mãe-filho"?
Item 7 - "História: Europa e África central". Além de um mapa e uma gravura relativa aos exploradores Stanley e Livingstone, apresentam-se uma estatueta dita "de colono", ou "estatueta colonial" tida uma forma de retrato feito pelos africanos dos europeus, assim como um crucifixo cujas figuras obedecem aos cânones africanos tradicionais.
Item 21 - "Etnografia comparada". Nessa seção estão selecionados objetos intimamente integrados à vida social, como uma "sanza" (instrumento musical) antropomórfico que deu entrada em 1906 ou uma tampa de panela esculpida Ngoyo, cuja iconografia corresponde a um provérbio tradicional. Sobre as tampas de panela Ngoyo, cf. artigo de Carlos Serrano, professor da USP e especialista no assunto, intitulado "Símbolos do poder nos provérbios e nas representações gráficas Mabaya Manzangu dos Bawoyo de Cabinda-Angola", na Revista de Arqueologia e Etnologia, n. 3, p.137-46, 1993.

Fonte: MAE USP