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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Chefes Iorubas

O povo ioruba é primordialmente agricultor, muitos são sitiantes que vivem ao redor de grandes cidades pré-industriais.
Cada grupo tem um chefe supremo, ou obá, apoiado por um conselho de chefes.
O oni de Ife, que é o líder espiritual dos iorubas, e o alafin de Oyó, que é o seu líder político, são os chefes mais poderosos; sua influência é reconhecida em todas as áreas iorubas.
O ioruba foi o único povo negro que se organizou, espontaneamente, em grandes cidades.
A primeira dessas grandes cidades foi Ibadan.
A origem do povo é misteriosa e é provável que seja uma mistura de pastores nômades com povos locais da região a oeste do Baixo Níger, durante a Idade da Pedra.
Com essa mistura de povos, formaram-se as cidades de Ife e logo depois a capital Oyó.
Na história de Ioruba, Oyó foi a cidade-estado que desenvolveu uma organização política e militar modelo.
No centro da organização havia a figura do Alafin, que era considerado rei e divindade ao mesmo tempo.
O Alafin governava com a ajuda do Oyó Mesi, um conselho de sete membros que decidiam qual dos filhos seria o próximo rei (Alafin), quando aquele morresse.
O Basorun (chefe) de Oyó Mesi era o conselheiro executivo do Estado, o braço direito do Alafin.
Além disso, havia um grupo de aristocratas, o Eso, que dirigia o exército, e que tinha como comandante-chefe o Are-Onakakanfo.
A maior expansão territorial alcançada pela cidade-estado de Oyó foi durante o reinado do Alafin Abiodun, (fim do século XVII), cujo reinado é lembrado como um dos períodos de maior prosperidade.
Durante vários séculos, as cidades-estados iorubanas experimentaram processos de grande desenvolvimento comercial e agrícola.
No século XIX, pressionados pelo tráfico de escravos pelos países europeus e pelas jihads Fulanis, as cidades-estados Ioruba entraram em guerra civil o que resultou na decadência do império ioruba.
A cidade de Ife é a capital sagrada do reino Ioruba e sede do Oni, o supremo chefe religioso, espécie de "papa" em seu "vaticano".
Oyó foi a capital política, chefiada por um soberano que levava o titulo de Alafin, que podia ser deposto pelo Ogboni, uma espécie de "senado" constituído por notáveis da cidade.
Pelo ano 1000, haviam dezenas de cidade Iorubas governadas por reis locais que diziam descender do grande Oduduwa, um lendário rei, tido como fundador da sagrada cidade de Ife.
Nas cidades moravam os sacerdotes, comerciantes, artesãos, famílias de agricultores e todo aquele sob a soberania dos reis locais, chamados de obás.
Cada uma dessas cidades era dividida em bairros, governados por chefes setoriais.
Os reinos Iorubas eram unidos por uma teia de interesses comuns.
Oyó, o mais importante dos reinos, adquiriu tanto poder que, no fim do séc. XVII englobava em seus domínios grande parte do oeste do Níger, a Nigéria, parte dos bosques do Benin e o golfo do Benin.

Modelo de organização dura séculos

Na sociedade, cada Ioruba tinha seu lugar respeitado e sua função definida, sem problemas. Prova disso é que esse modelo de organização social durou séculos.
Sem dúvida, os distintos Estados iorubas possuíam diferenças em termos de formas de governo.
No Estado de Oyó, considerado modelo das estruturas político-militares iorubas, o rei - Alafin - governava com poderes semelhantes aos de uma divindade.
Era escolhido entre os sucessores por um conselho de sete sábios - os Oyó Mesi -, que exerciam a função de ministros.
Em Ifé quem mandava era o rei - Oni -, assessorado pelos Obás (chefes). A posição que cada chefe ocupava dependia da suposta data de fundação de sua respectiva comunidade.
O Oni representava o ponto mais alto de toda autoridade política e religiosa, por ser descendente direto do Herói Primeiro, Oduduwa, que era, por sua vez, instrumento do Ser Supremo.
Mesmo tendo vida autônoma, as diversas comunidades tributavam homenagens à supremacia de Oni.

O traje do Oba

A parte mais importante do traje real é certamente a coroa. (Ade em ioruba).
Suas franjas de contas protegem o rosto do governante, não apenas para resguardar sua identidade, mas para proteger as pessoas de seu olhar direto.
O poder simbólico da coroa é realçado pelas figuras de pássaros tanto no topo como ao redor.
O pássaro representado é o Okin, uma ave da família dos corvídeos, conhecida como Paradise fly-catcher em inglês, cuja tradução literal é o cata moscas do paraíso.
É um pequeno pássaro esbranquiçado cuja cauda cresce majestosamente em longas tiras.
A posição proeminente que esse pássaro ocupa na coroa real parece reforçar a diferença do poder real e sua posição perante os seus vassalos.

Os símbolos de poder dos Obas

Pássaros são os símbolos dos poderes místicos das feiticeiras cujo apoio é importante para que o Oba possa governar.
O Rosto de Odudua bordado nos trajes representa os ancestrais reais. Por vezes representa Olokun, a divindade dos mares.
Padrões entrelaçados, que representam a continuidade e o equilíbrio, devido à característica do seu desenho.
Podem representar também a corrente dos ancestrais até o primeiro monarca, Odudua.
Triângulos subdivididos e losangos, repetidos em padrões contínuos, dão à coroa uma aparência vibrante que reflete suas qualidades sagradas.
A franja de contas que cobre o rosto do Oba e sinaliza a ligação do soberano com os deuses.
As contas de coral e materiais caros sinalizam a realeza.
Cada cor representando um orixá, simbolizando sua ancestralidade divina. Os obás tem a proteção de todos os deuses.
O branco representando Obatala, o rei de todos os orixás. Um deus altamente ético, misericordioso, tranquilo, austero e paciente.
O vermelho frequentemente associado a Xangô, pelas suas características de valentia e majestade. E por ser o protetor e guardião do povo.
E o elefante, símbolo de longevidade e poder.