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sábado, 28 de janeiro de 2012

Daagbo Hunon - O papa da religião Fon

Ninguém se orgulhava mais de ser chamado “o Supremo Chefe do Alto Conselho da Religião do Vodu do Benin" do que Daagbo Hounon Houna, numa cidade cuja população nessa ocasião (2004), estava na faixa dos vinte milhões, como Uidá.
E cuja importância podia ser avaliada pela pelos cumprimentos que recebia de seus fieis que se prostravam diante de seus pés e beijavam suas mãos.
Ao explicar esse titulo o Hounon Huna, um homem corpulento e vestido com roupas coloridas e usando um chapéu de palha, disse a um dos entrevistadores que visitaram o seu templo em Uidá, que na diáspora africana das Américas e do Caribe ele é conhecido como o papa do Vodu.
Na intimidade do seu tranquilo santuário, onde as paredes de taipa são pintadas com as imagens de seus predecessores, até o ano de 1452, ele sorriu ao exibir o certificado que recebeu da cidade de New Orleans, durante sua visita.
Nos últimos anos ele já havia visitado a Bahia e Cuba.
Através das viagens que sua posição propiciou, Houna Hounon, um aposentado da construção civil, teve como meta corrigir as imagens distorcidas de sua religião, o Vodu, que assim como algumas outras, têm sido alvo de desprezo.
"Quando os primeiros europeus chegaram à África começaram a chamar-nos de fetichistas", disse Hounon, falando em sua língua nativa, o Fon, através de um tradutor. “Esse foi um entre muitos esforços que os brancos fizeram para introduzir suas crenças e destruir nossa cultura".
A explicação que ele dava para sua religião não era simples. Ha um Deus, Mawu, disse ele, mas inúmeros nomes para suas manifestações, como Gu, Legba, Damballa e Hevioso, todas conhecidas na arte e religião do Haiti.
O que ele pretendia esclarecer era principalmente que o Vodu em seus infinitos mistérios, nada tem a ver com a percepção que o mundo ocidental possui dessa religião, espetando bonecas para perseguir inimigos.
"Ha mulheres que não podem ter filhos, homens que não encontram trabalho, e idosos que não encontram paz. O vodu devolve a esperança. Protege nossa terra e traz a brisa fresca”.
O "Vaticano" de Daagbo Hounan Houna é a central do Vodu de toda a região, acenando com sua bandeira branca. Para chegar lá, percorre-se um pequeno trajeto que liga as estreitas ruas da cidade ao prédio que já foi no passado o centro do trafico negreiro.
Hounan Hounon faleceu na noite do dia 11 de Março de 2004, em Uidá, com 90 anos. Para os seus milhares de adeptos, através do mundo, era praticamente um semideus.
Após o falecimento do Daagbo Hunon Agbessi Houna, o posto de hunon em Uidá atualmente é ocupado, pela primeira vez, por uma mulher, a Nagbo Hounon Houtinme Gbeffa.

A festa anual de Agbê

A festa anual de Agbê (chamada Gozìn), que celebra a aliança entre os homens e o mar, ocorre em Grande Popo no litoral sudoeste do Benin (antes, em Uidá) todo dia 10 de janeiro, dia que o governo beninense decretou em 1996 como feriado nacional, dedicado à herança ancestral da tradição vodu.
A cerimônia, muito concorrida por iniciados do culto vodu vindos de várias partes do Benin, mas ainda também do Togo, Haiti, França, Canadá, EUA e Brasil, é dirigida pelo mais respeitado sacerdote de Agbê entre os fon, que é o Daagbo Hunon, cuja tradição remonta ao Século XIV.
O festival anual é realizado em volta de tendas, com bandeiras coloridas que representam as diversas comunidades do vodu, marcada por preces, oferendas e sacrifícios.
No Benin, sessenta por cento da população pratica o vodu.
Centenas de pessoas descem para o litoral para receber as bênçãos de Daagbo Hounon, o alto sacerdote do Vodu.
O festival é a ocasião onde pessoas do povo tem a oportunidade de aproximar-se de reis rainhas e sacerdotes para vê-los de perto ostentando seus trajes luxuosos.
Agbê é o Vodu senhor de hu, o mar.
Está entre os Tô-vodun, cultuado, sobretudo pelos hweda, nas circunvizinhanças de Uidá e Grande Popo, no Benin.
Ele foi o terceiro filho de Mawu, gerado com sua irmã gêmea Naeté.
Ele é representado por uma serpente, um símbolo que representa tudo que é perene.
Um de seus filhos mais temidos é Dan Toxosu, que manifesta sua própria imagem, nos nascimentos de bebês com deformações físicas, pois os Fons consideram que crianças com deformidades são protegidos por Tohosu ou Toxosu (lê-se: Torrossu).