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sábado, 21 de janeiro de 2012

Festivais Egungun - Nigéria, Benim e Togo

A cada ano antes da temporada de chuvas começar nas terras iorubanas, os membros da sociedade Egungun efetuam elaborados rituais de danças onde mostram suas habilidades artísticas nas cerimonias de mascaras fúnebres.
Celebradas para marcar a transição na vida familiar essas cerimonias não são encaradas como eventos isolados. Ao contrário são interpretadas como uma cadeia continua de danças que conectam o passado ao presente.
Egungun, cuja tradução também pode ser "poderes ocultos" é um festival anual realizado pelos povos de língua ioruba da Nigéria.
Os rituais para Egungun são celebrados em toda a extensão do território ioruba, durante o "Odun Egungun”, nas varias comunidades que veneram os ancestrais.

Espíritos Ancestrais

O espírito de um antepassado pode ser invocado a fim de assumir a forma material, aparecendo sozinho e falando, trazendo bênçãos e orientações aos que assim desejam.
Nessa forma recebem o nome de Egungun, “Mascarados”.
A palavra Egungun significa exatamente, mascarada, sendo costume usar a forma Egun, que significa: osso, esqueleto.
Os Gungunas são espíritos e o dançarino é um médium iniciado no culto Egungun, que incorpora os espíritos dos ancestrais falecidos.

Vestimenta

A vestimenta Egungun representa, honra e invoca um ancestral.
Para preservar a sua condição de Ara Orun - “habitante do Orun”- o espírito apresenta-se completamente envolvido numa vestimenta denominada agò, feita de panos de diversas cores; abalá - tiras coloridas; bànté e ópá - costurados em conjunto de tal forma que o cobre da cabeça aos pés, mas não ocultando as suas características físicas principais. Daí o nome “mascarado”.
O traje precisa apagar a imagem e semelhança com o humano, para isso recobrindo o dançarino recoberto dos pés à cabeça por esse traje, para que o publico acredite estar vendo um espirito de fato.
Escondido sob essa roupa com varias camadas de pano, ele enxerga através de um buraco no tecido, à altura dos olhos e coberto com uma rede denominada Kàfó, mas que esconde a sua identidade.
Ali estão representados tanto os ancestrais masculinos como os femininos, embora apenas homens possam participar e cultuar os Eguns.
Assim também os trajes podem ser distinguidos por gênero, sendo o masculino por vezes mais austero que o feminino.
Por causa da seriedade e da cerimonia, são tomados cuidados especiais para que os espíritos fiquem satisfeitos.
Além disso, todos os aspectos desse ritual tem significados simbólicos.
Durante a cerimonia onde se homenageia a memória dos mortos, estes indivíduos circulam com suas roupas espalhafatosas pelas ruas entre o povo que assiste a esse espetáculo.
Rodopiam com grande vitalidade numa forma livre de dança cujo movimento serve para entreter e assustar o publico.
E conforme rodopiam entre o povo do vilarejo , as longas faixas de tecido esvoaçam, mimetizando um redemoinho de vento.
É um movimento ciclônico, simbolizando a deusa Oiá, patrona de todos Egungun.
A cor vermelha do pano bordado também carrega um sentido simbólico e sua historia esta ligada a mitologia iorubana, trazendo múltiplas lendas sobre os poderes curativos e de proteção contra feitiçaria.
E para complementar as bordas serrilhadas dessas faixas de pano, chamadas igbala, costuradas nas bordas dessas tiras de tecido, simbolizam um mito ligado à salvação da vida de Xangô, o deus do trovão, tornando por isso frequentes na confecção desses trajes.
Devido ao poder intrínseco desse traje, os anciãos da sociedade Egungun efetuam sacrifícios para sacraliza-lo quando não esta em uso.
Eles também o complementam com mais camadas, costurando novas tiras de tecido, caracterizando uma aura de respeito devida a antiguidade dessas roupas.
Na sua comunicação usa de uma voz ardente e grossa, séègì e sempre em linguagem ritual devidamente traduzida pelos Òjés (Sacerdotes do Culto aos Mortos), que se utilizam de uma vareta de madeira denominada ìsan, extraída da árvore Àtórí ou das nervuras do Igi ope, (dendezeiro).
Durante o ritual, os dançarinos são possuídos por espíritos ancestrais falando com vozes distorcidas e guturais aos participantes.
Ninguém, exceto algumas pessoas autorizadas - Òjè - pode chegar perto e tocá-lo.
Os iorubas acreditam que a pessoa que tocar neles será punido pela morte. Por isso os Egungun são controlados por esses homens que envergam bastões, para proteger aqueles que assistem.