As margens do rio Mono são habitadas pelos pescadores da etnia Pla, que anteriormente ocupavam a região sagrada de Uidá. Ao deslocar-se trouxeram consigo suas crenças, entre as quais o culto de Zangbeto, o espírito guardião da noite, ao qual atribuem uma existência, uma personalidade e uma função social.
O culto de Zangbeto encontra-se, presentemente, espalhado por todo a região sul do país. Zan significa noite. Zangbeto é um espírito noturno. No meio da escuridão, o mascarado sai do seu convento, semeando terror à sua volta. Vai à casa dos ladrões, dos adúlteros, dos caloteiros, para cobrar suas safadezas. Por isso a sua forma é estudada para inspirar medo. É uma grande máscara recoberta de palha colorida da cabeça aos pés que da saltos acrobáticos e emite sons guturais.
A sua origem é mítica. Conta-se que três irmãos estavam em guerra. Os dois mais velhos opunham-se ao mais jovem. Na noite antes da ultima batalha este, teve um sonho. Uma figura sobrenatural aconselhou-o a cobrir-se de palha, e junto com os seus homens, ir de encontro aos inimigos, fazendo acreditar que era um fantasma. O truque funcionou e os irmãos fugiram e o jovem tornou-se o senhor do reino. A máscara Zangbeto é um tributo a essa vitória e, como tal, se tornou objeto de veneração.
As mulheres também não podem entrar no recinto em que a máscara está guardada. O motivo desta proibição não se sabe ao certo, mas costuma dizer que isso se deve ao fato das mulheres não conseguirem guardar o segredo de onde a mascara fica escondida.
As danças públicas da máscara Zangbeto têm a finalidade de purificar o povo, afugentar os males e de pedir proteção. Este aspecto milagroso costuma ser provado através de dos prodígios que ela efetua durante as danças. Os homens testam esse poder esmigalhando garrafas de vidro com cerveja e engolindo os pedacinhos junto com o líquido sem se ferir. Outros lambem uma barra de fero em brasa sem se queimar e há quem espete espinhos de plantas no peito sem verter uma gota de sangue.
Os povos que vivem nas margens do rio Mono descobriram Zangbeto e o adotaram como guardião, crítico, policial e juiz. Por isso não é de surpreender que sua aparência não seja humana, mas a de um animal ou objeto sagrado. Apelo fato de a justiça estar acima de tudo, aquele que está dentro da máscara e a anima não é um simples homem. Pelo fato de Zangbeto representar justiça para os homens está acima deles. Nisso reside a sua força e a atualidade do seu culto.
Cerimônia Zangbeto em Grand-Popo, Benim
Zangbeto é uma sociedade secreta representada por uma grande máscara recoberta de palha colorida que imita os movimentos de uma cobra quando dança. Zangbeto simboliza os espíritos da natureza que habitaram a terra muito tempo antes do homem.
Grand Popo é uma aldeia de pescadores perto do estuário do rio Mono e da fronteira com o Togo, no coração do país vodu. Os Fa, adivinhos locais estão bastante nesse lugar e no vilarejo nas proximidades de Hévé há uma poderosa e perturbadora cerimônia vodu em honra os espíritos guardiães Zangbeto, no qual os homens engolem cacos de vidro e as mulheres rodopiam febrilmente.
O Festival Zangbeto que acontece em Grand- Popo, que fica ao sudoeste do Benin na fronteira com Togo. Essa figura que parece uma pilha de feno dançante faz o papel de patrulha noturna e de justiceiro nas ruas do vilarejo. Seu atendente acompanha suas danças e atua tanto como controlador do publico durante os festivais diurnos quanto seu interprete.