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sábado, 28 de janeiro de 2012

O Portal do Não Retorno - Uidá – Benin

Uidá é uma cidade costeira no canto sudoeste do Benin.
Há trezentos anos, foi o principal porto de saída para milhões de africanos.
A Fortaleza de São João Baptista de Ajudá, também conhecida como Feitoria de Ajudá é uma das únicas que restaram daquele tempo, um dos lugares de concentração dos negros que seriam deportados para as Américas.
Milhões de africanos aprisionados foram trazidos para as Américas, Inglaterra e Caribe, acorrentados, e frequentemente torturados por severos golpes e chicotadas, e colocados em navios em condições insuportáveis.
Muitos deles, entretanto, nunca chegariam ao destino.
Alguns se suicidavam antes de serem embarcados, preferindo morrer a viver em cativeiro.
Outros que estavam doentes ou fracos demais para enfrentar a viagem eram atirados em valas comuns e enterrados vivos.
Em Uidá, ergueu-se um monumento a esse passado triste.
É chamado de Portal do Não retorno.
Está localizado no final da estrada dos escravos, que liga Uidá à costa.
Ao longo dessa estrada, através de uma bela paisagem, encontram-se numerosos monumentos em homenagem aos cativos, que foram forçados a passar por esse caminho.
Além desses monumentos, ha outras estátuas dos antigos governantes do reino do Daomé, essa nação poderosa que capturava os seus inimigos para vendê-los como escravos para os traficantes europeus.
O Portal é um monumento que impressiona principalmente pela lembrança daquilo que foi esse passado trágico.
Era a ultima visão que os deportados viam da África, antes de serem embarcados.
Sua forma é a de um arco do triunfo.
E bem atrás dele, está o Oceano Atlântico.
Foi construído em 1995 para relembrar a tristeza que os negros sentiam quando eram enviados para longe.
Próximo desse monumento foi construído um novo, denominado de Portal do retorno.
Representa um símbolo de união e paz entre o Velho e o Novo Mundo.
Além de ser conhecida como o principal porto de embarque de escravos na era olonial, Uidá é um centro importante do Vodu, a religião tradicional.
Um dos principais feriados é o Dia Nacional do Vodu, comemorado no dia 10 de janeiro.
Uidá é visitada por turistas do mundo inteiro para assistir essa festividade, que costuma ser muito exuberante.
O evento dura uma semana e é precedido por uma procissão que vem pela rota dos escravos, “Route des Esclaves",” uma estrada de 3 km que liga o centro de Uidá ao Oceano Atlântico, onde está o famoso portal.
É acompanhado de danças e outras atividades como o festival internacional de cinema franco-africano.
Quem preside a cerimonia é o Daagbo Hounon, um homem sagrado na religião do vodu, conhecido como o papa do Vodu.
O atual Daagbo Hounon, que possui uma presença carismática e acolhedora, é o mais recente de uma longa linhagem de sacerdotes. Sua residência é em Uidá.
As festividades continuam por todo o dia na orla marítima, com rituais, discursos e conversas.
Artistas e comerciantes vendem suas mercadorias, enquanto as famílias desfrutam de passeios na praia.
Apesar dos tesouros históricos reencontrados nessa terra tão rica em cultura e religiosidade, o maior deles é certamente seu povo.
Os beninenses são considerados um dos povos mais hospitaleiros do mundo.