A primeira ordem compreende três categorias:
1-O Babalaô, ou sacerdote de Ifá
2-Os sacerdotes da medicina, aqueles que servem Ossaim e Aroni, os deuses da medicina.
3-Os sacerdotes de Obatala e Odudua. O branco é a cor que distingue essa ordem, e todos seus sacerdotes usam invariavelmente roupas dessa cor.
O corpo sacerdotal
1-Os Babalaôs usam braceletes feitos de fibras de palmeira - palha da costa, e trazem consigo um (iruke) rabo de vaca, enquanto os sacerdotes de Obatala distinguem-se pelos colares de contas brancas.
Nessa ordem há dois sumo-sacerdotes, um em Ife e outro em Ika, um pouco mais para o norte.
2-A segunda ordem compreende os Oni-Sango, ou sacerdotes de Xangô e os sacerdotes de todos os demais deuses, com exceção do orixá Oko. O vermelho e o branco são as cores que distinguem essa ordem, e todos os seus adeptos raspam o topo (coroa) dos seus cabelos.
Os sacerdotes de Xangô usam colares de contas vermelhas, brancas e pretas, os de Ogum usam um bracelete de ferro no braço esquerdo, e os de Oxum, usam braceletes e tornozeleiras de latão.
3-A terceira ordem consiste nos sacerdotes de Oko, orixá da agricultura, e sacerdotes de semideuses, ou de homens divinizados, tais como Huisi, que defendeu Oyá contra Xangô. Esses sacerdotes usam uma pinta branca sobre a testa.
O motivo pelo qual o babalaô, assume o posto mais alto no sacerdócio é por ser aquele que conhece o que é necessário fazer, através de seu jogo de adivinhação, o que é preciso para agradar os deuses.
Portanto os sacerdotes de Ifa controlam o culto dos outros deuses, até certa instância, e em tempos de calamidades, guerras e de pestes, é sua tarefa dizer o que é preciso torna-los favoráveis.
O Magba, ou chefe dos sacerdotes de Xangô, tem doze assistentes (ministros), que são designados conforme a autoridade. Oton é o braço direito, Osin é o braço esquerdo, terceiro, quarto, quinto e assim por diante. Eles residem em Kuso, o local em que Xangô teria descido à Terra.
Além de atuarem como intermediários dos deuses, os sacerdotes presidem provas duras em julgamentos, e preparam encantamentos e amuletos.
Os de Ifá são especialistas na arte da adivinhação, e outros sacerdotes também podem pratica-la, mas não com as nozes de cola e a bandeja que é peculiar dos babalaôs.
Há vários métodos, um deles chamado keke, consiste no arremesso de pequenos gravetos ou talos de grama, cada qual representando do um individuo em particular. Há outro chamado gogo, que também é uma espécie de sorteio.
É um sorteio em que varias pessoas retiram um graveto de um maço de gravetos presos num pedaço de pano aparecendo apenas a extremidade, entre os quais um está dobrado.
Cada pessoa retira um, e aquela que tirar o que está dobrado é a que está em falta com sua divindade.
A pessoa do sacerdote é sagrada e aquele que abusar ou agredir, será severamente punido.
O oficio de sacerdote é hereditário, mas os membros da comunidade podem ser recrutados para outras finalidades.
Seminários para jovens e moças, como os kosio das tribos Ewe, são instituições regulares, e os adeptos para o sacerdócio passam por uma iniciação de dois ou três anos, no fim da qual são consagrados recebendo um novo nome.
As atividades cotidianas dos templos são realizadas pelos iniciados, e pelos jovens adeptos e "esposas" dos deuses, que mantem os recipientes cheios de água, e a cada cinco dias varrem os templos.
Nas proximidades os jovens adeptos praticam as danças e cantigas religiosas, e podem ser ouvidas repetindo os cânticos de duas ou três notas, por horas a fio.
Até caírem num estado de transe e soltando alaridos e gritos.
Os templos são cabanas de barro circular muito simples, guarnecidas por tetos cônicos revestidos de palha.
Os interiores são pintados normalmente com as cores consagradas aos deuses, e as portas, janelas e colunas que sustentam os beirais são entalhados.
Os templos dos deuses superiores situam-se em bosques de árvores magníficas, entre as quais despontam duas ou três paineiras, (bombaceae), objetos de veneração por todo o oeste africano.
Do topo das árvores, ou dos bambus gigantes, tremulam bandeiras compridas que testemunham a santidade dessas localidades.
Algumas vezes esses bosques não possuem templos, mas frequentemente margeiam os santuários.
São reverenciados com um respeito supersticioso, e possuem nomes próprios, como o bosque de Ifá e de seu companheiro Odu, é chamado Igbodu.
Perto da entrada da cidade de Ode Ondo está situado um bosque ou alameda sagrada, onde ainda se dá a execução de criminosos.
Por superstição as pessoas que circulam por essa tenebrosa alameda, não podem se cruzar ao virem de lados opostos, e um delas precisa se voltar para que a passagem fique livre para a outra.
Os templos consagrados aos deuses protetores das cidades são frequentemente encontrados nas praças centrais da cidade, ou perto dos portões principais, e os santuários dos deuses que protegem as famílias ou criados localizam-se perto da entrada das casas ou nos quintais.
Sua construção lembra a forma dos deuses superiores, em tamanho menor, como a dos deuses protetores dos criados que são simples coberturas sobre uma pequena estrutura aberta de todos os lados.
Além dessas construções que podem ser vistas em cada esquina, encontram-se cabanas maiores, de forma circular, recobertas de palha suficientemente amplas para conter um homem sentado.
Esses lugares que podem ser confundidos com templos nada mais são do que locais de meditação onde as pessoas que desejam podem rezar.
O templo é chamado Ilê Orixá, casa do orixá.
Os deuses iorubas são invariavelmente representados com formas humanas, que tem aspectos grotescos, mas não intencionalmente, frequentemente resultado de falta de habilidade.
Essas imagens são consideradas os emblemas dos deuses invisíveis e não são idolatradas por si só, idolatria não existe no sentido literal do termo, o que se cultua é o fetiche.
Terrinas de barro que recebem os fluidos sacrificiais de sangue, óleo de palma (dendê), etc.
Enquanto as gemas de ovo são encaradas como oferendas peculiares a determinados deuses e besuntadas nas colunas, nos batentes das portas e umbrais.
Nos templos mais importantes, e também nas residências de reis e de chefes de altos cargos, mantem-se um tambor alto chamado gbedu.
Esse tambor é frequentemente recoberto com entalhes representando animais, pássaros e falos.
Costuma ser tocado apenas em festas religiosas e cerimonias publicas, e recebem o sangue sacrificial de animais sobre os entalhes simbólicos, sobre os quais são derramados o azeite de palma, as gemas de ovo e as penas dos animais abatidos no sacrifício.
Nesse caso a oferenda é para proteger o espirito do tambor.
O sacrifício é parte importante do cerimonial de louvação, e nenhum deus pode ser consultado sem antes receber a sua homenagem, e o valor da oferenda pode variar conforme a ocasião.
Além das oferendas para esses propósitos, ou em ocasiões especiais, os iniciados e devotos de uma divindade, como aqueles que usam sua insígnia, e estão sob a proteção deste, fazem oferendas regulares de pequeno valor, tais como alguns búzios, um pouco de farinha de milho, azeite e vinho de palma.
Cada divindade recebe um determinado animal em sacrifício, e usando a terminologia do Velho Testamento, para cada deus existe o animal limpo e o sujo.
Alguns animais são sujos para todos os deuses, assim como o urubu de cabeça vermelha (Cathartes aura) conhecido por Gunu-gunu, o abutre (akala), e o papagaio cinza (ofe).
Os sacrifícios são oferecidos na presença dos deuses, isso é, diante de sua imagem ou fetiche, que precisam ser alimentados de tempos em tempos.