Sakpata é o grande Ayi-vodun do panteão Ewe-Fon, por isso intitulado Ayinon (o dono da terra) que tem como divindade principal Azansun, Deus do panteão da Terra.
Os Ayi-vodun (divindades que habitam a terra) são considerados de extrema importância na mitologia Fon por controlarem a fertilidade do solo, as doenças e a duração da vida e a própria morte.
A família deste vodun é numerosa e seu culto bastante disseminado entre os Ewe-Fon, da mesma forma que o culto de Ayizan, também pertencente ao ramo dos Ayi-vodun, como Dan e Dangbê.
Aparentemente, os Ayi-vodun são os que têm mais iniciados dentro do culto vodu.
Considerado o filho mais velho de Mawu ele é o senhor da varíola e, por extensão, de inúmeras enfermidades contagiosas que deformam o corpo.
Temido por todo o povo Fon que cultua fervorosamente.
A tradição aponta a origem do culto a Sakpatá na localidade de Kpeyin Vedji, um enclave ioruba dentro do território Mahi, a noroeste de Abomé.
Possui uma grande variedade fetiches ou assentamentos, em que cada um representa o aspecto de alguma doença ou infecção.
Kohossú, cujo nome significa "Rei da Lama" é o pai de todos os Sakpatás.
Nyohwe Ananú, dona das águas paradas, que mata de repente, é a mãe, e ambos são filhos de Nà Buùku.
Da Zodji, envia a disenteria e os vômitos, considerado o mais velho de todos. Ele não tem braços ou pernas e é carregado numa padiola, mas tem o poder da invisibilidade e, apesar do defeito físico, comanda todos os Sakpatás.
Da Langan come a carne das pessoas ainda vivas.
Da Sinji traz as inchações e tromboses.
Aglossuntó é responsável pelas feridas e chagas que nunca cicatrizam.
Adohwan castiga perfurando os intestinos.
Avimadjé é o que leva as almas dos que morreram punidos por Sakpatá.
Bossu-Zohon é o grande feiticeiro.
Alogbê possui cinco braços e é ligado aos tohossú
Adan Tanyi é filho de Da Zodji, e traz a lepra.
Suvinengué um abutre com cabeça humana e é filho de Da Langan.
Existem várias outras denominações: Agbologbodji, Tonekpó, Gbazu, Ahossú Ganhwa, Kpadadadaligbo (que é fêmea) etc., cujos nomes, atribuições e lugar dentro da "família" variam de região para região.
Outra tradição conta que Sakpatá é uma divindade dupla, tanto macho como fêmea.
O macho sendo Da Zodji e a fêmea sua irmã Nyohwe Ananu, gêmeos nascidos do primeiro parto da entidade andrógina Mawu-Lissá.
Sakpatá é cultuado em seus templos sob um aspecto duplo.
Possui o aspecto Jeholú (Rei das Jóias), pústulas trazidas pela varíola, que não recebe sacrifícios diretos de sangue, mas é lustrado com uma mistura de sangue e azeite de dendê e envolto por panos.
O aspecto Zun-holú ("Rei da Floresta") fica do lado de fora, recebe os sacrifícios de sangue diretamente sobre ele e é coberto por rodilhas de ramos secos da palmeira de ráfia (Raffia vinifera), e é um montículo que pode ser mais alto do que um homem.
Os sacerdotes e fiéis o tratam como um ente vivo, o reverenciam, abraçam etc. Zun-holú de tamanhos mais modestos podem ser vistos diante dos hunkpame de outros voduns, sobretudo nos de Heviossô.
A iniciação de Sakpatá entre os Fon consiste em duas partes.
Na primeira e mais longa, os neófitos permanecem no hunkpame vários meses submetendo-se a disciplina rígida de silêncios, jejuns, aprendizagem de cânticos e danças rituais e nesta eles são chamados de agamassi.
No final desta fase, as famílias juntam dinheiro para realizar um grande ritual, no qual os neófitos morrem simbolicamente e ficam escondidos por três dias dos olhos de todos, e depois são trazidos para fora enrolados em mortalhas e são publicamente "ressuscitados" pelo Aklunon (ministro do culto).
A partir daí eles recebem seus nomes de iniciação e passam a ser chamados de anagonu, por causa da acreditada origem nagô do vodu.
No antigo Reino do Daomé, o culto de Sakpatá era olhado com suspeita, às vezes banido (e o foi, definitivamente, de Abomei).
Uma vodunsi de Sakpatá não pode ser dada como esposa para o rei, e havia sempre a suspeita maior de que seus sacerdotes espalhavam deliberadamente a doença para aumentar seu poder.
Mas outra questão importante neste caso é o fato de que Sakpatá abertamente desafia o poder real portando os títulos de Ayinon e Jeholú, que são títulos que o rei também possui.