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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A Sociedade ioruba Ogboni

Os iorubas são conhecidos historicamente pelas suas sociedades secretas.
A sociedade Ogboni é composta principalmente por homens, e algumas vezes por mulheres, é um conselho de anciões.
Seu papel na sociedade é mediar os conflitos dentro da comunidade quando a autoridade dos governantes se prova inadequada.
Seus anciões, considerados os mestres da Terra, por terem como protetor a divindade Ilê, a Terra.
A palavra Ogboni, deriva de "ogba", que pode ser traduzida por companheiro.
Os Ogboni deliberavam sobre quaisquer assuntos de interesse da sociedade, tais como comercio e casamento.
Uma vez tomada a decisão sobre algum tema em discussão, não havia possibilidade de mudança.
O poder dessa sociedade variava de Estado para Estado, mas nenhum assunto de relevância poderia ser resolvido sem o consentimento deles.
Edan
Os anciões da sociedade secreta Ogboni, conselho de altas funções, uma espécie de corte de Justiça do império de Oyó e dos reinos iorubas, usavam na cintura uma peça chamada edan.
Esse adereço é uma corrente de cerca de 30 cm, em cujas duas extremidades há um pequeno bastão de bronze: um representa o sexo feminino, outro, o masculino.
O Edan, bastão ritual, era o símbolo usado como representação física da sociedade Ogboni.
Pendurado no pescoço dos iniciados ate a altura do peito, simbolizando seu papel e afiliação dentro da sociedade.
Ocorrida a iniciação o Edan permaneceria em posse de seus inciados como uma herança.
Esses objetos eram feitos de bronze fundido, um metal caro.
Duas imagens conectadas por uma corrente.
Cada Edan consistia de duas figuras macho e fêmea, que representavam “a independência dos poderes do homem e da mulher”.
Acredita-se também que essas duas estatuetas representassem a união do céu e da terra, sendo a terra feminina e o céu masculino.
As cinco funções desses edan eram: judicial, oracular, restauradora, protetora e comutativa, em outras palavras, anti-feitiçaria.
Ao participarem das reuniões da sociedade, os membros depositariam seu Edan no solo para indicar que haviam chegado a alguma decisão.
O processo de iniciação na sociedade Ogboni era obrigatório.
Uma vez escolhido o individuo, e considerado suficientemente merecedor para entrar na sociedade, um banho era preparado.
E um novo par de Edans era mergulhado grande recipiente e banhado.

No Brasil

Essas peças do culto Ogboni, que tem como orixá protetor Oxum, podem ter servido como inspiração para outros adereços que se tornaram muito conhecidos na Bahia do século XIX, os balangandãs.
Sabe-se que muitos reis e príncipes africanos vieram como escravos para o Brasil.
Foram eles que trouxeram as coisas mais importantes: a memória e as tradições passadas por gerações, e aqui aquelas peças foram tomando vida.
Era essa vida que sacudia nas cinturas das chamadas mulheres de ganho, negras que saíam com tabuleiros para vender quitutes, precursoras das baianas de acarajé.
Vaidosas, faziam questão de sair sempre bem vestidas e enfeitadas, como é possível perceber na iconografia dos séculos XVIII e XIX com joias que, além da beleza, funcionavam como amuletos.