quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Tambores iorubas

A África já foi um continente onde se vivia bem, um continente criado na tradição "holística" de integrar todos os aspectos da vida, espirituais, políticos e sociais.
Aonde a música e a arte comunicavam-se com o sagrado.
Frequentemente o tambor é usado como símbolo para representar a África.
Tanto nas capas de livros, nos cartazes, e nas páginas da web, como um clichê que rotula tudo o que se refere à noção que temos sobre a cultura africana.
Os estudiosos apontam frequentemente o uso do tambor para referir-se á cultura desse pais.
Alguns criticam que esse uso é indevido, quando está associado a primitivo.
A musica do tambor djembê, originário da Guiné, Senegal e Mali, prevalece no estudo da cultura africana.
Por isso desde os anos 1950, esse tambor tem sido apresentado em escolas e centros comunitários por todo o mundo.
Apesar dessa fama, esse tambor não deveria ser encarado como a voz hegemônica da África ocidental, nem como tradição nem como história.
O djembê é apenas um entre muitos instrumentos de percussão usados no continente africano.
Está associado como a etnia Baga da Guiné, assim como o dundun está associado aos iorubas da Nigéria.
Cada tambor descende de uma rica linhagem africana e obteve renome além de sua cultura de origem.
A musica e a dança sempre tiveram papeis centrais na religião iorubana.
São meios pelos quais o mundo físico dos vivos (aiye) se conecta ao sobrenatural (orun) dos deuses (orixás) e ancestrais (eguns).
Os orikis, poemas de louvor aos orixás, e cantigas, atuam como elemento de precipitação dos sentidos dos fieis abrindo caminho para a energia divina dos Orixás (axé).
Os toques de tambor modelam a cerimônia, sintonizando os Orixás com a assinatura rítmica e a dança característica de cada deus.
Essas são as ferramentas para invocar os Orixás, convite para a festa em sua homenagem.
A maneira de o corpo recitar as preces ao Orixá",
conforme palavras de John Mason.
A musica dos iorubas da Nigéria é conhecida por sua tradição de percussão, em especial pelo tambor dundun, de membrana tensionada sobre corpo em forma de ampulheta, que acompanha as danças com um ritmo do mesmo nome.
São famílias de instrumentos de tamanhos e tensões de membrana variada, conjuntos que acompanham os tambores chamados Ogido.
O tambor que lidera essa família dundun é conhecido por (oniyalu) que usa esse instrumento para "falar" imitando com o seu som a tonalidade da língua ioruba.
A maior parte da musica ioruba é de natureza espiritual, consagrada aos Orixás e sua mitologia.
Grande parte dos tambores iorubas é usada para eventos culturais, e o seu simbolismo agregado, ajuda a vincular os elementos dessa sociedade.
A comunidade religiosa e seus adeptos são ligados a determinados tambores por permitirem a comunicação entre os vivos e seus ancestrais.
A arte é responsável por manter a tradição na cosmologia iorubana, por expressar a preservação cultural e oral por estar sempre recontando a historia.
A relação entre as gerações são muito louvadas da mesma forma como acontece entre os anciãos e os ancestrais.
Os tambores rituais da Nigéria permaneceram distantes e secretos.
Muitos estilos e tipos de tambores iorubas são usados principalmente nos eventos culturais e o seu simbolismo coletivo ajuda a agregar as pessoas da sociedade Ioruba.
Quatro famílias desses tambores são empregadas na execução para expressar os diversos humores e climas.
O Ìgbìn foi o tambor usado através do território ioruba, por seu papel sócio religioso intrínseco diante dos segmentos ritualístico, cívico e de pratica espiritual.
Sem a musica do Ìgbìn, muitos funerais, festivais encantamentos e cerimônias, estariam incompletas e mesmo impossíveis.
A família dundun/gangan é a mais proeminente e por vezes juntam-se cinco percussionistas para combinar os vários componentes e criar as polirritmias.
O conjunto bata é tocado por dois músicos que se alternam entre tons altos e baixos, produzidos pela suavidade dos ritmos agudos do Omele e pelo Iya Ilu de fala alta e o retumbante.
O percussionista principal lidera o conjunto sakara.
A quarta família, usada como a espinha dorsal do conjunto é a Ogido derivada dos antigos tambores Gbedu.
Os instrumentos de musica tradicional são usados durante as cerimonias de nome, casamento, funerais, hospitalidade domestica, por todo território ioruba.
Esses instrumentos são o Iya Ilu tambor falante), sekere (xekerê), bata, agogô e omele (tambor de porte pequeno).