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domingo, 29 de janeiro de 2012

Tohosu, Tohossu ou Tohossou e Tobossi

Na religião Fon, Tohossu é uma classe de Voduns, cujo nome significa "Rei das Águas".
Eles residem em riachos de Abomé, Agbado, Azili, Gudu e Dido.
Seu culto provém da crença de que crianças que nascem com deformações físicas são espíritos das águas encarnados, e o costume mandava que essas crianças fossem devolvidas às águas.
Embora esse costume tenha caído em desuso, ainda hoje alguns desses espíritos são cultuados como voduns,
Em Savalu, região norte de Abomé, país Mahi e atual Benin surgiu a adoração dos tohossu ou tobossi, espíritos dos filhos reais nascidos anormais, chefiados por Zomadônu.
Os Tohossu possuem templos nas regiões:

Fon - Abomei, Zagnanado e arredores
Mahi - Savalu, Dassa-Zumé e arredores) e
Aïzo (Aladá e arredores).

Na Diáspora, o nome de Zomadonu é conhecido tanto no vodu haitiano, como no Candomblé de Nação Jeje, onde é o patrono do terreiro da Casa das Minas, em São Luís Maranhão.
Na Casa das Minas, constitui uma família de divindades, amigos do povo de Davice, que são jeje, mas moram com eles por terem perdido seu território em guerras.
Ali é comemorado no dia primeiro de janeiro.
Por séculos, em todo o mundo, as crianças nascidas em circunstâncias especiais, eram mortas pois eram segregadas e rotuladas como seres de mau agouro, diabos ou que perpetuavam a miséria e o sofrimento de suas famílias, tornando-se assim, um estorvo para seus pais. Eles eram assassinados, conforme estabelecido pelo grupo, para serem poupados de uma vida com olhares fixos e rejeições sociais.
Não havia nenhuma recompensa em sacrificar uma vida familiar cuidando dessas crianças carregadas de circunstâncias tão especiais.
Esta situação também estava presente na cultura daomeana, até que um Vodun especial nomeou Tohossou para encarregar-se de mudar essa situação.
Os Tohossous são congregados de antepassados reais que surgiram durante o reinado do Rei Akaba, o segundo rei do Daomé (1685-1708). Eram conhecidos como "as crianças e o guardião dos três rios", um lugar onde todos os antepassados viviam, e todos que morriam passavam a viver neste sagrado reino subaquático.
Este Tohossou foi considerado muito poderoso e, frequentemente, era chamado para batalhas quando tudo já havia falhado, pois era um vencedor certo com uma rajada de sua poderosa espada.
O Tohossou é agrupado com o "Neusewe" daomeano, grupo da maioria dos mais antigos antepassados, hoje conhecido como "Loko".
A primeira criança nascida com má formação física e a fazer parte desse grupo foi Zomadonu, filho mais velho Acoicinacaba.
Zomadonu é uma divindade das águas e seu nome Fon significa: “não se põe o fogo na boca”.
Ele pertence à categoria dos tohossu, ou seja, um bebê deformado filho de Rei Akabá (1680-1704) do Daomé.
Essas crianças nascidas anormais que originaram o culto aos voduns da família real.
Conta a lenda que Zomadonu, junto de Kpelu, tohossu nascido do Rei Agadjá (1708-1732) e Adomu, tohossu filho de Rei Tegbessu (1732-1775) invadiram Abomé liderando um exército de tohossus matando indiscriminadamente os cidadãos que fugiram apavorados, ficando apenas um homem chamado Abadá Homedovó, que sofria de elefantíase.
A vida do homem foi poupada, graças à amizade que ele tinha com Azaká, um tohossu da cidade de Savalu.
Ele foi curado por Zomadonu, e ensinado por ele nos mistérios para se propiciar a boa vontade dos tohossu reais.
Após isso, o exército dos temíveis pigmeus monstruosos abandona Abomé, entrando no rio.
E com Abadá Homedovó começa o culto dos tohossu reais de Abomé, com Zomadonu sendo o principal deles.
Ele é considerado o guardião do bairro real de Abomé e seu hunkpame principal fica no bairro de Legó.
Zomadonu é quem comanda este poderoso grupo de Trowo (espíritos ancestrais).
Para este grupo eram feitos sacrifícios e honras especiais.
Durante o reinado do rei Glele que se deu a maior perseguição às famílias dessas crianças.
Elas eram sacrificadas a fim de poupar o reinado e suas famílias.
Esses antepassados reais eram, frequentemente, ignorados e negligenciados pelos próprios reis.
Segundo conta a tradição, foram feitas muitas tentativas por esses antepassados para atraírem a atenção dos reis e incentivá-los a render-lhes homenagens.
Entretanto os reis recusavam-se veementemente a fazê-lo, enfurecendo aos antepassados.
Um dia, irritados, desceram na corte real, nos corpos dos adultos fisicamente mal formados e começaram a destruição, a devastação e a exalarem um cheiro forte e desagradável e, acima de tudo, muita confusão e desespero, destruindo a corte e vilas inteiras.
Imediatamente o rei chamou os bokonons de Fa para encontrarem o motivo do problema e como resolve-lo.
Tohossou começou a falar durante a consulta.
Exigiram que todos os reis erguessem um santuário ao Vodun maior, Zomadonu, para prestar-lhe as devidas homenagens.
Além disso, que os Tohossus fossem respeitados na sua condição de deficientes, e elevados à condição de guardiães e protetores.
Por fim propôs às famílias dos portadores de deficiência, que erguessem um pequeno santuário em suas casas, em troca de recompensas e de prosperidade.
Hoje, no Benin e em Togo, as crianças que nascem com má formação física ou deficiência mental têm uma cerimônia especial e, em suas casas, um pequeno altar é consagrado aos Tohossous.
Esse culto tem sido associado recentemente ao nascimento de crianças com deficiências como a Síndrome de Down, paralisia cerebral e outras.
Assim, em vez de trazerem desgraças financeira e emocional às suas famílias, trazem bênçãos.
Aqueles que ficam incapacitados devido à idade, ferimentos ou doenças, também ficam sob a proteção dos Tohossous.