Infinitamente provisório
Vou partir e saio meio quebrado.
Sobrevivi.
Um amor em pedaços.
Com fagulhas espetando como farpas.
O amor é meio lagartixa.
Assim como parte recupera.
Alcança nova vida distante da gente.
Regenera.
Vou partir e não há chance de reconciliação.
Tchau. Adeus. Outros lábios chegarão.
Nunca iguais aos seus.
O amor esquece o antigo quando envolvido em novos braços.
O amor tem a memória da situação.
Partirei.
Termina o nosso mundo e recomeça um novo.
Infinitamente provisório.
Incontestavelmente ilusório.
Da próxima vez
Tentarei não enxergar mais o mundo
Através dos olhos de alguém.
Tchau. Adeus. Outros lábios chegarão.
Refrão de orgasmos.Estribilho de espasmos.
O amor tem a memória da situação.
A paixão tem amnésia da desilusão.
O amor é meio assim, dos outros.
Meio malas prontas. Meio check-in.
Infinitamente provisório.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1974, e reside em Brasília desde 1990. Como escritora, possui poemas e contos publicados na Antologia Cadernos Negros, edições 23, 24, e 25. Graduada como atriz habilitada em Interpretação Teatral pela Universidade de Brasília, sendo a primeira negra a ganhar o título acadêmico.
Página da autora: http://crisobral.sites.uol.com.br/