Arte africana contemporânea
Nascido na aldeia de Ndanda, Distrito de Masai, de pais Yao,
Damian Boniface K. Msagula iniciou a escola primária em Lindi.
O seu pai teve seis filhos e, um dia disse a Msagula que por
ser difícil sustentar toda a família, ele teria que partir e procurar sustento.
"Ele não me disse isto por não gostar de mim. Disse-mo
porque me achava uma criança obediente e disciplinada e que estas qualidades
iriam fazer-me sobreviver no mundo lá fora. Tinha razão.”
Damian Msagula passou algum tempo como músico, organizando
uma série de bandas, a Uhuru Jazz Band, a Black Hammer Boxing Band, e os
Skylarks. “
"Foi-me oferecido um prémio pelo bispo, e as nossas
bandas eram muito famosas em Mtwara e Lindi. Tinha na altura apenas 15
anos."
Damian Msagula teve uma vida muito variada. Muito poucos
tanzanianos poderão gabar-se de ter fundado duas aldeias, Msagula fê-lo: Kwaa
Msisi em Korogwe em meados dos anos 60 e Kwa Raza, perto de Mlandizi. Como
viria a acontecer inúmeras vezes na sua vida, envolveu-se em discussões com a
administração local, e por ser adverso a conflitos, partiu. Ambas as aldeias
ainda existem hoje.
Em 1972 Msagula vendia fruta e vegetais da região de Tanga
nas Morogoro Stores e conheceu os artistas Tingatinga. No ano seguinte, Damian
Msagula juntou-se-lhes e começou a pintar. Uns anos mais tarde deixou o grupo para
trabalhar por sua conta. Em 1974 treinou PETER Martin que tinha trazido com ele
de Tanga. Peter irá depois mudar-se para o Village Museum.
Msagula praticamente não tinha familiares próximos e pouco contato
com o resto da família. Nunca casou ou teve filhos.
Os problemas familiares começaram ainda antes de
Independência. Damian tinha um tipo que era agente da polícia colonial. Quando
o TANU (partido político pró-independência) começou a recrutar membros, Msagula
filiou-se. O seu tio nunca lhe perdoou: “Se for visto contigo, perderei
seguramente o meu trabalho", disse.
Após a Independência, Msagula estava ativo na política
"Ujamaa" de retorno às aldeias, autoconfiança e solidariedade.
Damian Msagula teve a felicidade de fazer amizades duradoras
com algumas pessoas envolvidas no mundo da arte em Dar es Salaam, especialmente
Rifaat Pateev, o Diretor do Centro Cultural Russo. Rifaat foi atraído pela
qualidade e originalidade do trabalho de Msagula. ”De entre todos os artistas
tanzanianos cujo trabalho vi, Damian evidencia-se pela sua
individualidade", disse. Rifaat assumiu a responsabilidade de cuidar de
Damian após o seu enfarte em Novembro de 2003.
As cores na pintura de Damian Msagula estão sempre em
harmonia. Isto era de tal forma importante para si, que houve uma altura em que
produzia as suas próprias cores a partir de raízes e plantas.
Desde o início algo naif, Msagula desenvolveu um estilo
único centrado na aldeia, a raiz de toda a cultura africana, e no respeito
pelos antepassados e os seus espíritos.
Hoje em dia Damian Msagula é uma figura central da arte na
Tanzânia.