São estatuetas com formas humanas ou de animais, recobertas por todo tipo de acessórios.
Produzidas em madeira, e revestidas de uma coloração branca, o caulim, conhecido pelos Bakongo como mpemba.
As de tamanhos maiores são utilizadas em cerimonias coletivas.
Os Nnkisi Nkonde são incrustados com pregos, lâminas e outros elementos de ferro e cobre.
Apresentam uma concavidade na altura do estomago, espécie de relicário, onde são depositados os ingredientes determinados pelo Nganga, o sacerdote.
O pedaço de espelho colocado no ventre tem a função de refletir a imagem de quem fez mal ao consultante, e projetar para essa pessoa, o mal que lhe era destinado.
Possuem também um chocalho pendurado no peito.
Os olhos são de vidro e o braço direito fica levantado e segurando uma faca ou uma pequena lança.
Em algumas destas imagens há restos de roupa e plumas com recipientes onde se guardam substâncias essenciais à ação do amuleto.
O impacto que provoca em qualquer observador e, mais concretamente, aos elementos estranhos a este grupo, responde à função social desta escultura, assustando.
Como outras similares, esta escultura é um elemento dinâmico no seu contexto social.
Os Nnkisi Nkonde tem como função, viabilizar os efeitos pretendidos por um consultante, com o objetivo de atingir um destinatário, a vítima.
Só há um elemento na estrutura social tradicional, com poder para produzir tais efeitos, o Nganga.
Apos selado um compromisso com a divindade crava-se um prego ou alguma lâmina de metal, para ratificar esse ato.
O feiticeiro intervém para despertar o nkonde.
Deste modo o nkonde, guardião da memoria coletiva, castiga ao culpado e protege o inocente.
Esses espíritos livres podem ser forças da natureza ou ancestrais.
Cada casa Bakongo possui seus Nkisi tanto na entrada como dentro, protegendo o lugar contra incêndio ou roubo.
A escolha do objeto no qual o espirito vai residir será feita pelo Nganga.
É ele que tem a habilidade de invocar um espirito livre para ocupar esse objeto, para que sua força seja usada em beneficio de uma pessoa ou de algum propósito.
Os artigos que ele usa para obter esses favores são vários:
Peles de animais, especialmente rabos, chifres de antílope, caramujos, penas e garras de águia, rabos e cabeças de serpentes, pedras, raízes, ervas, ossos de qualquer animal, como gazelas e cobras, dentes e patas de leopardos, e ossos humanos de ancestrais de renome, mas principalmente de inimigos.
Enfim, quase tudo pode ser utilizado, galhos, correntes, contas, ou retalhos de pano.
Não ha um limite para o numero de espíritos e nem para a quantidade de artigos usados para invoca-los.
Todavia esses espíritos podem abandonar os objetos, e não é sempre que os fetiches possuem poderes extraordinários.
Esses objetos são esfregados com uma mistura de várias substâncias, pelo nganga, escolhidas de acordo com a intenção do fetiche.
O seu valor não depende somente da imagem, nem das substancia, mas da habilidade do nganga em lidar com os espíritos.
Além disso, ha uma relação entre as substâncias escolhidas e os objetos usados para realizar o fetiche.
Deste modo:
Para trazer força, escolhem alguma parte de um leopardo ou elefante.
Para trazer destreza, alguma parte de uma gazela.
Para trazer sabedoria, alguma parte do cérebro humano.
Para coragem alguma parte do coração.
Para trazer autoridade, alguma parte dos olhos.
As imagens mais recentes, normalmente são cravadas com pregos.
A ausência de qualquer referência aos pregos nas descrições anteriores ao séc. XIX levou os investigadores a supor que a sua utilização se deve à grande influência Europeia nestas regiões de África.
Fetiche é um conceito difundido pelas missões coloniais.
Era usado para designar objetos de formas ou materiais variados e aparentemente desconexos aos quais os africanos atribuíam força e poderes.
É tido também como um objeto no qual se inserem ou sobrepõem materiais considerados mágico-religiosos ou simbólicos.
A palavra fetiche vem do francês coisa feita, e foi incorporada ao português.
Vem daí também o termo feitiço.
Nkisi é a palavra presente em inúmeras línguas bantos para designar uma energia, um espírito, ou um objeto dotado de uma força ativa e transformadora.
Por isso, é confundido com fetiche.
Daí, um de seus significados na África: medicamento.
No Brasil, a palavra derivada inquice designa o nome genérico das divindades do candomblé banto ou de angola, correspondendo ao termo orixá do candomblé nagô.