A semelhança do nome com o Samba não é meramente ortográfica.
Existe no Semba o mesmo compasso presente no bom Samba além da presença da cuíca que também os assemelha.
A expressão Samba a forma verbal de alguns dialetos africanos, cujo significado é rezar.
Para os Bacongos , povos do norte de Angola, Semba é o imperativo do verbo Cusamba.
E para os Kimbundos, povos da região centro-oeste de Angola, é o infinito desse verbo.
O verbo Sambar é uma das tentativas de aportuguesar os dialetos africanos.
Para os angolanos, o Ekamba é o nome da dança que conhecemos como Samba.
É uma musica que pode comunicar tanto a agonia como a felicidade.
Caracteriza-se por um movimento conhecido entre os Bacongos como Mityengo, o movimento que se faz durante o ato conjugal, que consiste no rebolar dos quadris.
É característico das danças dos países da África Central.
No Ekamba esses gestos são feitos com tanta perfeição e ardência que se tornam profundamente excitantes.
Quando o assunto é falar com Deus , o Bantos fazem uma roda em baixo de um Njiango, sombra artificial, onde seus tambores soam o ritmo Kitolo (lamento).
Suas mulheres fazem o Ekamba, sacudindo os quadris e o corpo todo como se tirassem a poeira do corpo e os piolhos das cabeças.
Para os Bantos, não é concebível estar sentado ou de joelhos durante a oração, e sim dançando. se é que os movimentos rituais possam ser considerados unicamente dança.
Este conceito de Oração Dançada, não foi apagado pelos colonizadores, e permanece ate hoje entre as culturas Banto.
Durante a colonização é provável que os senhores vendo seus escravos rezar tenham se perguntado, o que eles estavam fazendo.
E como que estes não podiam se envergonhar do ato de falar com Deus (Nzambi) certamente teriam afirmado que estavam rezando, portanto Sambando.
Para o colonizador, a expressão Samba sem sombras de dúvidas só significava dançar, visto que estes faziam o Ekamba.
Para qualquer ocidental da época tais gestos não passavam de uma manifestação animalesca, já que os europeus não os consideravam possuidores de alguma cultura.
Ainda hoje, uma das províncias de Angola, Uige, habitada pelos Bacongos, conserva uma tradição milenar:
Quando se perde um ente querido, os parentes e amigos reúnem-se em volta do cadáver, fazendo soar o ritmo Kitolo que significa:
Depois de algum tempo a lama vira poeira.
Kitolo é considerado o estilo característico dos Bacongo, povo do antigo reino do Congo, ritmo tocado tanto para demonstrar tristeza, quanto para acompanhar preces, lamentações e sátiras.
É muito tocado nos velórios ao norte de Angola.
Nessas ocasiões as pessoas começam a Sambar (Orar) para que Deus cuide do ente querido.
Normalmente começam a dançar ao pôr-do-sol, e terminam ao amanhecer, momento em que sepultam o cadáver.
Os movimentos e até mesmo os ritmos assemelham-se ao Samba brasileiro, diferenciando-se apenas na expressão triste dos rostos.
Os Bacongo cobrem-se de panos e choram.
Hoje o Samba é a nossa identidade, e ao contrario da mulher angolana, a brasileira descobre-se para dançar e alegrar-se.
Atualmente não se pode falar do Semba sem que se fale do cota Bonga (irmão Bonga), músico angolano exilado em Portugal, cujo ritmo inebria os lusitanos, evocando o Samba brasileiro e a Rumba cubana.
A palavra Semba significa umbigada.
O cantor angolano Carlos Burity defende que a estrutura mais antiga do semba situa-se na Massemba (umbigada), uma dança angolana do interior caracterizada por movimentos que implicam o encontro do corpo do homem com o da mulher:
O rapaz segura a moça pela cintura e puxando-a para si ate que os corpos se encontrem.
Jomo, outro musico angolano, explica que o atual Semba (gênero musical), é resultado de um de fusão da guitarra com segmentos rítmicos diversos, calcados na percussão, o elemento base das culturas africanas.
Carlos Burity, artista angolano que iniciou a sua carreira na década de 70 define o estilo de música que canta da seguinte forma:
O Semba Semba é canto de avenida
É chuva de primavera
Semba é morte Semba é vida
O Semba Semba é o meu choro dolente
Olhar nossa vida de frente
Semba é suor Semba é gente
O canto do Semba o canto do Semba ele é nobre
O canto do Semba ele é rico o canto do Semba ele é pobre
O canto do Semba ele é rico o canto do Semba ele é pobre
O Semba no morro Semba no morro é fogueira
O Semba que traz liberdade o Semba da nossa bandeira
O Semba que traz liberdade o Semba da nossa bandeira
O Semba, Semba é kanuco de rua
Na escola da vida ele cresce de tanto apanhar se habitua
Na escola da vida ele cresce de tanto apanhar se habitua
A voz do meu Semba a voz do meu Semba urbano
É a voz que me faz suportar o orgulho em ser Angolano
É a voz que me faz suportar o orgulho em ser Angolano
Alguns nomes marcantes do semba são, Dom Caetano, Lurdes Van-Dúnem, Paulo Flores e Eduardo Paím, entre outros.
O Semba é um dos estilos mais populares em Angola.
O Samba
Oficialmente o primeiro Samba brasileiro foi gravado em 1917 com o título de "Pelo Telefone" e sob a autoria do músico carioca Donga.
A origem da palavra Samba, contudo, parece ser mais remota.
Seria, provavelmente, uma derivação do quimbundo Semba, que significa umbigada, ou do umbundo Samba que significa estar animado ou estar excitado.
Há também quem afirme que a palavra tenha sua ligação com a língua luba e com outras línguas bantas, nas quais samba significa pular ou saltar com alegria. O que prova que o Samba é bem anterior à música de Donga.
Há uma quadrinha de frei Miguel do Sacramento Lopes Gama, publicada no dia 12 de novembro de 1842, no número 64 da revista "Carapuceiro", de Pernambuco, de grande importância histórica:
Aqui pelo nosso mato,
Qu'estava então mui tatamba,
Não se sabia outra coisa
Senão a Dança do Samba.
O mais curioso é que essa não é a primeira aparição da palavra samba na tal "Carapuceiro".
Em 3 de fevereiro de 1838, o mesmo frei Miguel escreveu um texto contra certo "samba d'almocreve".
O que se deduz disso é que certamente "Pelo Telefone" não é o primeiro samba, ou melhor, que o samba já estava na praça muitos anos antes de sua primeira gravação.
Tipos de Samba
A partir do semba que os viajantes portugueses descobriram no século 18 em Angola e no Congo, o etnólogo Câmara Cascudo descobriu três tipos de dança que continham a base do ritmo que originou os sambas brasileiros.
Essas danças são: a dança da umbigada, a de pares e a de roda.
Essa música e essas danças foram trazidas para o Brasil pelos escravos e desenvolveram-se em uma área que vai desde o Maranhão até São Paulo.
Receberam, em cada Estado brasileiro, um nome diferente e um jeito diferente de ser tocadas.
Dos nomes e das ramificações desse ritmo africano temos hoje:
o tambor de crioula no Maranhão;
o bambelô no Rio Grande do Norte;
o coco, o milindo, o Piaui e o samba no Ceará e na Paraíba;
o coco de parelha trocada,
o coco solto,
o troca parelha ou coco trocado,
o virado e o coco em fileira em Pernambuco;
o samba de roda e o batebaú na Bahia;
o jongo,
o samba-lenço,
o samba-rural e o samba de roda em São Paulo;
o caxambú, o jongo, o samba e o partido alto no Rio.
Portanto, é certo afirmarmos que o samba pode ser visto hoje como um ritmo que engloba vários outros, já que suas ramificações não param de crescer.
Por exemplo, o Pagode, ritmo que surgiu nas mídias entre as décadas de 70 e 80 é uma dessas novas manifestações advindas do samba.
O Samba é basicamente uma construção musical feita com um compasso binário e um ritmo sincopado.
É sobre esta forma básica que todos os tipos de Samba existentes hoje se formulam.