Ha pouca coisa na África de custo moderado, ou paga-se muito
barato ou muito caro.
O valor das contas varia nesse patamar.
Ha quem pague por um simples colar de sementes coloridas ou
a uma pepita de vidro da Caldeia de 3000 anos de idade.
Um visitante na África depara-se com toda sorte de contas,
desde as de um rosário muçulmano, àquelas usadas por mulheres Masai no Quênia e
na Tanzânia, em seus colares elaborados.
Elas estão presentes tanto nas vestimentas tribais Ndebele sul-africanas
quanto nos ricos trajes dos reis nigerianos.
Encontram-se por toda África, desde os mercados marroquinos
às feiras do Senegal.
As contas são um meio de vida para os africanos.
Os colecionadores dividem as contas de vidro e argila em
dois períodos:
Antes e após a chegada dos europeus na África
Early African Beads - Contas antigas - período
pré-descoberta
Na era pré-cristã as contas eram frequentes no Egito, sendo
a mais comum aquela feita de faiança, usando-se o pó de quartzo, um precursor
do vidro, associado ao cobre, adquirindo tonalidades verdes ou azuladas.
Essas peças podem ser vistas em museus, nas coleções egípcias
de faraós.
A joalheria era uma faceta muito importante na indumentária
desse povo, de reis a súditos.
Ate mesmo animais de estimação eram adornados.
Os materiais variavam de vidro e ouro a pedras
semi-preciosas e conchas.
Mas a joalheria não era apenas um adorno.
Pingentes de ouro eram usados como insígnias para denotar a
classe alta.
Os búzios eram usados como talismãs para aumentar a
fertilidade.
Amuletos enfeitados de contas protegiam contra os maus
espíritos e detinham poderes curativos.
As joias eram elementos essenciais para acompanhar os mortos
em suas viagens para o outro mundo.
O ouro era abundante na Nubia, e as minas do Sinai forneciam
pedras preciosas.
Encontravam-se contas em todo oriente médio.
Acredita-se que foram os fenícios que introduziram essas
joias trazidas dos sumérios, assírios, e persas, para o Egito ate a costa do
Madagascar.
Atualmente é muito difícil encontrar faiança antiga, apesar
de ainda descobrir tumbas de faraós, contendo essa belíssima joalheria.
A faiança persa aparece de vez em quando nos antigos baús
esquecidos nos depósitos de bazares norte africanos.
Essas peças ainda se vendem, pois nem sempre os comerciantes
tem noção de seu real valor.
Bem mais comuns que as anteriores, são os "olhos
romanos" datando de 1000 AC a 500 DC.
Apesar de serem peças de troca usadas pelos romanos essas
contas provavelmente tinham origens sírias ou bizantinas.
Alguns estudiosos argumentam que são originarias da África subsaariana
cujo processo de produção perdeu-se no tempo.
O centro de antigas "contas de olho" é a cidade
medieval de Djenne no Mali.
Algumas dessas contas encontram-se em ótimas condições,
mesmo estando enterradas nas areias do deserto por volta de dois milênios.
Mesmo sendo um dos povos mais pobres do continente africano
os malineses entendem bem o significado e o valor dessas peças.
Eles garimpam meticulosamente o deserto encontrando uma a
uma, para vendê-las aos mercadores em Mopti, que reúnem fios com dúzias de
contas para vendê-las aos colecionadores.
Muitas vezes os comerciantes misturam outras pedras nesses
fios, que são bastante valiosas.
Muitas são de amazonita, quartzo entalhado e faiança de
Fustat (provavelmente vindas do Cairo medieval).
African Trade Beads - Contas de troca ou escambo - período pós-descoberta
Introduzidas por mercadores árabes como moeda de troca para
comprar marfim, peles de animais, e outros exotismos, durante o longo período
de explorações e de colonização.
São de longe as mais populares na África.
Tem variedades formas e tamanhos infinitos e feitos
geralmente de vidro ou cerâmica.
As mais famosas dentre elas são a millefiore (mil flores) e
a Chevron (feita em de varias camadas).
São estilos venezianos copiados por europeus, incluindo
holandeses e artesãos da Europa oriental.
Essas contas foram muito usadas como pagamento por ouro, sal
e escravos, entre 1500 a 1900, na África ocidental e do norte.
Os africanos aprenderam rapidamente as técnicas de produção
dessas contas europeias e iniciaram sua própria indústria.
Atualmente são produzidas em vilarejos cuja população
dedica-se inteiramente a esse artesanato.
As mais interessantes são as Kiffa produzidas na Mauritânia,
as de vidro pelos Krobo de Gana, e as de vidro Bida, nigerianas.