segunda-feira, 5 de março de 2012

Escola primaria em Gando, Burkina Faso


Arquitetura na África

Essa escola é o resultado do empenho de um homem para melhorar as condições de vida de sua cidade.
Além de levantar fundos para a construção de uma escola primária, foi ele quem executou o projeto.
Com o apoio do governo, a população local foi treinada para construir em mutirão com os materiais disponíveis na região.
Burkina Faso possui 13 milhões de habitantes com menos de 14 anos.
Só 44 % das crianças frequentam a escola.
É um dos estados mais pobres do mundo.
O povoado de Gando dispõe de uma forte tradição de solidariedade engajando para esse projeto todo o vilarejo para dotar a população de uma escola para suas crianças.

O projeto

As condições climáticas foram determinantes no projeto e na escolha dos materiais.
São três salas de aulas dispostas linearmente com vazios cobertos para o ensino e lazer.
A estrutura é constituída de paredes auto portantes feitas de blocos de terra armada.
Vigas de concreto correm por sobre as paredes em toda a extensão.
Sobre as vigas barras metálicas para sustentar a cobertura.
O conforto térmico é garantido pelo telhado de metal, que sombreia as fachadas e permite a circulação de ar sobre as salas.
As paredes e o forro feitas de blocos de terra comprimida, também ajudam na obtenção de uma temperatura moderada.
A escolha do telhado foi baseada na viabilidade pratica e econômica, pela dificuldade de transportar materiais de locais distantes e pela inviabilidade de trazer recursos como guindastes ou gruas para o canteiro de obra.
O arquiteto imaginou um projeto construtivo leve e fácil de executar.
Usando apenas ferramentas simples como serrote e maquina de soldar.
O edifício que fora projetado para 150 alunos, alberga 350 e estão mais 150 em lista de espera para uma vaga.

O arquiteto

Diébedo Francis Kéré foi o primeiro habitante desse vilarejo a sair do país para estudar.
Ao retornar trouxe consigo a crença de que a educação é a chave do desenvolvimento.
O projeto desta escola recebeu o premio Aga Khan devido ao fato de criar condições apropriadas num ambiente hostil, usando os recursos disponíveis, de maneira simples e efetiva.
Um projeto que mobilizou os aldeãos e até mulheres e crianças receberam formação e trabalhram com afinco na obra.
O valor do prémio (400 mil dólares) atribuído pela Aga Khan Development Network por este projeto vai financiar o projeto e a construção da área de professores adjacente.
Diébédo nasceu em Gando e é filho do chefe local da aldeia.
Aos sete anos teve de abandonar a terra natal para poder frequentar a escola.
Mais tarde, licenciou-se em arquitetura numa universidade de Berlim, cidade onde ainda vive. Porém à distância não o separou das suas raízes, e consciente de que o saber e os contatos adquiridos poderiam contribuir para o desenvolvimento do seu país pôs mãos á obra.

O premio Aga Khan de  Arquitetura

O Prémio Aga Khan para a arquitetura foi instituído em 1977 pelo Aga Khan para «identificar e encorajar conceitos de construção que sejam bem sucedidos na resposta às necessidades e aspirações das sociedades muçulmanas».
Estabelecida pelo Aga Khan em 1977, a premiação procura identificar e estimular projetos de edifícios que preenchem necessidades e aspirações das sociedades islâmicas. Os trabalhos devem ser contemporâneos, novos, ou de restauração e reutilização, mas sempre para programas sociais de melhoria e desenvolvimento das comunidades. O prêmio visa também projetos paisagísticos e de preservação do meio ambiente. Um comitê fixo composto por profissionais reconhecidos internacionalmente como Frank Gehry e Kenneth Frampton (Estados Unidos), Charles Correa (Índia), Luis Monreal (Espanha), Zaha Hadid (Reino Unido) e Selama al-Radi, entre historiadores, arqueólogos, professores de história e religião, escolhem um júri independente que faz a seleção de cada edição trienal.

Burkina Faso

O Burkina Faso (ou Burkina Fasso, por vezes aportuguesado como Burquina Faso ou Burquina Fasso), antigo Alto Volta, é um país africano limitado a oeste e a norte pelo Mali, a leste pelo Níger, e a sul pelo Benin, pelo Togo, por Gana e pela Costa do Marfim. Sua capital é a cidade de Uagadugu.
Com alta densidade demográfica e uma renda per capita inferior a US$ 300, é um dos países mais pobres do mundo, mais de 80% da população do país depende da agricultura de subsistência, altamente vulnerável à escassez de chuvas.
Possui o terceiro pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo.
As indústrias virtualmente inexistem.