Organização Militar
Ao mencionarmos
anteriormente o numero de homens nos exércitos de Gana e Songhai, mostramos apenas o tamanho
das forças imperiais. Faz-se necessário analisar a estrutura desses exércitos,
seus componentes, armas, estratégias, e ainda suas táticas.
Cavalheiros
Os príncipes da África negra podiam permitir-se trajar
parcial ou completamente de armaduras parecidas com aquelas dos cavalheiros da
idade média. Após sua ascensão como Askia El Hadj em 1584, o kormina-fari El
Hadj começou uma revolta com a intenção de agarrar o poder. Mas ele não foi bem sucedido: o Askia, que havia sido bem informado, o fez despir o seu bubu
(vestimenta) esvoaçante sob o qual usava uma cota de malha (couraça). Quando
balama Mohammed es-Sadek revoltou-se contra o Askia Mohammed Bano e em 1588
tentou marchar ate kaoga, o Askia, que veio desafiá-lo em batalha, usou uma
armadura de ferro sobre o peito. Devido ao calor intenso e a estatura
corpulenta do rei, ele tirou a armadura e morreu em combate.
Os balamas rebelados usaram um capacete de ferro. Quando
Omar-Kato, atirou um Javelin (lança) contra uma cabeça, a lança ricocheteou
para fora do capacete.
Mulay Ahmed, outro sultão do Marrocos, reivindicou novamente
as minas de Teghezza feita por um de seu predecessor, provocando uma reação
violenta do Askia Ishâq II. Num sinal de desafio e demonstração de força,
enviou-lhe uma carta ofensiva, algumas lanças (javelins) e duas botas de ferro.
A armadura completa dos cavalheiros estava então em uso,
como pudemos verificar: a cota de malha e o peitoral de ferro, capacete, boras,
lanças e tudo o mais. Os príncipes africanos de Songhai estavam armados como
cavalheiros. Essa prática não era evidentemente tão disseminada como na Europa,
não apenas devido ao clima, como no caso do Askia bano, que morreu sufocado. O
explorador Barth viu esses cavalheiros no reino de Bornu em tempos mais
recentes, por volta de 1850. É provável que essas armaduras viessem da Europa,
bem como alguns tecidos; mas não existem documentos para prová-lo. Elas devem
ter chegado à África através da Espanha. Podemos pressupor que os ferreiros
africanos fizessem réplicas desses modelos, melhor adaptáveis ao clima, podendo
ser usadas por dentro ou por fora das roupas. O uso da armadura de ferro foi
comum no Benim; os súditos foram retratados nas placas de bronze que enfeitavam
o palácio, usando armaduras.
O livro e o autor - Veja no link abaixo: