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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Vítimas da tortura - Um desastre para a humanidade - A colonização belga - As Colônias Africanas


Mãos decepadas
A colonização belga - As Colônias Africanas

Os vilarejos que não conseguiam cumprir as cotas de coleta de borracha eram obrigados a pagar o montante que faltava com mãos decepadas do corpo dos trabalhadores, como prova de sacrifício e morte.
Algumas vezes mãos eram recolhidas pelos soldados da Força Pública, e outras pelos próprios habitantes dos vilarejos.
Havia até ataques de vilarejos vizinhos, com a finalidade de coletar mãos decepadas, para que não fossem obrigados a pagar com as próprias quando não conseguiam cumprir as quotas de fornecimento de borracha.
Um oficial branco, de baixo escalão, descreveu o ataque de surpresa a um vilarejo que havia protestado.
O oficial no comando “ordenou cortarmos as cabeças dos homens e pendura-las sobre a paliçada do vilarejo... e pendurar as mulheres e crianças em forma de cruz..”.
Depois de ver uma pessoa sendo assassinada pela primeira vez, um missionário dinamarquês escreveu: “O soldado disse “Não se impressione”. Eles iriam nos matar se não trouxéssemos a borracha. O comissário prometeu-nos que se trouxéssemos muitas mãos decepadas ele diminuiria nosso serviço.”.
Nas palavras de Forbath:
Os cestos com mãos decepadas, depositadas aos pés dos chefes dos postos europeus, tornaram-se um símbolo do Estado Independente do Congo...
Colecionar mãos acabou tornando-se uma finalidade.
Os soldados da Force Publique começaram a entregar esses cestos em lugar de borracha, e mesmo ainda saindo em busca de mãos ao invés de borracha...
Mãos decepadas acabaram tornando-se uma espécie de moeda.
Começaram a ser utilizadas para compensar o déficit nas cotas de borracha... para substituir as pessoas que eram enviadas para os grupos de trabalhos forçados; e a Force Publique pagava os bônus para os seus soldados na base de quantas mãos eles haviam coletado.
Teoricamente, cada mão direita era a prova de um assassinato.
Na prática, os soldados “trapaceavam” simplesmente cortando as mãos das vítimas e deixando-as morrer ou viver.
Grande parte daqueles que sobreviveram contaram mais tarde que tiveram que aguentar a dor do massacre de ter suas mãos cortadas, fingindo-se de mortos, sem poder se mexer até que os soldados fossem embora para pedir socorro.

Algumas vezes os soldados podiam encurtar seu tempo de serviço pela quantidade maior de mãos que apresentava, o que acabou levando a uma mutilação e desmembramento generalizados.