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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Fongbe - o idioma Fon

Fon-Gbe ou Fon é o nome da língua falada pelo povo da etnia fon. Gbe significa "linguagem".
O Benim tem umas cinquenta línguas tradicionais onde o Fon é a predominante no sudoeste do pais não sendo usada nas outras partes, como nas fronteiras do Togo e da Nigéria.
No Benim o francês é a língua oficial, sem a qual não seria possível a comunicação entre os diversos grupos.
Num pais pequeno como esse onde ha tanta diversidade étnica, o idioma muda praticamente a cada a cada 50 km, conforme se muda de vilarejo.
Não ha língua tradicional escrita no Benim, a que existe atualmente foi trazida pelos europeus.
Os franceses que colonizaram o pais estabeleceram suas escolas e o sistema educacional vigente ate os dias de hoje.
Como consequência, a maior parte das escolas ensina apenas a língua francesa ao invés das línguas locais, resultando no esquecimento das línguas tradicionais, faladas pelos diferentes grupos como língua mãe.
O Fon e as demais línguas foram transcritas utilizando o alfabeto romano, primeiramente pelos europeus e posteriormente pelos estudiosos beninenses.
Devido ao sistema educacional ser em francês, poucos sabem ler o Fon, mas todas as pessoas dessa etnia sabem falar.

A origem da palavra Jeje

Essa palavra vem da expressão ioruba "Adjeje" que significa estrangeiro, forasteiro.
Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje em termos políticos.
O que se chama nação Jeje é o termo usado pelo povo do Candomblé para designar a influencia Fon trazida pelos escravos que vieram do Daomé.
Jeje era uma palavra pejorativa que os iorubas usavam para designar as pessoas que vinham do leste.
Os Manis do oeste e os Savalus ou Saluvás do sul não tinham esse apelido.
O termo Saluvá ou Savalu, vem de "Savé", local onde se cultuava a divindade Nanã, mãe dos Baribás, uma antiga dinastia originada de um filho de Odudua, que é o fundador de Savé.
Esse fato demonstra a relação existente entre os Fon e os iorubas.

Origem da palavra Daomé

A palavra Dahomey tem dois significados:
Um está relacionado com certo Rei Ramilé que se transformava em serpente e morreu na terra de Dan.
Dai vem o termo "Dan Imé" ou "Dahomey", aquele que morreu na Terra da Serpente.
De acordo com as pesquisas históricas, o trono desse rei era sustentado por duas serpentes feitas de cobre, cujas cabeças formavam os pés do trono.
Esse seria um dos significados, Dan a serpente sagrada e Homé, a terra de Dan, portanto Daomé é a terra da serpente sagrada.
Segundo as crenças esse culto a serpente veio do antigo Egito.

Dialetos falados

Os povos Jejes-Fon eram constituídos por várias tribos e línguas, como os Axantis, Gans, Agonis, Popós, Crus, etc.
Portanto, haveria dezenas de idiomas para uma só tribo, o que esbarra evidentemente nas regras da linguística - muitas tribos falando diversos idiomas, dialetos e cultuando os mesmos Vodus.
Diferenças como essas que vieram por exemplo dos Minas- Gans ou Agonis, Popós que falavam a língua dos Tabosses, criando-se uma grande confusão.

A influência das palavras Jeje na cultura Afro-brasileira

A cultura Jeje vinda do antigo Dahomey, que antes da invasão colonial, abrangia o Togo e fazia fronteira com Gana é, sem duvida, uma das maiores contribuições culturais deixadas pelos negros Fon no Brasil.
Esses povos Adjejes, como eram chamados pelos iorubas, estabeleceram suas raízes e seus fundamentos nos seguintes lugares: Cachoeira de São Felix, na Bahia, Recife, e São Luiz do Maranhão.
Durante um longo período essa cultura sofreu influências do ioruba, e essa mistura passou a ser conhecida como Jeje-nagô.
Essa mistura veio principalmente dos iorubas com as tribos jejes, dentre as quais se destacaram as tribos Gan, Fanti, Axanti, Mina e Mahin (Marrin).
Essa ultima, os Manis ou Mahin, tiveram maiores influencias sobre as demais.
Esses negros falavam o dialeto Ewe (existente atualmente no Togo) e que acabou por ter grande influência sobre as culturas iorubas e bantas, no Brasil, faladas pelo povo de santo.
Como exemplos disso aqui estão alguns termos usados no candomblé para designar um barco de yawos (pessoas que se iniciam junto):
Dofono, Dofonitin, Fomo, Fomutin, Gamu, Gamutin e Vimu, Vimutin.
Outras palavras Jeje foram incorporadas não somente na cultura afro-brasileira como também em nosso cotidiano, como por exemplo:
Acaçá – faca; cujo original Ewe escrevia-se com K em lugar de C.
Outra palavra foi "tijolo" que em Ewe é Tijoló.

Eis algumas palavras do dialeto Ewe

Esin = agua
Atinçá = árvore
Agrusa = porco
Kpo = pote
Zo ou izó = fogo
Avun = cria
Nivu = bezerro
Bakuxé = prato de barro
Yan = fio de contas
Vodún-se = filho do vodun ou iniciados da nação Jeje
Yawo = filho do vodun ou iniciados da nação Keto
Muzenza = filho do vodun ou iniciados da nação Angola
Tó = banho