O Togo possui um padrão cultural integrado e complexo, resultado de uma fusão de trinta e sete etnias diferentes. Entre elas, o Ewe é a influência principal. As outros principais contribuições são o Mina e o Kabre. Não é para menos que o Togo possua tantas práticas tradicionais quanto línguas.
Os povos Ewes vivem no sudeste de Gana, sul do Benin e na metade sul do Togo. Falam diversos dialetos Ewes, uma língua do ramo Kwa da família Níger-Congo. Estão relacionados com os povos de línguas Gbe como o Fon e Aja do Togo e Benim. O Ewe (nome nativo: Evegbe) é uma língua Kwa falada em Gana e Togo por cerca de três milhões de pessoas. Faz parte de um conjunto de línguas relacionadas entre si chamado Gbe, faladas numa faixa que se estende do leste de Gana a oeste da Nigéria. As outras línguas Gbe compreendem o Fon e Aja. Tal qual as outras línguas Gbe, o Ewe é uma língua tonal.
Sua pátria original é Oyó, a oeste da Nigéria, local que já que foi um grande Reino Ioruba.
O Ewe é um povo essencialmente patrilinear, onde o fundador da comunidade torna-se o chefe sendo geralmente sucedido por seus parentes paternos. Sua religião concentra-se ao redor de uma divindade criadora, Mawu.
Os Ewes mudaram-se para a região do atual Togo, vindos do Vale do Rio Níger durante os séculos XII e XIV. Nos séculos XV e XVI, os comerciantes e exploradores portugueses visitaram a costa. Nos 200 anos seguintes, a região costeira tornou-se um importante polo para os europeus em busca de escravos, o que levou o Togo e a toda essa região ser conhecida pelo nome de "a Costa dos escravos".
Em 1884 foi assinado um Tratado em Togoville, declarando-o um trecho do território ao longo da Costa um protetorado alemão e que foi gradualmente estendido para o interior. Em 1914, a Togolândia alemã foi invadida por forças francesas e britânicas e caindo após uma breve resistência. Após a guerra a Togolândia tornou-se um mandato da Liga das Nações sendo dividido para fins administrativos entre a França e o Reino Unido.
Após a II Guerra Mundial, o mandato tornou-se um território sob a tutela das Nações Unidas administrado pelo Reino Unido e pela França. Em 1957, os habitantes da Togolândia britânica votaram para unir-se a costa de ouro e fazer parte de Gana. Pelo estatuto em 1955, o s Togo francês tornou-se uma República autônoma dentro da União francesa.
Crenças religiosas.
Vários Vodus (Fon) e Tros (Ewe) constituem a base da religião Fon e Ewe. De acordo com numerosos informantes, há uma crença num Deus superior. Os Ewes podem dizer que Mawu é o criador, semelhante ao Deus cristão, ou, para alguns, é a força difusora da vida no universo. Para ainda outros, Mawu é o "mãe/pai" de todos os Trowo (espíritos poderosos ou deuses). Entre os Anlo Ewes, Nyigbla, a divindade da floresta sagrada é muito importante, assim como o Panteão inteiro dos espíritos de Yehve, incluindo Heviesso, Deus do trovão e relâmpagos e Avle, uma deusa que personifica, por vezes os homens. Gu ou Egu, o Deus do ferro, guerreiro e caçador, é um personagem central entre todos os grupos Ewe e Fon.
Há uma série de outras categorias Tro e Vodu, compreendendo os Gorovodus, que são populares entre as etnias Fon, em Gana, Togo e Benim. Mama Tchamba, é uma delas e envolve a adoração dos espíritos de escravos trazidos do norte com os quais os Ewes haviam possuido e casado. A individualidade de cada ser está envolvida com essas divindades superiores e espíritos.
Eles também são protetores, curandeiros, juízes e atores consagrados. Todos as categorias de Vodu e Tro trabalham de mãos dadas com Afa (ou Fa) deus da adivinhação, num quadro interpretativo complexo dentro do qual cada pessoa possui um sinal de vida (kpoli), dentro de um conjunto de 256. Cada signo está conectado a um conjunto de plantas e animais, histórias e cantigas, tabus alimentares, Vodus, forças e perigos, todos associados entre si, bem como ao clã.
Eventos, projetos, atividades e relacionamentos também possuem seus próprios signos de Afa. Tudo no universo está relacionado aos textos e temas de Afa, como se a própria natureza fosse dividida em clãs exogâmicos.
Praticas Religiosas.
Sacerdotes de Vodu e Tro são geralmente homens, mas as mulheres podem se tornar sacerdotisas depois da menopausa. A grande maioria dos médiuns ou "esposas" dos Vodus são mulheres. Os sacerdotes, sacerdotisas e "esposas" das divindades Yehve (Sosi, Avlesi, Dasi, etc.) não costumam entrar em transe. Os adivinhos de Afa quase sempre são homens, embora sabe-se que uma mulher pode tornar-se uma adivinha se quiser.
Cerimônias.
As cerimônias de Vodu e Tro são performances convincentes tanto para aqueles que frequentam quanto para os de fora. Os fieis podem entrar em transe que ao dançar e a ao ouvir o toque dos tambores. Os espíritos podem trazer mensagens para a comunidade através de suas "esposas", podendo tomar parte no julgamento de conflitos e na cura dos enfermos. Acima de tudo, são deuses que dançam, de acordo com as convenções estéticas de longa tradição.
Os tambores garantem sempre um texto ou contexto para o movimento, compreendendo a instrução e a associação narrativa. As cerimônias são eventos durante os quais as associações simbólicas são reforçadas, onde a identidade individual coletiva é estabelecida, aspectos da identidade e poder são rememorados e redistribuídos, a cura e a prevenção se realizam, e, acima de tudo, o temor, o êxtase e a reverencia são engendrados. As cerimônias são sempre oferendas aos deuses. A adivinhação de Afa envolve vários rituais complicados com base num sistema binário de perguntas, respostas e permutações dos 256 sinais de vida associados a coleções de textos orais.
Artes.
Alguns Ewes especializaram-se na valorizada tecelagem do tecido Kente (semelhante a dos Axantis), usado durante ocasiões importantes. A tecelagem é feita exclusivamente por homens em pequenos teares que produzem tiras de pano colorido para ser costuradas de modo a formar um grande pano de 76 x 152 centímetros de largura por 4,5 metros de comprimento. Existem inúmeras combinações de cores e padrões que detêm grande significado para os usuários.
Tanto os Ewes quanto Fons ainda entalham as figuras de madeira bocio para as práticas espirituais, bem como estátuas Legba (deidades) e outros objetos sagrados do Vodu. Os Legbas de barro também são comuns. Alguns objetos divinizados, de formas inteiramente abstratas são concebidos tal qual uma assemblagem (colagem-escultura) com numerosos elementos, compreendendo búzios, chifres de bode, caudas de vaca, garras de pássaros, sinos de ferro e raízes das árvores, todos eles colados entre si com barro vermelho e lustrosos devido às oferendas de animais sacrificados.
Tambores de vários tipos são construídos para cerimônias específicas. Os trajes de vodu usados para a posse do espírito costumam ser ricamente adornados com búzios aplicados para formar vários padrões. Todos os objetos necessários para a adivinhação Afa (Ewe) ou Fa (Fon) também são manufaturados com muito esmero e elaboração. Por esse motivo atraem a atenção dos europeus que compram esses objetos como arte. As banquetas também são objetos considerados importantes pelas linhagens Ewe e Fon.São entalhados frequentemente com detalhes narrativos para que seu significado simbólico permaneça inscrito para as futuras gerações poderem apreciar.
Morte e vida após a morte.
Após a morte, alguns aspectos da pessoa são perdidos para sempre na sua forma individualizada, enquanto que outros aspectos como o djoto, ou seja, a reencarnação da alma, que voltarão no próximo filho que nascer na família.
O Luvo ou alma do morto pode durar por algum tempo após a morte, assemelhando-se a pessoa em vida e assustando os entes queridos com solicitações de atenção e vontade de ainda estar com vida.
O funeral e o evento mais importante na história de uma pessoa, o mais luxuoso e caro dentre qualquer outra celebração ou festa. Para essa cerimônia costuma-se contratar grupos de percussão para tocar para os enlutados que podem dançar durante toda a noite e mesmo durante várias noites consecutivas.
