terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sane Wadu (1954) - Artista Queniano


Arte africana contemporânea

Sane Wadu (Walter Njugana Mbugua)  nasceu em 1954 em Nyathuna, Quênia. No início dos anos 80 após completar o ensino secundário, trabalhou como professor e mais tarde como funcionário da administração pública. Wadu é poeta e escritor, tendo escrito peças de teatro para além de poesia.
Sane Wadu começou a pintar profissionalmente em 1985. Utilizava principalmente aquarelas e tintas industriais sobre todo o tipo de tecidos e folhas de plástico. A sua excentricidade tornou-se alvo de chacota entre os seus amigos e vizinhos que começaram a referir- lhe como 'insano', especialmente após ter abandonado a sua carreira estável como professor para se dedicar apenas à pintura, o que para muitos era uma 'anomalia'. A sua resposta às críticas foi adoptar o nome 'Sane' (são) que mais tarde se tornou no seu nom de plume.
Mais tarde começou a utilizar óleos a passou dos tecidos e plástico para telas e papel. Apesar de não ter tido treino formal, a sua criatividade e perseverança rapidamente chamaram a atenção de uma audiência a nível nacional e internacional. Realizou exposições individuais em Nova Iorque e o seu trabalho esteve patente diversas vezes nos Estados Unidos e na Europa.
Formalmente a pintura de Sane Wadu alternou entre a perspectiva de ponto único e as composições e formas abstratas. Wadu move-se entre um estilo impressionista e fluidos abstratos surrealistas - por vezes aplicando o material em empasto, e por vezes em manchas fluidas e brilhantes.
A escolha de temas de Wadu também sofreu várias mudanças ao longo da sua carreira. Os trabalhos iniciais frequentemente representam a vida selvagem do Quénia rural; hienas, búfalos, leopardos, e elefantes são apresentados isoladamente em largas paisagens de horizontes distantes e tons suaves. Apesar de explicar que a sua inspiração foi frequentemente o avistar destas criaturas, as pinturas são mais do que meramente descritivas. Colocando-as numa paisagem selvagem e inabitada, Wadu afirma também ponderar os 'pensamentos' das próprias criaturas.
Sane Wadu pinta os nativos como figuras solitárias, da mesma forma que os animais selvagens. Junto ao camelo, ovelha ou vaca, está o solitário pastor, o viajante solitário. Em união com o ambiente envolvente as figuras confrontam o expectador. Em abstrato, os seus indivíduos não são diferentes dos seus animais.
Muitos dos seus trabalhos são auto-retratos nos papeis dos seus personagens. O objetivo, diz, é atingir uma maior empatia com as pessoas que retrata. Ele é a Virgem Maria, o lavrador, o amante...
Atualmente Sane Wadu vive em Naivasha, Quênia com a sua família - a sua mulher Eunice Wadu é também artista plástica - e conduz regularmente workshops em escolas e centros comunitários locais.
A partir dos anos 90, A pintura de Sane Wadu adquiriu um ambiente urbano e as suas composições tornaram-se mais abstratas, cada vez mais habitadas.