Arte africana contemporânea
Sane Wadu (Walter Njugana Mbugua) nasceu em 1954 em Nyathuna,
Quênia. No início dos anos 80 após completar o ensino secundário, trabalhou
como professor e mais tarde como funcionário da administração pública. Wadu é
poeta e escritor, tendo escrito peças de teatro para além de poesia.
Sane Wadu começou a pintar
profissionalmente em 1985. Utilizava principalmente aquarelas e tintas
industriais sobre todo o tipo de tecidos e folhas de plástico. A sua
excentricidade tornou-se alvo de chacota entre os seus amigos e vizinhos que
começaram a referir- lhe como 'insano', especialmente após ter abandonado a sua
carreira estável como professor para se dedicar apenas à pintura, o que para
muitos era uma 'anomalia'. A sua resposta às críticas foi adoptar o nome 'Sane'
(são) que mais tarde se tornou no seu nom de plume.
Mais tarde começou a utilizar óleos a
passou dos tecidos e plástico para telas e papel. Apesar de não ter tido treino
formal, a sua criatividade e perseverança rapidamente chamaram a atenção de uma
audiência a nível nacional e internacional. Realizou exposições individuais em
Nova Iorque e o seu trabalho esteve patente diversas vezes nos Estados Unidos e
na Europa.
Formalmente a pintura de Sane Wadu
alternou entre a perspectiva de ponto único e as composições e formas
abstratas. Wadu move-se entre um estilo impressionista e fluidos abstratos
surrealistas - por vezes aplicando o material em empasto, e por vezes em
manchas fluidas e brilhantes.
A escolha de temas de Wadu também
sofreu várias mudanças ao longo da sua carreira. Os trabalhos iniciais
frequentemente representam a vida selvagem do Quénia rural; hienas, búfalos,
leopardos, e elefantes são apresentados isoladamente em largas paisagens de
horizontes distantes e tons suaves. Apesar de explicar que a sua inspiração foi
frequentemente o avistar destas criaturas, as pinturas são mais do que
meramente descritivas. Colocando-as numa paisagem selvagem e inabitada, Wadu
afirma também ponderar os 'pensamentos' das próprias criaturas.
Sane Wadu pinta os nativos como figuras
solitárias, da mesma forma que os animais selvagens. Junto ao camelo, ovelha ou
vaca, está o solitário pastor, o viajante solitário. Em união com o ambiente
envolvente as figuras confrontam o expectador. Em abstrato, os seus indivíduos
não são diferentes dos seus animais.
Muitos dos seus trabalhos são
auto-retratos nos papeis dos seus personagens. O objetivo, diz, é atingir uma
maior empatia com as pessoas que retrata. Ele é a Virgem Maria, o lavrador, o
amante...
Atualmente Sane Wadu vive em Naivasha,
Quênia com a sua família - a sua mulher Eunice Wadu é também artista plástica -
e conduz regularmente workshops em escolas e centros comunitários locais.
A partir dos anos 90, A pintura de Sane
Wadu adquiriu um ambiente urbano e as suas composições tornaram-se mais
abstratas, cada vez mais habitadas.