Arte africana contemporânea
O artista mais conhecido de Moçambique, o carismático
Malangatana Ngwenya foi nomeado Artista UNESCO para a Paz em 1997.
Malangatana nasceu em 1936 em Matalana, sul de Moçambique.
Os seus primeiros anos de vida foram passados em Escolas de Missões e ajudando
a sua mãe no trabalho no campo.
Com doze anos, Malangatana muda-se para Maputo (então
Lourenço Marques) para procurar trabalho e em 1953 começa a trabalhar no Clube
de Ténis como 'apanha-bolas'. Este trabalho permitiu-lhe continuar a estudar,
frequentando as aulas à noite. Foi nesta altura que o seu talento começou a ser
notado. Augusto Cabral, membro do Clube de Ténis, forneceu-lhe os materiais e a
ajudou-o a vender o seu trabalho. Em 1958 Malangatana frequenta o Núcleo de
Arte, com o apoio do pintor Zé Júlio. No ano seguinte, Malangatana tem o seu
trabalho exposto publicamente pela primeira vez numa exposição coletiva e dois
anos mais tarde, realiza a sua primeira individual, com 25 anos. Em 1963 a sua
poesia é publicada na revista 'Black Orpheus' e na antologia 'Modern Poetry
from Africa". No ano seguinte, Valente Malangatana é preso pela polícia
secreta (PIDE) e passa 18 meses na cadeia. Em 1971 recebe uma bolsa da Fundação
Gulbenkian e estuda gravura e cerâmica. Desde 1981 trabalha exclusivamente como
artista.
Malangatana foi agraciado com a medalha Nachingwea pela sua
contribuição para a cultura Moçambicana e nomeado Grande Oficial da Ordem do
Infante D. Henrique. Expôs em Angola, Portugal, Índia, Nigéria, Chile e
Zimbabué entre outros, e o seu trabalho está representado em coleções por todo
o mundo. Trabalhou em várias encomendas de arte pública incluindo murais para a
Frelimo e para a UNESCO. Malangatana está também ativo no estabelecimento de
várias instituições incluindo o Museu Nacional de Arte e um centro para jovens
artistas em Maputo. Foi também um dos fundadores do Movimento para a Paz.
O trabalho de Malangatana projeta uma visão ousada da vida
onde há uma comunhão entre homens, animais e plantas. Baseia-se na sua
'herança' mas simultaneamente abraçando símbolos de modernidade e progresso,
síntese entre arte e política. O reconhecimento do seu estatuto está presente
na declaração proferida pelo Diretor-geral da UNESCO, Federico Mayor ao entregar-lhe
a distinção. Mayor nota que Malangatana é 'muito mais do que um artista, é
alguém que demonstra que existe uma linguagem universal, a linguagem da Arte,
que permite comunicar uma mensagem de Paz. '