Arquitetura na África
Marrakesh, uma escolha de vida
De 1885 a 1900, a "École de Nancy" - escola de
arquitetura e decoração - Nancy, França, ficou conhecida no mundo como um
espaço de criação e produção artística onde se revelaram grandes nomes do
"Art Nouveau":
Emile Gallé, Louis Majorelle, Jacques Gruber, Victor Prouve,
entre outros.
Eles eram artistas, "peintre", pintores,
"varriers", fabricantes de vidro e objetos de vidro e
"ébénistes" (marceneiros-artísticos), arquitetos-marceneiros,
decoradores, especializados na fabricação de mobília de luxo.
Filho do "ébéniste" Louis, o francês Jacques
Majorelle nasceu em 1886.
Estudou na Escola de Belas Artes de sua cidade e na Academia
Julian, em Paris.
Viajou para a Bretanha e Cote d'Azur, e para a Espanha,
Egito, Suíça e Itália. Tornou-se conhecido com a série de quadros pintados em
Veneza.
Tuberculoso, recebeu do general Lyautey uma carta de
recomendação para se instalar rapidamente em Marrakesh, Marrocos.
Jacques Majorelle viajou, pintou e expôs.
O ano de 1923 foi decisivo em sua vida, porque se fixou
definitivamente em Marrakesh.
Não muito distante da balbúrdia da Medina, da praça Jemaa el
Fna, das vozes misturadas e do comércio intenso, de encantadores de serpentes,
músicos, contadores de histórias e de carros e bicicletas transitando entre
pedestres, Jacques Majorelle comprou um grande terreno e iniciou sua casa.
Ao redor dela um jardim com as mais diversas plantas de todo
o mundo foi se formando devagar.
Após oito anos, contratou o arquiteto Paul Sinoir para
construir um novo atelier.
Quando a guerra mundial era iminente organizou nova
exposição para financiar os custos com o jardim e por volta de 1947 abriu-o ao
público para que pudessem participar daquele oásis, verdadeiro Éden verde na
avermelhada Marrakesh.
Aos 69 anos de idade Majorelle sofreu um acidente de carro e
teve um pé amputado.
Sete anos depois caiu em seu quarto e fraturou o fêmur.
Repatriado à França, foi hospitalizado em Paris e faleceu em
1962.
Três letras e um estrondoso sucesso
Yves Henry Donat Mathieu Saint Laurent, conhecido como Yves
Saint Laurent, ou simplesmente pelas iniciais YSL, nasceu na Argélia, em agosto
de 1936.
Aos 18 anos de idade, foi a Paris para estudar alta costura
e Cristian Dior o contratou como assistente. Seria depois ele próprio o
estilista principal da Maison.
Chamado para servir na guerra da Argélia, em 1960, YSL
perdeu o cargo na Maison Dior, mas ao retornar a Paris, no ano seguinte, fundou
sua própria casa de moda com seu amigo de toda a vida, Pierre Bergé.
A marca YSL se tornava, ano após ano, sinônimo de sucesso,
elegância e sofisticação no mundo inteiro, visível em chapéus, bolsas,
bijuterias, meias, perfumes, cintos e óculos.
Muitos artistas influenciaram YSL.
Em suas coleções prestou tributo aos artistas Mondrian,
Matisse, Velásquez, Picasso, Goya, Cocteau, Bracque, Warhol e Delacroix.
O resgate de um patrimônio
Vinte anos se passaram e a propriedade de Jacques Majorelle,
adquirida em 1980 por Yves Saint Laurent e Pierre Bergé, totalmente em ruínas,
foi restaurada.
Foram chamados profissionais especializados na recuperação
do jardim e da casa-atelier.
O número das espécies de plantas aumentou consideravelmente
e elas receberam um carinho especial com a instalação de um moderno sistema de
irrigação, planta a planta, de acordo com a necessidade de cada uma e no tempo
preciso.
Economizavam-se, dessa maneira, cerca de 40% da água
utilizada anteriormente na variedade de plantas aromáticas, exóticas,
primaveras, filodendros, iúcas, gerânios, bambus gigantes, coqueiros,
bananeiras, cactos...
Nas fontes, as plantas aquáticas, com florações de cores
vermelhas, rosas e amarelas, passaram a ornar com os vasos, também coloridos,
amarelo-limão, verde claro e azul celeste.
Depois de reformada, a parte construtiva da propriedade,
casa, fontes, muretas, recebeu coloração azul cobalto, batizada de Azul
Majorelle.
Uma associação de cunho cultural-científico foi criada em
janeiro de 2001 para salvaguardar o histórico-ecológico-cultural que o Jardim
Majorelle representa.
Um museu de arte Islâmica com obras da coleção particular de
YSL/PB foi inaugurado na casa-atelier.
Uma loja com artigos do jardim e os ingressos cobrados para
a visitação contribuem atualmente para a sua manutenção. Ao entrar os
visitantes recebem um catálogo informativo em três línguas - inglês, francês e
árabe.
O jardim propicia momentos de encantamento, de tranquilidade,
de paz, e de cores, luzes, sons de pássaros, do vento e da água.
Quando vai a Marrakesh, YSL tem onde ficar e se inspirar.
Ali possui sua casa, independente do museu, circundada
apenas por uma cerca simples. Quando quer passear pelas áleas do jardim, sabe
que poucas pessoas o reconhecerão, até mesmo os vinte jardineiros que ali
trabalham.
Esta é a história de três homens que tiveram a mesma paixão
por um paraíso no continente africano e de como nasceu o azul cobalto claro e
vivo denominado Azul Majorelle.
Jardim Majorelle
O azul cobalto de Majorelle, um pingo de poesia na
nomenclatura das cores.
A história de um paraíso no Marrocos e dos homens que o
construíram para que ele se tornasse uma ilha de tranquilidade
Ninguém duvida: o mundo é colorido. Identificamos as
colorações de preto, cinza, branco, rosa, vermelho, laranja, amarelo, verde,
azul, roxo e marrom.
São cores básicas para a indústria das tintas.
Outras nuanças são consideradas variantes e há métodos
precisos para nomeá-las, como os sistemas HSI e HSV.
Na tecelagem são utilizados os códigos comerciais Pantone e
Crayolla.
Na costura, na moda, um simples tom de amarelo pode ser
reconhecido como "âmbar ao entardecer".
Ao folhear o catálogo de tintas de uma loja, alguém pode
escolher um laranja para pintar sua casa. Não um laranja puro, mas aquele
remanescente "crepúsculo do Colorado".
Se para a indústria o número hipotético 354330048 identifica
uma das gradações catalogadas, o marketing do comércio poderá etiquetá-la como
um "vermelho tijolo esmaecido".
Assim nasceu o Azul Majorelle.