Os fusos tem sido usados por mãos laboriosas desde tempos
imemoriais no mundo inteiro, criando fios para tecer panos e roupas.
Originalmente serviram na fiação do algodão.
O fuso é composto de uma vareta e uma conta (rodela-de-fuso)
numa extremidade para impedir que o fio escape.
Posteriormente foram adaptados às rocas de fiar.
Essas contas possuem uma grande variedade de formas, pesos e
materiais.
São confeccionadas individualmente, decoradas com padrões
tribais de rara beleza, e frequentemente mantidas como herança de família por
muitas gerações.
Recentemente essas contas começaram a ser procuradas por
colecionadores e estudiosos da historia africana.
As replicas modernas possuem uma variedade de formas usando
as decorações tradicionais e podem ser encontradas nos mercados de contas por
toda a África.
Em Djenne no Mali, onde essas contas costumavam ser
produzidas, são chamadas de Kolo na língua Bambara, o que significa “tão duras
como ossos de vaca”. As mais antigas, são centenárias e ainda mantem seus
desenhos intactos, sinal de que são muitos resistentes.
Os materiais e técnicas dependem dos recursos de cada
região.
Madeira, metal, barro, pedra, caroços de frutas e conchas.
Tal como as contas as pedras de fuso são testemunhos de
culturas quase esquecidas e, portanto constituem tesouros de beleza atemporal.
Na África também são consideradas talismãs e por isso
dependuradas em fios nas portas das casas como portadoras de sorte e proteção
contra os espíritos do mal.
Fiação
A fiação é uma das atividades humanas mais antigas.
Durante muitos séculos a transformação das fibras têxteis em
fio esteve puramente confinada à indústria caseira e praticamente só realizada
por mulheres.
Os únicos utensílios utilizados na fiação eram a roca e o
fuso.
Com estes utensílios a mulher fiandeira, para obter o fio,
principiava por colocar a rama têxtil previamente cardada na roca, depois com a
mão esquerda retirava uma porção de fibras, juntava-as e colocava-as no fuso
que segurava com a mão direita.
Feita esta operação, a mulher, segurando a ponta do fuso
entre os dedos polegar e indicador da mão direita, dava-lhe um movimento de
rotação afim de que os filamentos se torcessem sobre si mesmos e formassem
assim um fio redondo; depois lhe dava um movimento contrário de rotação e o fio
obtido era enrolado no fuso, umas vezes de baixo para cima, outras de cima para
baixo.
Sabe-se que há cerca de nove mil anos já se usavam fusos e
rocas rudimentares.
No início do século XIV, surgiu na Europa a roda de fiar,
que já era usada anteriormente no Oriente.
Com este novo processo, o fuso passava a girar
mecanicamente.
No século seguinte, a roda já servia simultaneamente para
torcer e orientar o fio na direção de uma bobina.
Por volta de 1767, James Hargreaves construiu uma máquina de
fiar que podia trabalhar com oito e, depois, dezesseis fusos ao mesmo tempo.
Mais tarde, em 1779, Samuel Crompton criou uma nova máquina
de fiar que tinha uma armação móvel que suportava os fusos e que ainda hoje é
usada.
Fiandeiras
No Brasil ainda encontramos duas maneiras tradicionais de
fiar: com roca e fuso ou mais rudimentarmente como fazem os índios, colocando o
algodão (ou outra fibra, por exemplo, o tucum) num varão perpendicular
encostado numa parede e ali a mecha de fibra presa para ser fiada.
Neste tipo de fiar, a fiandeira vai pegando as fibras finas,
juntando-as e com uma primeira torcida do polegar e indicador vai fazendo
"crescer" o fio.
À medida que este vai crescendo, é enrolado num fuso, girado
rapidamente pela fiandeira que usando polegar, indicador e médio aplicados na
ponta superior (do fuso), imprime-lhe rotação da esquerda para direita,
rodando-o como um pião preso ao fio que vai torcendo, cochando e no corpo
(haste do fuso) vai enrolando (o fio pronto), formando a maçaroca.
Da maçaroca o fio é tirado e enrolado, em novelo, pronto
assim para o trabalho a ser feito. Esta maneira de fiar, sem roca, ainda é
encontrada nas regiões mais desassistidas do país, onde impera a miséria ou o
estado de primitivismo a que foram relegadas essas populações.