Um edifício italiano estilo "Art Decô" (futurista)
na bela cidade de Asmara
A velha garagem da Fiat Tagliero, cuja construção evoca um avião,
é um posto de gasolina construído em 1938, segundo o projeto de Giuseppe
Pettazzi, arquiteto italiano.
O prédio consiste numa torre central que abriga o espaço dos
escritórios, caixa e loja.
Ladeando a torre estão as duas asas de concreto armado em balanço
(sem nenhum apoio estrutural) medindo 30m cada.
Por causa das leis italianas daquela época (e portanto de
sua colônia Eritreia) não era permitido construir coberturas sem apoio.
Para conseguir aprovação do governo o arquiteto desenhou o edifício
com pilares de madeira para segurar as asas.
No dia anterior à inauguração, os trabalhadores recusaram-se
a retirar os suportes que sustentavam as asas, temendo que o prédio desabaria.
O arquiteto solucionou a questão de maneira teatral,
apontando o revolver sobre a cabeça do responsável pela construção, ameaçando-o
de mata-lo caso não retirasse as colunas.
Para concluir, os suportes foram removidos e as asas estão
firmes até hoje.
O prédio muito bem construído, quase não precisou de
manutenção durante mais de 75 anos.
O edifício também sobreviveu aos inúmeros conflitos que
assolaram essa região conhecida como “Chifre da África".
Atualmente a Fiat Tagliero é um monumento tombado pelo patrimônio
histórico da Eritreia.
Eritreia
A Eritréia é um jovem país africano, limitado a norte e
leste pelo Mar Vermelho, por onde faz fronteiras com a Arábia Saudita e com o
Iemen, a sul com o Djibouti e com a Etiópia e a oeste com o Sudão.
Asmara ou Asmera é a capital e a maior cidade da Eritreia.
Localiza-se a uma altitude de 2225 metros. Tem cerca de 917
mil habitantes.
Era uma aldeia quando foi escolhida para capital da região,
então pertencente à Etiópia, na década de 1880.
Foi dominada pelos italianos entre 1889 e 1941, período em
que todos os arquitetos italianos - modernistas, fascistas, futuristas,
piradoístas - foram lá brincar.
Após a colonização italiana, foi dominada pelos britânicos
entre 1941 e 1950 e pelos etíopes até 1993.
A "pujança" da capital modernista, que o governo
da Eritréia tenta vender para turismo, é ainda mais impressionante porque ela é
o núcleo de uma impressionante coleção de aldeias de migrantes, apertadas umas
contra as outras.
Durante os tempos coloniais, os eritreus eram proibidos de
entrar na Asmara dos brancos, a não ser a serviço, e o contraste é muito maior
do que em Brasília - ainda mais que a "Cidade de lama" começa logo ao
lado da "Cidade Bela," e que na Eritréia, devastada por uma guerra
civil de décadas, a pobreza é maior e mais difundida.
Também é interessante que, nesses tempos de globalização e
competitividade, a "herança" até do fascismo possa ser usada para
tentar se destacar.