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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Tambores de fenda Ukolo - etnia Igbo - Nigéria

O tambor de fenda é uma caixa de madeira dura entalhada com câmaras ocas e aberturas longas e estreitas perfuradas no seu corpo que ressoam quando percutidas.
Cada fenda é afinada para entoar uma nota diferente. Quando percutidas, vibram produzindo um tom lenhoso e quente. Os toques podem ser obtidos pela batida de um martelete de borracha ou com as pontas dos dedos.
O corpo desse instrumento pode ser esculpido com formas humanas ou animais. Os Igbos usam esse tambor na vertical e na horizontal.
A escolha de madeiras duras e o artesanato de qualidade produzirão um instrumento solido que poderá durar por várias gerações.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Tambores de urna, ou potes Udu - Nigéria

O Pote Udu é instrumento de percussão tradicional feito de argila queimada originário da antiga tribo Ibo na Nigéria. O nome 'udu' vem da língua Tribal Ibo e significa tanto paz quanto cerâmica.  Sua forma é baseada nas moringas de água que as mulheres carregam em suas cabeças. Com o tempo esse instrumento veio a desempenhar um papel importante nas cerimônias religiosas tribais.  

Talking drums - Tambores Falantes – Nigéria

São tambores feitos de madeira e entalhados num único tronco, com dois bocais revestidos por pele de cabra ou em alguns casos de lagarto.
É afinado através de um sistema de cordas que une uma pele à outra, sendo carregado debaixo do braço que ajuda a fazer pressão sobre as cordas, maneira pela qual se consegue alterações nos sons.
Pelas suas características já foram utilizados como comunicadores a curta distância em algumas regiões de Ghana, Nigéria e Senegal etc. razão pela qual o instrumento recebeu o nome de "Talking Drum" (Tambor Falante), e no original "Tama".


Iya-Ilu.


Este tambor vem da parte sul da Nigéria e é considerado a mãe dos tambores falantes. É o maior tambor do conjunto e produz o som mais profundo e mais grave entre os tambores falantes. É usado com frequência nas cerimónias de casamento dos Iorubas. Nestas ocasiões o chefe da cerimonia canta músicas acompanhadas pelo percussionista do Iya. Outras vezes é acompanhado por outros tambores falantes. O Iya também é usado para as cerimonias matinais do palácio em louvor ao rei. Além disso, em cerimônias fúnebres e reuniões sociais. Às vezes em festas, os convidados cantam junto esses tambores. O percussionista fará o Iya-Ilu "falar" e os convidados irão cantar aquilo que o tambor disser.


Adama

Este é o tambor de porte médio no conjunto dos Talking Drums. É mais fácil de dominar que o Iya-Ilu. Costuma ser encontrado nos coros de Igrejas e é tocado como recreação. Embora o Iya-Ilu seja empregado tradicionalmente como o tambor guia, o Adama também pode assumir essa função.


Omele


Este é o menor dentre esse grupo de tambores e é usado para acompanhar o Adama e o Iya-Ilu funcionando como uma espécie de cronometro. É o mais fácil de tocar entre todos, sendo usado nas brincadeiras de crianças como parte do brinquedo e até para fins decorativos.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Tambores cerimoniais iorubanos - Nigeria


Os tambores africanos podem ser usados tanto como instrumentos musicais quanto como objetos cerimoniais e no passado como meios de comunicação. Esses instrumentos abrangem desde os simples objetos do cotidiano, peças simples ou ornamentadas que sinalizam o status do proprietário, denotando poder e honrando os antepassados. O Gbedu que significa literalmente "grande tambor" é um instrumento de percussão tradicionalmente usado na música Ioruba cerimonial da Nigéria e do Benin. O Iya Ilu, tambor principal dentro do conjunto dos tambores Gbedu e empregado nos cerimoniais da realeza ou para os adivinhos. O corpo do tambor Iya Ilu tambor é considerado "sujeito do culto" recebendo frequentemente oferendas e sacrifícios. Os tambores cerimoniais dos Iorubas são entalhados com relevos profundos figurativos. O bocal é recoberto por pele de antílope empregando cordas e estacas para a afinação e podendo ser percutidos ora com as mãos ora com varetas.

Tradição – tambor cerimonial

O tambor Gbedu é usado tradicionalmente nas ocasiões oficiais ou durante as cerimônias Ogboni, a antiga sociedade secreta Ioruba. O Ogido/Gbedu é uma das quatro grandes famílias de tambores Iorubas; as outras famílias são Dundun/Gangan os tambores falantes, o tambor Batá e o tambor Sakara. Cada família compreende tambores de diferentes tamanhos, tendo como « mãe dos tambores » o (Iya Ilu) que desempenha o papel principal entre os demais. O tambor que dá apoio ao Gbedu é tocado por um percussionista que emprega tanto as mãos quanto as varetas para tocar.
Conta-se que o tambor de Gbedu foi trazido para a região de Lagos no século XVII por diplomatas Edo, simbolizando a hegemonia do Império do Benin. Entre os Iorubas, o tambor Gbedu significa realeza. O maior dos tambores Iorubas, era tocado apenas à serviço do rei. Em cerimônias como o ritual Isagun, o Oba pode dançar ao som da música desse tambor. Se alguém usasse esse tambor, seria preso por rebeldia.
Antigamente acreditava-se que o tambor grande e ornamentalmente esculpido possuía a proteção de um espírito, o do escravo que havia sido sacrificado quando o instrumento ficava pronto. Esse tambor é recoberto de entalhes que representam os animais, as aves e o falo. Durante as cerimônias em que se utilizava o tambor borrifava-se o sangue sacrificial sobre os entalhes juntamente com o vinho de palma, gemas de ovos e penas da galinha sacrificada. No corpo do Iya Ilu pode haver um entalhe com a imagem de Olokun, a deusa do mar, considerada o "sujeito do culto".
Conta-se que, durante os últimos dias do Império de Oyo, quando os fulas já haviam capturado Ilorin e se tornado senhores de Oyo, Sita, o rei de Ilorin pediu a Oluewu, o rei de Oyo para visitá-lo e prestar uma homenagem. Oluewu possuía o tambor Gbedu que tocou antes de sua viajem. Quando Sita perguntou sobre o tambor e ele avisou que esse instrumento só podia ser tocado diante de um rei, ficou irritado dizendo que só podia haver um rei, ele mesmo, e retirou o Gbedu da corte.
Há um velho provérbio Ioruba diz "a menos que o um bode seja morto, não se pode fazer o Gbedu com sua pele". A implicação é de que uma pessoa só será capaz de olhar para seus próprios interesses enquanto eles estão vivos. Outro provérbio diz que "a pele de um porco não pode ser usada para fazer um tambor Gbedu”, que significa que não é todo material que pode ser usado para qualquer finalidade. "Nenhum ladrão rouba um tambor Gbedu" é um aviso para não tentar o impossível.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Agogô - Nigeria - Africa Ocidental


O agogô é uma palavra iorubana que significa sino ou gongo. Seu uso está difundido por todo o mundo, porém sua origem está na musica tradicional ioruba. O agogô pode ser o instrumento mais antigo do samba e inspirou-se nos sinos simples ou duplos Ioruba da África Ocidental. Possui o timbre mais alto de quaisquer instrumentos de percussão.

Construção

O Agogô é feito de metal e cada sino possui um tamanho diferente. Isso permite que produzir notas diferentes dependendo do sino que for tocado. O instrumento original é feito em ferro forjado, e atualmente é fabricado com vários metais e tamanhos para obter diferentes qualidades de som. O instrumento mais comum é o de dois sinos unidos por um arco metálico em forma de U. O sino menor tem o som mais alto. Os sinos são percutidos com uma vareta de madeira obtendo um som semelhante àqueles sinos que se penduram nas vacas. Há, porém um som menos usual que é produzido apertando os dois sinos juntos.

Origens religiosas

O Agogô é empregado tanto na música cerimonial das religiões ioruba no continente africano quanto nas práticas do Novo Mundo, que se baseiam nas crenças trazidas pelos escravos da África que resultaram no candomblé. Seu uso abrange tanto a congregação religiosa quanto as saudações que anunciam a chegada de uma personalidade. É o principal instrumento usado no culto de Obatalá e Orisa Nla (o Orisa Nla, Alagogo Oje o). Tanto Obatalá quanto Orisa Nla são deidades muito importantes para os iorubas.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Kamale'ngoni - a harpa dos caçadores - Mali

O kameln'goni é um instrumento pentatônico de dez cordas. Originou-se no doson'goni de seis cordas. O doson'goni tem sua origem há centenas de anos atrás e era tocado tradicionalmente nas cerimônias de caça. Nos últimos anos, o instrumento começou a ser usado na musica jovem. Foram feitas adaptações e a esse novo instrumento deu-se o nome kameln'goni. "Kamele" significa "jovem" na linguagem mais popular do Bambara, Mali. Assim, embora a afinação tenha permaneceu a mesmo entre os dois instrumentos, os ritmos e melodias mudaram completamente. Nos últimos 30 anos o kameln'goni tornou-se um instrumento bastante popular na música do Mali. A cora e o bolon são instrumentos similares.

Mamadou Sidibe

Mestre do kameln'goni, Mamadou Sidibe é da região Wassoulou no Mali, África Ocidental. Vinte e cinco anos atrás Mamadou desempenhou um papel inovador ao transformar a música sagrada dos caçadores desta região tocada no doson’goni (harpa de caçador de seis cordas), em melodias de amor, de política e da vida cotidiana. Mamadou foi um dos primeiros a ampliar as cordas desse instrumento para oito criando o popular kameln'goni. Mamadou, junto com os músicos Coumba Sidibe, Oumou Sangare e Ramatu Diakite, difundiu os novos sons através de gravações e performances na Europa, África e Estados Unidos. Mamadou não é apenas um mestre do kameln'goni, mas de vários outros instrumentos africanos.

Nkereye – Reco-reco-África Ocidental


O Nkerenye é um instrumento de percussão que tem origem na África Ocidental datando de centenas de anos atrás.  Era tocado originalmente por dois grupos- caçadores (Dosos) e por mulheres contadoras de histórias (Griots).  Quando acompanhava as cerimônias de caça, o Nkerenye era arranhado para produzir sons e acompanhado pelo doson'goni, sintonizando o mesmo ritmo.  As mulheres Griot tocavam o Nkerenye como se fosse um sino e cantavam durante a cerimônia.  Atualmente o Nkerenye ainda é usado pelos Dosos e pelas Griots, além de ser muito utilizado na música popular da África Ocidental.  Costuma acompanhar os Kameln'goni (instrumento de cordas), porém com ritmos mais extensos e criando sons mais complexos.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Valiha – Citara de bambu do Madagascar

É uma cítara originária de Madagáscar feita com um tubo de bambu. Obtêm-se sons tangendo as cordas como qualquer instrumento cordofônico. As cordas podem ser metálicas ou de fitas de bambu, como as usadas originalmente, e escoradas sobre cavaletes.  O Valiha é o instrumento nacional de Madagascar por ser o mais tradicional e típico. É encontrado principalmente no centro da ilha. Sua origem pôde ter sido do Sul da Ásia (Vietnã, Filipinas, Indonésia) devido ao contato desses países com os ancestrais malgaxes. O nome Valiha, vem do sânscrito vadya, instrumento musical.

Trombeta de caça Baragumu – Quênia e Tanzânia

Palavra derivada do árabe, em Suaíli: baragumu com plural mabaragumu ou baragumu. Instrumento usado pela etnia Makonde no Quênia e na Tanzânia.
É a trombeta de caça e de guerra, assoprada na lateral de um chifre espiralado do antílope kudu, possuindo uma embocadura esculpida na extremidade.
A trombeta é tocada pelos caçadores de antílope durante o ritual realizado antes da sua partida para a caçada. Esse instrumento também é usado durante festivais e para chamar membros do vilarejo que estão nas savanas de volta para casa.  O nome Baragumu pode significar convocação de pessoas para ouvir as notícias. Um dos jornais Suaíli em Tanganica adotou o nome de Baragumu.
Em Samanga, sempre que há uma emergência e não podendo esperar por socorro, o líder do grupo faz soar esse chifre. Nas outras aldeias costumam  percutir um tambor de óleo.  

Trombetas Kakaki - Níger, etnia Hauçá

Kakaki são trombetas longas de metal medindo de três a quatro metros usadas na música cerimonial africana. 
O instrumento produz apenas dois sons que formam um intervalo de quintas. É usado em contato com o solo. A sua voz reforça o conjunto de instrumentos a serviço dos reis, chefes de municípios e sultões. Este instrumento é encontrado em vários países islamizados, entre os quais o Chade, Nigéria e Camarões.
O kakaki é tocado exclusivamente por homens. A música dos Ibos e Hauçás abrange os outros grandes grupos culturais da Nigéria. Os Hauçás dão ênfase ás cerimônias e a musica de castas. A trombeta Kakaki simboliza o poder militar e possui uma importante função cerimonial.
Os Hauçás tocam instrumentos de percussão, como o Tambura, e de sopro. 
A Trombeta real Kakaki, usada originalmente pela cavalaria Songhai foi adotada pelos reinos Hauçás emergentes como um símbolo do poder militar.  Essas trombetas podem ter mais de dois metros de comprimento, mas podem ser divididas em três partes para facilitar o transporte.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mbira - o piano de mão - Zimbabwe

A Sansa ou Mbira é um idiofone que produz som através da vibração ao ser dedilhado.
A Mbira é constituída por um corpo em madeira, normalmente em formato de caixa, com cerca de 20 a 28 pequenas placas de metal nas quais o seu executante pressiona com os polegares e produzindo assim as melodias rítmicas características deste instrumento.
Trata-se de um conjunto de lamelas de metal, cerca de 20 a 28, presas a um corpo em madeira, normalmente em formato de caixa, cada qual com um tamanho diferente, para produzir uma escala de notas musicais. Habitualmente a Mbira é colocada dentro de um recipiente que serve como caixa de ressonância, uma cabaça ou Deze como é conhecida ao estar associada com o instrumento.
Quando as linguetas são pressionadas com os polegares e dedos e soltas produzem melodias e ritmos. A Mbira data do século XVI e foi trazida da África para a América Latina pelos escravos.
A origem da Mbira data de aproximadamente 1500 anos originária da etnia Zezuru, povo Shona, parte do atual Zimbabué. Este instrumento começou a ser utilizado em rituais religiosos, cerimonias da corte e em diversas ocasiões sociais.
Outra característica deste Instrumento Musical é o zumbido que produz graças à vibração de objetos metálicos que estão colocados no fundo da caixa. E
De acordo com a tradição este som tem como objetivo afastar pensamentos da mente para que as músicas possam ouvidas nas melhores condições possíveis. 

A Lira endongo do povo Baganda de Uganda

A lira de cuia Ndongo de oito cordas é um dos três principais instrumentos de cordas do povo Baganda. É uma das versões dos vários instrumentos classificados como liras encontradas por toda a parte e utilizadas em várias tradições musicais do Leste africano.
O Ndongo, também existe em outros lugares na África Oriental, onde é conhecido como Nyatiti pela etnia Luo do Quênia, Litungu pelos povos Luhya, Kuria e Kisii do Quênia, Krar e Begena na Etiópia e Eritréia.
Ndongo (às vezes pronunciado Edongo) é um instrumento que pertence à corte real dos povos Baganda de Uganda.  Se parece um pouco como o Asherroo da Somália, devido às varetas inseridas na pele que recobrem o topo.
O povo Banganda não sabe ao certo de onde ele veio, mas tal quais os tradicionais bagas etíopes também emprega tiras de couro para prensar as cordas, ao invés de cavilhas para afinação como o típico Udungu ou a maioria dos instrumentos egípcios.
As surpreendentes liras africanas!
Por volta de 1000 da era cristã, a lira foi totalmente substituída no oeste africano, não pela harpa que é ainda mais antiga, mas pelos instrumentos de corda mais evoluídos e versáteis de braço dos instrumentos tornaram-se disponíveis, dispensando um grande numero cordas de e obtendo uma gama maior de notas, em contraste com as cordas da Lira.
As últimas liras empregadas na Europa foram as anglo saxãs do tipo comumente encontrado em Sutton Hoo.
Felizmente, em muitas partes do continente africano, especialmente na Etiópia Eritréia, Uganda e Quénia, a lira da antiguidade não foi substituída e um precioso remanescente das técnicas de tocar Lira e os sons desses antigos instrumentos, foram incrivelmente preservados!

Kundung, o xilofone de alça portátil- Nigéria

Xilofone portátil kundung, Nigéria, Camarões ou Zaire, África central. 
Possui sete barras (notas) com ressonadores feitos de chifre animal e dois marteletes de madeira em forma de y que permitem tocar até quatro teclas ao mesmo tempo.
Xilofone é um termo derivado de duas palavras gregas: xylon (= madeira) e phoné (= som).  O nome vem sendo usado desde o século XIX. O instrumento consiste em uma fileira de ripas de madeira de vários comprimentos que são dispostos de acordo com a intensidade e percutidos com martelos. Atualmente o termo é definido de maneira mais específica e refere-se ao instrumento usado nas orquestras ocidentais onde as barras são organizadas em duas fileiras, da mesma forma como teclas do piano.
Em comparação com a marimba, o xilofone possui um alcance mais alto e com menores variações e suas teclas são feitas de madeira mais dura, resultando num timbre mais forte e penetrante. E há mesmo quem mencione uma família de xilofones, que consiste no xilofone, na marimba e na xylomarimba.
A afinação e a sequência do teclado diferem de cultura para cultura, mas o que todos os eles têm em comum é a escala de teclado com notas baixas e altas. O número de ripas é a suficiente para cobrir várias oitavas. Por ser instrumento antigo o xilofone  ostenta uma variedade de nomes em diferentes culturas: na África, por exemplo, ele é conhecido como o amadinda ou akadinda (Uganda), balafon (Sudão), carimba (Angola), kidimba (Congo), kundung (Nigéria), marimba (Congo) e silimba (África do Sul). Na Ásia é chamado bakagong (Malásia), gambang (Indonésia), a dan ir (Vietnã), gabbang (Bali), o gambang calung (Java), muqin (China), patatag (Filipinas), a patti taranga (Índia) e o ranat ek (Tailândia).

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tambor Doumbek, Derbaque - Norte da África

O instrumento mais conhecido entre os árabes é o derbaque, por seus vários timbres e por seu dinamismo, podendo ser usado tanto para marcar o ritmo básico quanto para solos muito elaborados.
Na música árabe funciona como a voz principal da percussão. O seu formato de ampulheta ou de cálice permite que seja facilmente acomodado no colo do derbaquista para ser percutido. O corpo comprimido e oco pode ser feito de níquel, cerâmica ou alumínio. O topo é revestido com pele de peixe ou cabra ou mesmo de plástico. Quando é de pele, pode ser preso com pregos ou cola, e neste caso o instrumento deverá ser aquecido para afinar. O modelo mais usado por profissionais é o de alumínio com topo de plástico, afinado com uma chave. Tem cerca de 45cm de altura e 22cm de diâmetro.
O derbaque é muito comum nas casas tunisianas, para acompanhar celebrações e também na Turquia, Síria e Iraque. Do outro lado do Mediterrâneo, compositores europeus também usaram o derbaque em suas orquestras.
O tambor Doumbek tem suas origens no norte de África.  Existem muitas variações desse instrumento e muitos nomes que se assemelham (dumbek, dumbec, doumbec).  Sua membrana fina e sua caixa de ressonância profunda produzem um som particular bem nítido.
O instrumento é conhecido por nomes diferentes conforme a região.  Todos esses nomes se referem ao tambor em forma de cálice. No entanto, a construção e as técnicas de percussão são tão variadas que os tornam completamente diferentes entre si.

Nomenclatura

Darbakeh/Tarabuka (em geral), Doumbek/Doumbeg (Armênia), Dumbul/Dunbul (Azeri), Tarambuke , (Balcãs), Tombak/Tonbak (Irã), Zarb (Irã) em árabe, Darbuka/Dumbelek (Turquia), Tablah/Tableh ,  (Árabe), Derbakeh (Libano), Toumbeleki (Grécia), Zairbaghali (Afeganistão), Tarbouka (Bukhara).

Tambor Djembe - Gana


O djembe é um tambor entalhado na madeira cujo bocal é recoberto por uma membrana de pele e que deve ser percutido com as mãos.
É conhecido também por jembe, jenbe, jymbe, yembe ou jimbay. 
De acordo com os povos Bamana do Mali, o nome do djembe vem da expressão "Anke djé, anke bé" que se traduz como "todos se reúnem em paz" nome esse que também define a finalidade do tambor. Na língua Bambara, "djé" é que o verbo para "reunir" e "bé" pode ser traduzido como "paz".
Esse instrumento musical faz parte da dos membranofones: um casco de madeira com o bocal recoberto por uma membrana de couro ou de outro material.  Esses tambores medem geralmente por volta de 30 cm de diâmetro e 60 cm de altura.  Há tamanhos menores, com variações de 13 a 46 cm de diâmetro.


Origem


Há um entendimento geral quanto à origem de o djembê estar associada a uma sociedade de ferreiros mandingas conhecidos como Numus. A grande disseminação desses tambores por toda a África Ocidental pode estar ligada as migrações desse povo. Apesar da ligação entre o djembe com a sociedade de ferreiros não há restrições hereditárias para tocar esse tambor.


Construção 


Os djembes são entalhados tradicionalmente a partir um único tronco da árvore de Lenké (Afzelia Africana Sm. ex Pers.). Essa madeira foi empregada durante séculos devido as suas qualidades acústicas e por sua ligação espiritual com os Malineses, cuja sabedoria tradicional afirma que há uma energia espiritual ou Nyama, que percorre todas as coisas, vivas ou mortas. Há outros tipos de madeira também podem ser usadas, dependendo do quanto às florestas forem acessíveis aos fabricantes de tambor.
Algumas madeiras duras são usadas na Guiné, Mali, Senegal e Costa do Marfim para entalhar instrumentos musicais de qualidade compreendendo a djalla, dougi/dimba, khari/hare/gueni, e o acaju. A maneira apropriada de fazer esses tambores é deixar a parte interna rugosa e entalhar nesta uma espiral para elevar a categoria tonal. Lascas e asperezas no entalhe interno são sinais de um tambor feito às pressas. O djembe é encabeçado por uma pele raspada de cabra, antílope ou vaca. Até o século XX, a pele era presa com o tendão ou o intestino do animal, ou cortando e esticando uma tira de couro cru.


Afinação

Os Djembes são afinados uniformemente esticando firmemente as cordas verticais para que os cinturões de metal puxem a pele para baixo sobre o casco do tambor. Essas cordas verticais são tensionadas em toda a volta de forma sucessiva usando algum tipo de alavanca. A etapa seguinte é passar uma corda na horizontal para "torcer" os cabos verticais, o trançado Mali também conhecido como "diamante". Essa corda passa por baixo de duas cordas verticais formando um losango, e costurando por cima e por baixo em formato de z ou s, e puxando firmemente para baixo. O ideal é quando as linhas de torção estão paralelas e uniformes e o mais baixo possível.
Quando uma nova pele for colocada em um tambor, o processo de esticar será precedido pela imersão da pele na água até tornar-se bem flexível. A pele úmida é disposta sobre o bocal do tambor e presa pelos cinturões ao mesmo tempo em que os cordões vão sendo puxados levemente para baixo. Em seguida a pele é deixada para secar completamente antes de começar a ser tensionada com vigor e torcida conforme a descrição acima. Alguns artesãos conseguem esticar a pele quando ainda está úmida.

Tambores de afinação e repique Entenga, Uganda


São tambores esculpidos em troncos pesados e recobertos com pele de boi e amarrada por 90 metros de tiras de couro retorcidas. Dentro dos tambores há fetiches colocados antes que a pele seja esticada. Estes objetos podem ser caveiras, ossos, conchas, pedras sagradas ou parte de um órgão de um animal morto anteriormente e variam de acordo com a crença servindo para dar proteção espiritual do tambor. Devido aos severos tabus a que o instrumento está sujeito ninguém se atreve a olha-los no momento em que estão sendo cobertos.

Conjunto de tambores entenga dos reis em Uganda

O conjunto tambores de afinação e repique Entenga, Uganda era tocado na corte real do Kabaka, o chefe tradicional de Buganda. Esse conjunto de ao menos quinze instrumentos era afinado de maneira a criar uma melodia. Em cada um deles havia fetiches na parte interna e chocalhos ao redor.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Balafon, Balo - Gana

O verdadeiro nome deste instrumento é balan, incorretamente chamado de balafon, palavra francesa que indica aquele que toca o instrumento: balan é o instrumento, fo o tocador.
Sua forma é trapezoide e seu som melódico, ativo e excitante.
Ele é constituído por tabuletas de madeira que produzem notas quando tocadas.
As tabuletas são dispostas paralelamente e sob elas colocam-se cabaças de vários tamanhos para criar um sistema de amplificação do som.
As barras são feitas de uma madeira dura chamada gouene-yori, na língua bambara e koyehoun, em Fon.
Os fios que seguram as barras são de pele de cabra ou de cervo que é mais resistente.
O balafon é tocado em cerimônias festivas em homenagem aos deuses e acompanhado por outros instrumentos.
A cultura da música balafon é altamente desenvolvida nos países ao sul do deserto do Saara (zona do Sahel) e da floresta tropical. No século XVI, esse instrumento tornou-se uma verdadeira arte na corte real de Sikasso/Mali florescendo sob o reinado de um rei generoso. Os músicos eram alimentados e alojados, desenvolvendo o virtuosismo e estabelecendo assim uma tradição musical.

Citara de esteira - África ocidental



A citara de esteira é um instrumento de cordas construído com 27 hastes grossas de junco amarelo, cortadas de ponta a ponta entre os nós e com palhetas menores usadas para preencher os vãos, de maneira a formar uma caixa de som retangular.
As hastes presas junto às extremidades com gravetos de madeira descascados e dispostos perpendicularmente à superfície, que é fica compreendida dentro deles; o conjunto é preso em seguida com tiras de fibras marrom que formam uma amarração espessa e decorativa na parte superior.
As hastes presas junto às extremidades com gravetos de madeira descascados e dispostos perpendicularmente à superfície, que é fica compreendida dentro deles; o conjunto é preso em seguida com tiras de fibras marrom que formam uma amarração espessa e decorativa na parte superior.
Estes gravetos ultrapassam as bordas do instrumento. Duas saliências de madeira marrom rosado são colocadas através da esteira, paralelamente às extremidades; Elas mantêm a tensão de sequências de caracteres. Onze destes, formados com a pele dos juncos compõem o cordoamento, afastados de uns 60 a 80 mm de distância da superfície das extremidades dos juncos e tensionados pelas traves salientes.
Essas cordas são atadas firmemente ao corpo da esteira em ambas as extremidades, usando tiras de fibras vegetal marrom alaranjadas para impedi-las de partir. O centro de cada corda foi amarrado da mesma maneira, porém usando tiras mais estreitas.  O instrumento produz som ao dedilhar as cordas que ficam no espaço entre as traves. Na parte inferior, separaram-se dezesseis juncos da superfície e sob estas foram instaladas três barras de madeira em cruz, mantendo a tensão para segurar o corpo da esteira unido.

Cítara de esteira, África Ocidental

A cítara é um cordofone com inúmeras variedades. Entre estas estão a cítara de esteira Inanga do Burundi, a tubular ou cítara de Valiha dos malgaxes e a harpa ou Citara Mvet dos Camarões. A característica que as distingue é o posicionamento horizontal das cordas. caracteres.
A cítara de Inanga tem a forma uma jangada ou de uma tigela alongada. As cordas são tensionadas entre as extremidades e presas por entalhes afiados cortados nas extremidades do instrumento. As cordas são longas, contínuas e paralelas e suficientemente distantes para que os dedos possam dedilhar com um arranhão forte que produz um som bastante alto.
Na ilha de Madagascar, Valiha é o mais comum e frequentemente referido como o instrumento nacional. É feito por meio de cordas esticadas longitudinalmente ao redor de um tubo de bambu grande.
Este tipo de Valiha é feita através do corte de um comprimento de bambu com  um nó em cada extremidade. Um número de incisões é feito ao longo de todo o comprimento da casca exterior do tubo para produzir uma série de tiras muito estreitas. Elas são cuidadosamente separadas do corpo do instrumento exceto nas duas extremidades onde ficam presas aos nós. O instrumento é deixado para secar ao sol. Quando estiver seco, o Valiha será afinado através de duas pequenas saliências sob cada corda. A distância entre as saliências pode ser regulada para produzir notas diferentes.
A cítara de esteira da Nigéria é feita com pedaços de bambu no qual tiras são cortadas para criar as cordas. As peças de bambu são amarradas e colocadas sobre uma cabaça oca, que serve como uma caixa de ressonância. Existem dois tipos de cítara: plana e a longa. A cítara de esteira pertence ao grupo das planas.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Trombetas de madeira - Congo Belga - atual Zaire

As origens das trombetas africanas, de madeira entalhada,  podem ser encontradas nos cultos ancestrais e nos ritos de iniciação. As de madeira chamadas Ongo são originárias da região de Banda da República Centro-Africana e possuem muitas variedades. Aquelas que tem o som agudo costumam ser mais curtas e feitas de ossos de animais e devem ser assopradas através de um buraco lateral. Essas costumam ter um buraco para o dedo, permitindo que o musico obtenha uma gama mais variada de notas. As de tom médio são longas e feitas de raízes da árvore ocas, com um bocal inclinado, fazendo com que o musico gire a sua cabeça enquanto estiver tocando. As de tons graves são feitas de troncos de árvore oca e possuem um bocal reto.
Os objetos de arte africana mais antigos documentados por um colecionador europeu foram as trombetas do Congo, ou chifres de caça, datadas num inventario de 1560. Pertenceram à família de Cosimo o Grande, o primeiro Grão-Duque da Toscana e podem ter sido um presente para os papas Medicis, ou doadas pela Grã-duquesa Leonor de Toledo para essa família.

Xekerê - Cabaça com sementes - Camarões

Os músicos na República dos Camarões criam excelentes instrumentos de ritmo com materiais nativos como cuias de cabaça e sementes. Usado tanto para musica sacra quanto profana, este é um grande instrumento para produzir ritmos de chocalho.  O Xekerê consiste de uma cabaça recoberta por uma malha de sementes que tocam quando a malha é retorcida ou quando a cabaça é agitada. O instrumento é usado principalmente para produzir ritmo.  Esse chocalho é constituido por uma trama de grânulos ao redor de uma cabaça oca.  Os grânulos podem ser feitos de plástico, conchas ou sementes. Por ser feito com produtos naturais sua forma o tamanho variam muito.  O comercio destes chocalhos constitui uma fonte de renda para os músicos nativos das savanas dos Camarões.

Harpa Donnu - povo Mangbetu - Zaire

Foto: Harpa arqueada donnu da etnia Mangbeto, região do Rio Uele, Congo belga (atual Zaire).
ca. 1910-1920.


O fio de cobre trançado retrata a pintura geométrica, pontilhada, corpo linear e pintura feita por mulheres Mangbetu. A cabeça alongada representa a Rainha Mangbetu Nenzima e o rei Yangala.


Harpa Donnu


Embora as harpas antropomórficas estejam estreitamente associadas com os Mangbetus, os instrumentos de cordas não são nativos da sua cultura. Na verdade, o caminho pelo qual a harpa foi introduzida aos Mangbetu é assunto de muito debate entre os estudiosos e só pode ser documentado nas últimas décadas do século XIX.
Como instrumento usado apenas por homens para o seu entretenimento pessoal, a harpa não ocupou nenhum papel no extenso repertório musical que acompanha os rituais políticos significativos desse povo.  A popularidade de donnu da virada do século XIX para o século XX foi curta e harpas esculpidas ornamentalmente já não fazem mais parte da rica cultura musical da etnia Mangbetu. Até já se supôs que a harpa pode ter sido menos importante para os Mangbetus como um instrumento musical do que como um objeto de arte para ser negociado com os europeus.


Zaire


O Zaire agrupa mais de 250 etnias espalhadas por todo o território, fundamentalmente nas regiões orientais, o Baixo Zaire e o sul.
No norte habitam os povos criadores de gado, Chamba, Azande e Mangbetu enquanto que no Baixo Zaire está cheio dos campos de cultivo dos Bakongo, povoadores também da região norte oriental. Os Ngombe moram na curva do rio Zaire.
A parte central está habitada pelos Mongo que aproveitam a selva para plantar seus cultivos em um tipo de agricultura itinerante.
Também são agricultores os Baluba e Bakuba, em Kasai, e os Lunda que moram em Shaba, ao sul.
Os pigmeus habitam repartidos em Ituri e zonas norte orientais, Zaire Médio e em alguns pontos do planalto central dedicados à caça e a colheita.
A esperança de vida dos zairenses é de 52 anos; 71% estão alfabetizados, um dos índices mais altos da África.


Ouça:
http://www.cartage.org.lb/en/themes/Arts/music/instruments/minstrumentafr/ngombi/ngombi.htm

Alaúde (quwaytara)- Argelia


O alaúde é um instrumento musical da família dos cordofones. Este instrumento é de corda palhetada ou dedilhada, com braço trastejado e com a sua característica caixa em forma de meia pêra ou gota.
A origem das palavras alaúde e oud possivelmente remontam da palavra árabe al'ud, "a madeira"; alguns investigadores sugerem também que seja uma simplificação da palavra persa rud, que significa corda, instrumento de cordas ou alaúde.
As origens do alaúde não são concretas. Vários tipos de alaúdes eram usados nas antigas civilizações Egípcia, Hitita, Grega, Romana, Búlgara, Gandaresa, Turca, Chinesa e Arménia/Siliciana. O alaúde atingiu a sua forma familiar, no início do século VII, na Pérsia, Arménia, Bizâncio e no mundo Árabe.
No início do século VI, os Búlgaros trouxeram uma variedade de braço curto de um instrumento, kobuz, para os Balcãs. Por outro lado, os Mouros trouxeram para a Península Ibérica, no século IX, o oud. Antes disto, a quitra/pandora, uma espécie de citerna, ter-se-ia tornado comum no mediterrâneo. Contudo, este instrumento (pandora) não se extinguiu, apenas evoluiu para instrumentos como a citerna, guitarra portuguesa, chitarra italiana, guitarra barroca, vihuela, chitarrão, bozouki, na Europa. Na Argelia e Marrocos, a quitra sobrevive como o instrumento kuitra.
À volta de 1500, na Península Ibérica, a viuhela da mano, uma espécie guitarra em forma de viola da gamba e antepassado da vihuela, apenas dedilhada, foi adoptada pelos lutenistas, embora o alaúde se tenha mantido a par da existência e popularização desta. Este instrumento acabou também por encontrar o seu caminho rumo à Itália, em zonas que estiveram sobre o domínio de Espanha, especialmente na Sicília e nos estados papais na altura do papa Alexandre VI, que trouxe muitos músicos catalães para Itália, onde se tornou conhecida como viola da mano.
O ponto de transferência do alaúde entre a Europa Cristã e os Mouros deverá ter sido a Sicília, que deverá ter sido trazido pelos músicos Bizantinos ou, posteriormente, pelos Sarracenos. Havia músicos na corte, lutenistas-cantores, em Palermo, que seguiam a conquista cristã da ilha, o que fez com que o alaúde fosse extensivamente representado nas pinturas do teto da Capela Palatina, dedicado ao rei normando Rogério II, em 1140. No século XIV, o alaúde teria já se expandido para fora da Itália. Provavelmente devido à influência cultural dos reis e imperador Hohenstaufen, radicados em Palermo, o alaúde teve uma impressionante difusão nos países de língua germânica no século XIV.
Os alaúdes medievais eram de instrumentos de 4 a 5 cordas e usava-se uma pena para palhetar. Existiam em vários tamanhos, e no final do Renascimento, havia sete tipos de tamanho (até com grandes cordas-baixo) documentados. A sua função principal, na Idade Média, era a de acompanhamento a canções e cantigas, embora até 1500 exista muito pouca música encontrada que seja diretamente atribuída a este instrumento. Provavelmente, a grande parte dos acompanhamentos da Idade Média e Pré-Renascimento eram improvisados, visto a lacuna de registos escritos com este fim.
Nas últimas décadas do século XV, de modo a poder executar a polifonia renascentista num único instrumento, os lutenistas gradualmente abandonam o palhetar pelo uso dos dedos. O número de cordas cresceu de seis para cima. No século XVI, o alaúde torna-se o grande instrumento solo, embora se tenha mantido no acompanhamento de canções.
No final do Renascimento o número de cordas cresceu para 10 e durante o Barroco prosseguiu o seu acrescento de cordas para 14, chegando até às 19. Estes instrumentos, devido ao facto de muitas vezes terem mais de 30 cordas (tomando as duplas como duas cordas), precisaram que se alterasse a sua estrutura, inovando-a. No final da sua evolução, o alaúde-harpa e a tiorba tinham grandes extensões de braço anexas ao cravelhame para acrescentar um grande comprimento de ressonância para cordas graves, e visto que os dedos da mão esquerda não têm extensão suficiente para ir além das 14 cordas, as cordas graves eram colocadas fora da parte trastejada, eram tocadas abertas.
Durante o percurso do alaúde na era barroca, começou a cair progressivamente em desuso no acompanhamento do continuo e superado pelo uso de instrumentos de tecla.
O alaúde caiu em desuso depois de 1800.

Fotografo - José Medeiros - Teresina

José Araújo de Medeiros (1921-1990), ou simplesmente José Medeiros, como ficou conhecido, teve seus primeiros contatos com a fotografia em Teresina, sua cidade natal. Em 1939 mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a colaborar para as revistas Tabu e Rio. Em 1946 o fotógrafo francês Jean Manzon, radicado no Brasil desde 1940, convidou-o a integrar a equipe da revista O Cruzeiro, então um dos maiores sucessos do jornalismo brasileiro, e mais do que isso, um importante centro de inovação do fotojornalismo. Lá José Medeiros ficaria por 15 anos.

Vida e obra

Fotografo - José Araújo de Medeiros (Teresina PI 1921 - L'Aquila, Itália, 1990). Fotógrafo. Começa a fotografar por volta de 1937 como amador, em sua cidade natal. Em 1939, transfere-se com a família para o Rio de Janeiro, onde trabalha como funcionário público na Companhia de Correios e Telégrafos e no Departamento Nacional do Café. Paralelamente, retrata artistas em um estúdio montado em casa e atua como freelancer para as revistas Tabu e Rio. Em 1946, o fotógrafo francês Jean Manzon (1915 - 1990) o convida para integrar a equipe da revista O Cruzeiro, onde permanece até 1962. Publica, em 1957, o livro Candomblé, o primeiro a documentar a religião afro-brasileira. Com Flávio Damm (1928) mantém a agência fotográfica Imagem, de 1962 a 1965. Depois, passa a trabalhar como diretor de fotografia de cinema, além de dirigir curtas-metragens e o longa Parceiros da Aventura, 1979. Assina a direção de fotografia de obras clássicas do cinema nacional como A Falecida, 1965, de Leon Hirszman (1937 - 1987); Xica da Silva, 1976, de Cacá Diegues (1940); e Memórias do Cárcere, 1983, de Nelson Pereira dos Santos (1928). No fim da década de 1980, leciona fotografia na Escola Internacional de Cinema de San Antonio de Los Baños, em Havana, Cuba. Em 1986, a Fundação Nacional de Arte - Funarte realiza a mostra retrospectiva José Medeiros, 50 Anos de Fotografia, no Rio de Janeiro, e publica um livro homônimo.

As noivas dos deuses sanguinários – Reportagem da revista O Cruzeiro de 1951

Em 1951, José Medeiros, então fotógrafo da revista O Cruzeiro, importunado e incomodado por uma reportagem sobre Candomblé publicada na França [2], resolveu propor uma reportagem mostrando os aspectos inacessíveis ao olhar leigo dos rituais de iniciação dessa religião afro-brasileira. Segundo ele, a reportagem estrangeira abordando somente sua parte pública, o cerimonial visível pelo leigo nas festas preparatórias e no encerramento da festa pública, não mostrava o verdadeiro Candomblé. Como era costume no processo de decisão de pauta no Cruzeiro, os fotógrafos tinham autonomia para propor e conduzir uma reportagem, e assim o fez Medeiros. Aprovado o assunto, partiu ele para a Bahia para tentar uma documentação original dos rituais. A dificuldade de aproximação nos terreiros tradicionais levou-o a procurar alternativas e um guia indicou-lhe uma casa não tradicional na qual estavam em iniciação três Yaôs (termo que designa as pessoas que estão em processo de iniciação no Candomblé).
Medeiros relatou-nos que teve uma experiência desagradável quando frequentava os terreiros tradicionais tentando primeiras aproximações com o intuito de fotografar, e logo em um deles, e mesmo sem portar o equipamento fotográfico, foi questionado por uma mãe-de-santo em transe que diretamente dirigiu-se a ele e falou: “Você veio aqui para fotografar, mas não vai, não!”. Medeiros contou-nos essa passagem com um ar de espanto místico, mas, como fotojornalista exemplar, refletiu internamente que não iria desistir de mostrar o “verdadeiro Candomblé” e voltar para a redação sem o material prometido. Assim, mesmo fora dos terreiros tradicionais já se sabia de seus objetivos, afinal, a chegada de um fotógrafo da revista O Cruzeiro causava alvoroço e gerava comentários em qualquer cidade na época, e ele foi procurado por um guia que o conduziu a um terreiro na periferia, no qual estariam sendo iniciadas três Yaôs: o terreiro da mãe-de-santo Mãe Riso da Plataforma.
Contou-nos Medeiros que pagou à mãe-de-santo para fotografar as três Yaôs dentro de sua reclusão e as etapas do ritual de iniciação. Com a carga mística envolvendo sua fala e o fato de estar documentando procedimentos ritualísticos não veiculados pela mídia até então, falou-nos com forte ar de mistério que ainda teve problemas com seu equipamento, pois o cabo de sincronismo do flash quebrou. Como o ambiente era muito escuro, fez as fotos com sua Rolleyflex usando B no anel do obturador (esse dispositivo permite sensibilizar a película por quanto tempo desejar o fotógrafo; enquanto estiver apertando o botão disparador o filme está sendo exposto). Assim, acionando e segurando o disparador na posição B, disparou a luz do flash e imprimiu imagens com ótima qualidade tonal no material fotossensível, demonstrando sua capacidade técnica.
A reportagem foi publicada no dia 15 de novembro de 1951 na revista O Cruzeiro com o título “As noivas dos deuses sanguinários”, contendo 38 fotografias. Segundo Medeiros, a publicação das imagens, que mostravam cenas de sacrifício de animais, cenas internas da reclusão e detalhes do processo ritualístico, causou muita polêmica no meio do Candomblé na Bahia. Ainda, segundo ele, devido à reportagem, as Yaôs não tiveram sua iniciação reconhecida e assim ficaram marginalizadas dentro da religião, com consequências graves para elas, uma suicidou um ano depois e outra foi internada em um hospital psiquiátrico. A mãe-de-santo foi assassinada um ano depois, mas Medeiros não sabia as causas do fato.
Seis anos depois, em 1957, a mesma editora da revista O Cruzeiro publicou um livro chamado “Candomblé” com todas as fotografias veiculadas na revista, com um acréscimo considerável de mais algumas escolhidas por Medeiros, totalizando 60 imagens, 22 fotografias a mais. A nova forma de publicação colocou as mesmas imagens em outro formato e em outra valorização. Se na revista o artifício jornalístico era o sensacionalismo para atingir um formato popular direto e ofensivo à religião já a partir do próprio título, no livro as imagens passaram a ser um material etnográfico precioso e único.
O material fotográfico coletado por José Medeiros transforma-se em conteúdo de uma primeira publicação marcada por um fotojornalismo sensacionalista para um documento etnográfico na apresentação gráfica e nas marcações das legendas no formato livro. O objetivo desse trabalho é discutir as mudanças de significação do material exposto acima, aprofundando a análise às narrativas nos meios impressos em que foi publicado. Na primeira versão temos uma profanação do espaço do sagrado ao tornar visível ao olhar leigo o que é permitido somente para iniciados, e um olhar leigo massificado pela importância da revista O Cruzeiro na opinião pública da época. Na segunda versão temos as mesmas imagens sem o tratamento sensacionalista, mas com uma abordagem que transparece uma aparente neutralidade na explicitação do ritual, tornando-as um documento etnográfico ou científico, coroando-as com uma nova aura para o sagrado profanado. O deslocamento contextual encontra a gênese da fotografia como realidades múltiplas permitindo, desta forma, significações diferenciadas, sagradas ou profanas.
Os formatos de apresentação de material etnográfico nos meios de comunicação de massas e suas decorrentes consequências com a invasão do olhar leigo voyeur e massificado, muitas vezes preconceituoso e induzido pela mídia em relação às cerimônias e rituais tradicionais de culturas locais não globalizadas produz significações descontextualizadas muitas vezes pejorativas e elevadas ao campo do exótico. Entretanto, as mesmas imagens descoladas do contexto jornalístico reencontram seu referente vivificado no valor etnográfico das imagens publicadas no livro.

Fotografo - Pierre Fatumbi Verger - Bahia

Aos 17 anos Pierre Verger parou de frequentar a escola. Aos 30, após a morte de sua mãe, deixou Paris e os valores burgueses do ambiente onde cresceu. Iniciou suas viagens pelo Taiti, inspirando-se no pintor Paul Guaguin. Em 1946, tendo já viajado por todos os continentes, desembarcou em Salvador. Aqui encontrou uma cidade pequena e muito bonita, repleta de descendentes de africanos. Foi seduzido e resolveu ficar.
Desde o início das suas viagens ele fotografava. As suas escolhas de imagens demonstram um interesse particular por pessoas e expressões culturais e um talento especial para selecionar e registrar instantes eloquentes. Trabalhando, dançando, dormindo ou apenas posando, seus modelos são sempre naturais e expressivos.
Verger aprofundou seu pendor para a antropologia delimitando como temas a cultura negra, relações entre a África e a Bahia e o candomblé. Por suas pesquisas nessas áreas recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Sorbonne. E mais, tornou-se Babalaô, uma autoridade no candomblé.
Estas imagens são exemplos do seu trabalho como repórter fotográfico no Brasil, EUA, África e Taiti, ainda na primeira metade do século. Por suas fotos, muitos o consideram um dos precursores da antropologia visual. Ou seja, através do seu modo particular de fotografar pessoas e situações comuns, Verger seria capaz de reconstituir, em certa medida, o espírito de um lugar e de uma época. Nós, baianos, temos bastante material para averiguar isso no seu livro "Retratos da Bahia". E a comprovação ocorre quando reconhecemos a nós mesmos naquelas fotos.
Pierre Edouard Léopold Verger nasceu em Paris, dia 4 de novembro de 1902, filho de uma abastada família de origem belga e alemã. Sua vida transcorre sem imprevistos e grandes emoções até a morte da mãe em 1932. Ruma então para a Córsega, onde viaja 1.500 km a pé em companhia do fotógrafo Pierre Boucher, que o ensina a fotografar. Parte no mesmo ano para o Taiti em busca de uma vida nova. Em 1934 funda, com Pierre Boucher e outros, a agência de fotógrafos independentes Alliance Photo. Empreende viagens pela Europa, Caribe, América Latina, Ásia e África. É convocado às vésperas da Segunda Guerra para servir no Senegal. Dispensado após o armistício franco-alemão, segue em 1941 para América do Sul (Brasil e Argentina), fixando residência em Lima (Peru). Em abril de 1946 viaja para o Brasil. Chega a Salvador em agosto do mesmo ano, onde se estabelece e dá início ao seu longo mergulho na cultura afro-brasileira. Viaja pelo Nordeste brasileiro, Suriname e Haiti. Em outubro de 1948 é consagrado a Xangô, Deus do trovão, no terreiro de Dona Senhora (Salvador). Segue em novembro do mesmo ano para Dakar (Senegal), lá iniciando suas extensas pesquisas sobre os cultos africanos na África e no Novo Mundo. Em Benin é iniciado no culto de Xangô e recebe em 1952 o nome de Fátúmbí, "filho do trovão". Em 1966 defende na Sorbonne sua tese sobre o tráfico de escravos entre o Golfo de Guiné e a Bahia de Todos os Santos. Realiza nos anos seguintes viagens pela Nigéria, Benin, Caribe e Brasil. Falece em Salvador no dia 11 de fevereiro de 1996. Além de inúmeras publicações científicas, livros de fotografia e filmes documentários, Pierre Fátúmbí Verger produziu, ao longo de sua vida, cerca de 65 mil negativos de fotos, que se encontram hoje reunidos na Fundação que leva seu nome em Salvador.
Fotógrafo, etnólogo, antropólogo, autor de mais de 40 livros, Verger nasceu em Paris em 1902 de uma família burguesa de origem belgo-alemã. Seus pais eram donos de uma grande gráfica na capital francesa.
Começou a fotografar em 1932. Aos 30 anos, colocou o pé na estrada, e até 1946, viajou pela Europa, esteve na China, nas ilhas da Polinésia, no Japão, na África e no México. Na América Latina, esteve no Brasil em 41, seguindo para a Argentina. Entre 42 e 46, fixou residência em Lima, no Peru.
Em 46, voltou ao Brasil e foi contratado pela revista "O Cruzeiro". Fez reportagens sobre o candomblé, impressionando-se com a cultura dos descendentes africanos. Percebeu então que, de lado a lado, havia uma troca de influências entre africanos e brasileiros. A partir desse momento, a conexão cultural entre a África e o Brasil tornou-se o seu foco de interesse e marcou toda a sua obra.
Em 47, recebeu uma bolsa de estudos de Théodore Monod, diretor do Institut Français d'Afrique Noire, para estudar durante um ano na École Française d'Afrique. No ano seguinte, começou a escrever, tornando-se mais ocupado com suas pesquisas sobre a cultura afro que com a fotografia.
Em 49, Verger descobriu na África documentos dos séculos 17 a 19 sobre o tráfico de escravos entre o golfo da Guiné e a Bahia. Dedicou 17 anos de estudos a esse fato, tornando-se etnólogo doutorado pela Sorbonne de Paris, em 66, sem nunca ter frequentado aquela universidade. Sua tese deu origem ao livro Fluxo e Refluxo do Tráfico de Escravos Entre o Golfo de Benin e a Bahia de Todos os Santos nos Séculos 17 a 19.
Verger tornou-se, ele próprio, um agente ativo do intercâmbio cultural entre a África e a Bahia, levando e trazendo objetos, presentes e informações em suas muitas viagens. Em suas pesquisas, conheceu reis das nações iorubas (onde hoje fica a Nigéria) e envolveu-se com os rituais afros, tendo sido sagrado babalaô, adotando o nome FATUMBI- o renascido da graça de Ifé -, na África, em 52. Quando faleceu, em 11 de fevereiro de 1996, aos 93 anos, vivia em Salvador, numa casa pintada de vermelho, para lembrar que ele era filho de Xangô.
Verger produziu cerca de 65 mil negativos de fotos, além de filmes e gravações. Foi autor, com outro "baiano-estrangeiro", o pintor Carybé, de Lendas Africanas dos Orixás e da Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia, em torno do tema dos Orixás.
Seu último livro foi "Ewé" (Cia das Letras), sobre o uso medicinal e mágico das ervas. Resultado de 40 anos de compilação de inúmeras receitas, muitas delas ligadas aos rituais secretos dos iorubas, às quais teve acesso pelo seu envolvimento nos cultos, a publicação de "EWÉ" era considerada uma missão pelo próprio Verger.
Suas fotos e escritos são ferramentas importantes para o conhecimento da cultura mestiça afro-brasileira. Suas imagens de festas populares, de candomblés, procissões, de igrejas, praças e sobrados estão guardadas na Fundação Pierre Verger - um anexo à casa onde ele morava -, e registraram para sempre a alma baiana num exaustivo trabalho de documentação.

Fotografo - Mario Cravo Neto - Salvador 1947 – 2009

Nascido em 1947 em Salvador (BA), Cravo Neto começou na arte aos 18 anos, desenvolvendo trabalhos em escultura e fotografia --veja alguma de suas obras neste vídeo. Ele participou de cinco bienais de São Paulo (1971, 1973, 1975, 1977 e 1983), além de inúmeras mostras de fotografia na Europa e nos EUA.
 Criado no ambiente artístico de sua cidade natal iniciou suas primeiras experiências em escultura e fotografia aos dezoito anos de idade. Nesta época, o seu pai o escultor Mario Cravo Júnior, tendo sido convidado para tomar parte no programa "Artists in Residence" patrocinado pela "Ford Foundation" e o Senado de Berlim Ocidental, viajou para a Alemanha com toda a família. É em Berlim que Mario Cravo Neto, além de dedicar a maior parte do seu tempo ao trabalho criativo, experimentou o contato com artistas e intelectuais vindos de outras partes do mundo.
Sua obra é conhecida pelo diálogo com a religiosidade, com os cultos afro-brasileiros e por sua forte ligação com a Bahia. Lançou diversos livros, sendo o mais recente "O Tigre do Dahomey: A Serpente de Whydah", de 2004.

Fotografo - Eustáquio Neves - Juatuba, MG, 1955

O fotógrafo que não for curioso não sobrevive. Seja para o fotojornalismo – em que a notícia muitas vezes está escondida – seja na arte em que é necessário ver o que os outros “não veem”: o olhar curioso de quem quer sempre mais do que se tem é matéria principal para esta profissão.

O mineiro Eustáquio Neves está sempre pronto para encontrar uma nova maneira de mostrar algo. Suas fotos, que muitas vezes denunciam seu olhar social do mundo de hoje, apresentam técnicas misturadas: Eustáquio parece mais um alquimista.
Nascido em 1955, em Juatuba (MG), Eustáquio Neves é um fotógrafo autodidata. Com formação técnica em química industrial, Eustáquio atua como freelancer na área de publicidade e fotografia documental desde 1984, ano em que adquiriu seu primeiro equipamento fotográfico. Os conhecimentos assimilados no curso de química foram de grande auxílio quando o fotógrafo montou seu estúdio e um pequeno laboratório em Belo Horizonte. Na mesma época, criou com alguns amigos um grupo de estudos para discutir projetos autorais.
Em seu trabalho autoral, Eustáquio emprega técnicas fotográficas alternativas, manipulando negativos e cópias e incorporando-os nas suas imagens. O experimentalismo e o acaso exercem uma função expressiva fundamental no trabalho do fotógrafo. Boa parte de sua produção explora ricas composições com detalhes e elementos incorporados, como fragmentos de negativos, cópias de imagens, manuscritos e trechos de texto.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Fotografo - Walter Firmo - Rio de Janeiro

Walter Firmo é uma lenda viva da fotografia brasileira. Carioca de Irajá, 72 anos, com cinco décadas de ação profissional. Famoso por seus retratos seu acervo cobre fatos relacionados a uma temática social e bem brasileira, registrando nosso folclore, nossa cultura e personagens típicos, de norte a sul do país, além de célebres figuras da cultura brasileira.

O negro faz parte de mim e quando tive essa consciência fiz do meu instrumento de trabalho – a oratória do silêncio – um palanque voltado ao vislumbre em mostrar essa sociedade até então invisível, num patamar onde sua existência poética se alinhavasse ao seu trabalho, dança, religiosidade. Uma filosofia visual que transbordasse malemolência, alegria, tolerância, compreensão, aliada a uma dignidade onde a vida vale a pena ser vivida e mostrada.

Nascido no Rio de Janeiro em 1937 iniciou sua carreira como fotógrafo no jornal Última Hora, em 1957.
Tem no currículo passagem por alguns dos principais veículos brasileiros – as extintas revistas Realidade e Manchete, além da Veja e IstoÉ. Sua trajetória registra ainda exposições, livros publicados, workshops e aulas como professor universitário, além de atuação, em duas ocasiões, na Fundação Nacional de Arte (Funarte).

Fotografo - Bauer Sá - Bahia

Bauer Sá nasceu em Salvador em 1950, mora na mesma cidade onde desenvolve projetos autorais de fotografia baseados numa abordagem poética da questão do homem negro com suas divindades africanas.

Biografia

 Trabalhou durante dez anos como assistente do pai que era fotógrafo e tinha um laboratório preto e branco em Salvador. Frequentou o curso de Técnicas Avançadas de Laboratório e Conservação de Filmes e Papeis da Funarte de Rio de Janeiro (1983-85). Foi fotógrafo e chefe do Setor Fotográfico do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia no período 1982-92, durante o qual participou de numerosos projetos culturais. Atualmente fotografa para a área comercial e para projetos editoriais. Desde 1980 participa de numerosas exposições coletivas no Brasil e no exterior.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Fotografo Adenor Gondim - Bahia

Adenor Gondim é um dos nomes mais expressivos da fotografia documental no Brasil, com um trabalho que se debruça de forma forte sobre a cultura popular e religiosa, em especial da Bahia.
Nascido em 1950, natural de Rui Barbosa, interior da Bahia e filho de fotógrafo, Adenor Gondim começou os seus primeiros trabalhos junto ao pai, migrando para Itabuna em 1965, onde viveu e trabalhou como fotógrafo e, alguns anos depois, para Salvador, onde se formou em Biologia e continuou seus projetos com fotografia.
Na década de 1980, ele começou a se dedicar a projetos documentais e jornalísticos que envolviam o modo de vida e a religiosidade do povo baiano. Entre esses trabalhos está a pesquisa sobre a Irmandade da Boa Morte, que começou a ser desenvolvida em 1992 e continua até os dias de hoje.

O trabalho de Adenor Gondim também pode ser visto na internet por meio dos sites:

http://www.apenasbahia.blogger.com.br
http://www.apenascachoeira.blogspot.com

Fotografa baiana- Lita Cerqueira

Lita Cerqueira nasceu em 1952 em Salvador (BA), e no ano de 1971 deixou escola, família e trabalho para seguir em busca do sonho hippie. Fotógrafa autodidata, ela traduz, em sua obra, o cotidiano simples de anônimos, com cenas e retratos captados instantaneamente nas ruas.
Lita Cerqueira é uma figura de sensibilidade incomum, sua lente já clicou nomes como Nelson Pereira dos Santos, Wim Wenders, Waldick Soriano, Gal Costa e Moraes Moreira. Mas o que ela prefere mesmo é retratar gente mais simples, o povo brasileiro, principalmente dos cantões esquecidos do Brasil, onde, segundo a fotógrafa, as pessoas são espontâneas, fazem pose e se divertem quando clicadas.
As fotos são a resultante da sensibilidade de um olhar paciente, nada em sua fotografia tem a ver com as imposições que o mundo contemporâneo faz às imagens, em que as questões técnicas se sobrepõem à intuição. Autodidata, Lita Cerqueira apresenta um trabalho que pode ser reconhecido como um exercício entre compreensão e espontaneidade.
Suas imagens traduzem o cotidiano simples de anônimos no rico universo simbólico brasileiro e o resultado das fotografias revela também a mulher por trás da lente da câmera. Neste dia-a-dia retratado há muito dela própria, das dificuldades financeiras de sua família na sua infância no bairro de Caixa D'Água, em Salvador. Talvez por isso, temos a impressão de que ela sempre se coloca ao lado do outro para que a fotografia se apresente muito mais do ponto de vista intuitivo do que propriamente técnico.
A garota sorrindo, o menino tocando berimbau, a vendedora de bananas, os trabalhadores criando arte com barro, a religiosidade em praças e ruas. Através das imagens de cunho popular ela transita por um universo paralelo ao dos fotógrafos que se dedicam a captar cenas e retratos instantâneos do cotidiano.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Fotografo - Santu Monfokeng - África do Sul

(Johanesburgo, 1956) Vive e trabalha em Johanesburgo. 
O fotógrafo africano, Santu Monfokeng estudou na Witwatersrand University em Johanesburgo. 
Entre 1985 e 1987 foi membro do Afrapix Collective. 
Vem desenvolvendo pesquisas no Instituto de Estudos Africanos, da Witwatersrand University, desde 1988, e no Instituto de Pesquisas Sociais Avançadas, da mesma universidade, desde 1992. 
Desde 1982 trabalha como fotógrafo freelancer. 
O olhar de Santu é engajado e trata de construir narrativas. 
Seu interesse em histórias está nas relações entre comunidades e seu meio ambiente - real e imaginário. 
Ele não observa a paisagem de modo tradicional, como um espaço de beleza, mas como um espaço de profunda contemplação. 
Os tristes lugares são geralmente os mais ordinários. 
Há um limite muito tênue entre realidade e metáfora, e entre memória e narrativa. 
É nesse limite que Mofokeng explora as questões conflitantes da triste paisagem do Vietnã, dos campos de concentração poloneses e dos campos de guerra dos Anglo Boer da África do Sul. 
Dentro desse projeto, vem coletando fotografias antigas familiares das pessoas que vivem nas paróquias de Johanesburgo.

Nabil Boutros - Fotógrafo egípcio que vive em Paris

Nascido no Cairo em 1954 estudou no Arts-Déco du Caire e depois na Beaux-Arts em Paris, ele trabalhou com pintura, expos e criou desenhos para teatro e publicidade. Só em 1986 que se dedicou à fotografia. Entre 1990 e 1994, começou uma longa série de retratos de egípcios. A noite, locais habitados, são uma constante em seu percurso.
"A maioria dos projetos de Nabil Boutros são voltadas para o Egito". Em 1997, ele concluiu partes de um tema em religioso egípcio, tradicional, música religiosa e profana, é baseada em textos de Edward Al Kharrat fotografando livremente imagens na Alexandria e continuar uma documentação sobre os estilos de vida dos Coptas. "Nabil Boutros transporta suas visões luminosas no retorna ao Egito, focalizadas paradoxalmente em momentos de claro-escuro, onde, diz ele," que a vida deixa de ser deslumbrada pelo sol" (extraído do registro da AFAA).
"Sentimos também que a decoração ou o objetivo onde Boutros situa seus modelos não é simplesmente um atelier ou uma butique". É uma caverna, caverna onde o homem é soberano sobre seus tesouros de cobre, chiffons ou especiarias. E o personagem que ele nos mostra, não é, primeiro, um empalhador ou um comerciante de carvão: é um "habitante" no sentido mais forte da palavra... "(Bertrand Pingaud)