Aiye won a toro bi omi a-foro-pon!
Suas vidas serão puras e límpidas
como água apanhada na nascente,
logo cedo pela manhã!
Oxalá, também chamado Obatalá e Orixalá (Orisa-nla), é a divindade criadora, incumbida pelo Ser Supremo de criar a terra sólida, povoá-la e modelar a forma física do homem, sendo por isso, freqüentemente descrito como o representante de Olodumare na terra.
Oxalá possui outros nomes descritivos de sua natureza e caráter.
Obatala, contração de Oba-ti-o-nla, o rei que é grande ou Oba-ti-ala, o rei em vestes brancas.
Muito antigo, diretamente originado do Ser Supremo, compartilha com Ele alguns nomes:
A-te-rere-k-aiye = O que se expande por toda a extensão da terra;
Eleda = Construtor;
Alabalase = o regente que empunha o cetro (símbolo da autoridade divina);
Ibikeji Edumare = Representante de Olodumare; Adimula = Aquele que é suficientemente forte para nos dar segurança.
Freqüentemente representado pela figura de um ancião com trajes e ornamentos brancos, todos os objetos a ele associados são igualmente brancos, incluindo-se roupas e ornamentos de seus sacerdotes, sacerdotisas e devotos.
As pessoas que nascem defeituosas são chamadas Eni Orisa = Devotos do Orixá e devem respeitar certos tabus alimentares.
Os albinos estão incluídos entre os Eni Orisa e seus tabus alimentares são particularmente pesados.
Em algumas regiões é costume dizer-se a uma mulher grávida Ki Orisa ya 'na 're ko ni o = Possa Orixá realizar um belo trabalho de arte para nós.
Ouve-se dizer também:
Ki 'se ejo eleyin gan-n-gan;
Orisa l'o se e ti ko fi awo bo o
Os dentuças não devem envergonhar-se.
Foi Orixá quem os fez e não providenciou cobertura suficiente para seus dentes.
Oxalá é cultuado por toda a terra iorubá.
Segundo narra a tradição, seu lar de origem é Igbo:
Enití nwon bi l' ode Igbo ti o re j' obal' ode Iranje
Ele que nasceu em Igbo e foi reinar em Iranje.
Em Ile-Ifé é cultuado, pelo menos, sob três nomes.
Em Ifon onde segundo algumas tradições a mãe de Oxalá (!) teria nascido, é chamado Olufon;
em Ijaye, Orisa Ijaye;
em Owu, Orisa-Roowu;
em Oba, Orisa Oloba e assim por diante.
Mulheres estéreis pedem a benção de conceber; mulheres grávidas bebem água de seu santuário para terem filhos bonitos;
inválidos são tratados com essa mesma água, colhida de manhã bem cedo, devendo a pessoa que vai apanhá-la, permanecer em silêncio total durante a realização dessa tarefa.
A água de seu santuário deve ser trocada todos os dias para manter-se pura.
Antigamente apenas as mulheres virgens ou as já velhas, mulheres sem atividade sexual e de indiscutível reputação moral podiam apanhar água em sua nascente.
Durante todo o percurso de ida à fonte e retorno, para evitar que lhe dirijam a palavra, a pessoa que apanha a água faz soar continuamente o agogo, informando tratar-se de um cortejo sagrado.
Oxalá recebe em sacrifício igbin (caracol da terra) e banha de ori.
Totalmente identificado com a pureza, Oxalá exige alto senso de moralidade por parte de seus cultuadores, que devem ser como a água da nascente.
O procedimento do devoto de Oxalá deve ser correto e limpo seu coração:
Aiye won a toro bi omi a-f'oro-pon!
Suas vidas serão puras e límpidas como água apanhada logo cedo pela manhã!
Oxalá dá a seus filhos motivo para rir e eles riem.
Oxalá torna seus filhos prósperos:
Alase!
Oh, Portador do Cetro!
Oh, você que multiplica uma única pessoa por 200 !
Multiplique-me por 200
multiplique-me por 400
multiplique-me por 1460 !
fonte:
Deus, Divindades e Poder Ancestral
Capítulo 9
Portal Capoeira
Editor: Luciano Milani