Seguidores

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O culto Iorubá do Ibeji

A região Ioruba no oeste da Africa , possui a maior taxa de nascimento de gêmeos. São 45 a cada 1000 nascimentos. Segundo as tradições orais , esse povo acredita que gêmeos, ibeji, podem trazer tanto alegrias como dor para suas familias.O povo Ioruba , no passado, , não podia entender como uma mãe podia dar a luz a mais de uma criança por vez.
Todavia, as paraticas e as crenças foram mudando com o passar do tempo. Desde então começou-se a a louvar os gêmeos e acreditar que eles podiam trazer fortuna para as familias. Podemos tentar resgatar essa história , atraves das tradições orais Iorubás . Devido ao alto indice de mortalidade infantil e a essas mudanças nas praticas religiosas, o povo Ioruba começou a fabricar essas imagens em madeira para louvar, os ere Ibeji. Eram feitas na intenção de homenagear os gêmeos natimortos.Esse culto tem sido muito deturpado pela presença de outras religiões.
Nos primordios da religião Iorubá, os Ibejis não eram muito reverenciados. As pessoas não entendiam o porque de uma mãe ter dois filhos num unico parto. Alguns achavam que a mãe era promiscua, e ter mais de um filho representava ter mais de um parceiro. Outros acreditavam que gemeos eram sinal de mau agouro, e que trariam más influencias para a familia. Para solucionar esse impasse , matavam-se os bebes gemeos . A pratica infanticida era comum entre os Iorubas. Todavia em um determinado momento essa pratica mudou.
Na segunda metade do seculo XIX, ocorreu uma mudança nessa prática. Alguns atribuem ao contato com os estrangeiros, que achavam essa pratica imoral, e outros a algum fator interno da sociedade Ioruba. Atualmente o infanticídio não se pratica mais. Para que houvesse essa mudança , acredita-se que algo muito significativo deva ter alterado esse habito. Os Ibejis , são conhecidos como simbolos de poder e riqueza ou então de problemas. Tudo isso dependendo da maneira com que são cultuados.
Um dos motivos pelos quais essas mudanças são dificeis de serem compreendidas devem se ao fato de que suas tradições são transmitidas oralmente. Não ha registros escritos de algum africano sobre esse assunto. De qualquer modo sabe-se que houve umma grande mudança no comportamento no culto ao Ibeji dentro da sociedade Ioruba.
As imagens de Ibejis representam os gêmeos natimortos. A maior parte deles morrem logo apos o parto. Devido a alta taxa dessas mortes existe uma infinidade dessas imagens entre esse povo. São encomendadas pelos pais dessas crianças mortas. Os Iorubas acreditam que gêmeos tem a mesma alma. E com o nascimento ela se divide. A mãe irá cuidar dessas imagens de ere Ibeji como se fossem seus proprios filhos. Ate mesmo para escolher um escultor santeiro , para fazer esses ibejis , os pais consultam ifá. Uma vez escolhido o santeiro pelo babalaô, os pais trazem oferendas para ele. Um galo e dois ou tres obis. Com isso também está sendo louvado Ogum, protetor de todos aqueles que trabalham com ferro, e portanto daqueles que esculpem. Essa oferenda se realiza no altar de Ogum , junto a casa do santeiro.
Para obter sucesso no processo de esculpir, o artista ainda solicita alguns outros itens além desses. Para uma só criança, são necessárias duas pimentas ataré (Amomum meleguata) , dois peixes secos, dois ratos secos, dois igbin, dois galos ou galinhas, dependendo do sexo da criança, quadro barris de otin, dezesseis pedaços de um carneiro grande, quatro abóboras cheias de feijão, quatro cheias de milho, e quatro baldes de dendê.
Entretanto se forem gêmeos, os pais devem dobrar o numero de itens. E um galo para ser oferecido na base de uma árvore de Irê. Essa árvore é consagrada a Ibeji e sua madeira é usada na confecção das imagens. Caso os pais da criança natimorta, não atenderem a esse ritual, o processo será mais lento e ficarão expostos a sorte. A familia deve alimentar o escultor durante o processo de confecção das imagens, o que não demora mais do que uma semana. Para os artistas essa madeira não é difícil de ser trabalhada.
Quando o artista conclui o trabalho e se satisfaz com o resultado, ele procede com o ritual de banhar os ere Ibejis. Ele prepara uma mistura numa bacia bem grande onde possa mergulhar ambas as imagens. Esse preparado não pode ser reaproveitado, mas pode ser usado para mais de uma estatueta. Primeiramente ele prepara o agbo. Ese preparo consiste em pedaços da raiz da árvore de Igi Aka ou Akika , retalhos do broto de uma palmeira , pedaços da raiz da árvore de ijokun ou Ajekonbale, Idaro-agbedi ou refugo de ferro, uma porção de ataré , pedaços da raiz da árvore de Egbo-Elu, e vinho de palmeira ( otin ) puro. O Otin é mantido num barril que não pode ser depositado no chão após a coleta do vinho de palma, e é geralmente preparado pelo proprio artista.
Em seguida folhas de vagem são espremidas no vinho de palma. O artista usa essa mistura para lavar a escultura, para posterior secagem..
Depois que todas as raizes forem coletadas são colocadas em uma tijela para queimar. Despeja-se água fresca , orugo, dentro da tijela. Todas as manhas alguém tem que completar com mais água na mistura, mas nesse processo não pode falar com ninguém. Além disso um maço de ataré é quebrado e suas semantes são adicionadas antes que a mistura comece a ferver. A poção fica fervendo por uma hora e continua no fogão ate o dia seguinte.
continua...