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sábado, 24 de setembro de 2011

Rubem Valentim



Ele era Obá da Casa de Mãe Senhora, Iyalorixá do Axé Opô Afonjá, terreiro da nação ketu.
Era pintor amador de quadros, depois de iniciado na adolescência por Arthur Comé, pintor-decorador de paredes.
Deixou a profissão de dentista para se dedicar a pintura, a conselho de sua Mãe Senhora. A trajetória do Obá Rubem Valentim, obsessivamente dedicada aos orixás, é uma das aventuras mais fiéis a um tema na arte brasileira.
No entanto, como quem procura sua voz, a obra de Valentim trazia, mais profundamente, uma incessante busca da linguagem.
O machado duplo de Xangô, que corta de dois lados, foi um padrão principal e também a metáfora de uma arte que duplamente pensa na tradição ocidental e incorpora genuinamente as raízes africanas da cultura brasileira.
É o próprio artista que declara em seu Manifesto ainda que tardio:
"Intuindo o meu caminho entre o popular e o erudito, a fonte e o refinamento - e depois de haver feito algumas composições, já bastante disciplinadas, com ex-votos, passei a ver nos instrumentos simbólicos, nas ferramentas do candomblé, nos abebès, nos paxorôs, nos oxés, um tipo de 'fala', uma poética visual brasileira, capaz de configurar e sintetizar adequadamente todo o núcleo de meu interesse como artista.
“O que eu queria e continuo querendo é estabelecer um ‘design’ (que chamo Riscadura Brasileira), uma estrutura apta a revelar nossa realidade”. 


Biografia

Rubem Valentim (Salvador BA 1922 - São Paulo SP 1991). Escultor, pintor, gravador, professor. Inicia-se nas artes visuais na década de 1940, como pintor autodidata. Entre 1946 e 1947 participa do movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, com Mario Cravo Júnior (1923), Carlos Bastos (1925) e outros artistas. Em 1953 forma-se em jornalismo pela Universidade da Bahia e publica artigos sobre arte. Reside no Rio de Janeiro entre 1957 e 1963, onde se torna professor assistente de Carlos Cavalcanti no curso de história da arte, no Instituto de Belas Artes. Reside em Roma entre 1963 e 1966, com o prêmio viagem ao exterior, obtido no Salão Nacional de Arte Moderna - SNAM. Em 1966 participa do Festival Mundial de Artes Negras em Dacar, Senegal. Ao retornar ao Brasil, reside em Brasília e leciona pintura no Ateliê Livre do Instituto de Artes da Universidade de Brasília - UnB. Em 1972, faz um mural de mármore para o edifício-sede da Novacap em Brasília, considerado sua primeira obra pública. O crítico de arte Frederico Morais elabora em 1974 o audiovisual A Arte de Rubem Valentim. Em 1979, Valentim realiza escultura de concreto aparente, instalada na Praça da Sé, em São Paulo, definindo-a como o Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira e, no mesmo ano e é designado, por uma comissão de críticos, para executar cinco medalhões de ouro, prata e bronze, para os quais recria símbolos afro-brasileiros para a Casa da Moeda do Brasil. Em 1998 o Museu de Arte da Moderna da Bahia - MAM/BA inaugura a Sala Especial Rubem Valentim no Parque de Esculturas.