Cultura do povo ioruba
O cabelo possuía tal importância entre os iorubas, que
servia para demonstrar o poder político.
Em várias partes do território iorubano, os mensageiros do
Oba usavam penteados característicos, para serem identificados em público
comunicando a sua posição social como Ilari.
Também usavam leques verdes ou vermelhos, como credenciais.
Os mensageiros reais eram frequentemente reconhecidos pelo
Ifari Apakan, metade raspada do crâneo.
É importante notar a semelhança desse penteado, na
representação das imagens de Exu, em relação ao Ilari ou Emese, (outro termo
para designar o mensageiro real).
As figuras de Exu encontradas nos altares estão
frequentemente adornadas com um capuz com cores diferentes em cada lado,
evocando a metade raspada da cabeça dos mensageiros reais.
Alguns sacerdotes de Exu também usam esse penteado. Esse
padrão duplo denota a posição do mensageiro como agente catalizador do axé.
Note-se também a semelhança entre o penteado fálico de Exu
com o dos mensageiros reais.
Para assegurar lealdade, trazer coragem e confiança, e
instilar no povo o medo de seus poderes sagrados, os Ilaris submetiam-se
frequentemente a rituais, nos quais sua cabeça era preparada com encantamentos,
Após o ritual, o cabelo podia crescer, até que fosse raspado
novamente.
No passado havia centenas de Ilari de ambos os sexos, homens
e mulheres em numero equilibrado.
Os mais jovens entre eles, executavam as tarefas mais
servis, ao passo que os mais velhos atuavam como guardas ou como mensageiros do
outro mundo, através de sacrifícios.
Os Ilaris possuíam títulos cujos nomes faziam referencia ao
rei, tais como Oba l´olu (o rei é supremo) ou Mandarikan (não se oponha a ele).
Todas as províncias de Oyó possuíam os seus mensageiros,
frequentemente entre os eunucos, designados pelo Alaafin, que funcionavam tanto
como coletores de impostos quanto espiões.
Oyó designava esses funcionários tanto para visitar quanto
para viver no Daomé e no corredor Egbado para receber os tributos e espionar o
desempenho militar dos vizinhos.
Em Ifé também havia esse tipo de cargo, ocupado por pessoas
mais idosas, conforme atestam as figuras de terracota que os retratavam.
Foto de Pierre Verger