Egungun (Egúngún, Egun) é uma divindade cultuada por homens,
frequentemente denominados "mascarados", porque estão inteiramente
cobertos por panos.
Há quatro tipos de Egungun, dos quais nem todos possuem
mascaras entalhadas fazendo parte de seus trajes.
O mais poderoso dentre eles é aquele que na sua vida passada
matou feiticeiras e praticantes da magia negra.
A classe mais numerosa de Eguns é aquela que aparece em
público dançando nas cerimonias de máscaras nas festividades Egungun.
O terceiro tipo é aquele que usa uma roupa debruada que
parece um saco, personificando um parente masculino recém-falecido.
O quarto tipo, que aparece primordialmente para a diversão, entretêm
os espectadores com rápidas mudanças de roupa e com mascaras entalhadas,
mimetizando várias pessoas e suas ocupações.
Os trajes são usados apenas por homens. As mulheres podem
cultuar os Egungun e assistir suas danças, porém não podem ver seus trajes
enquanto não estão sendo usados e tão pouco, dizer quem está usando determinada
roupa. “Se uma mulher souber o segredo, deve guardá-lo.". Um verso conta a
historia de uma mulher que pegou o traje do Alapinni, o mais alto membro na
hierarquia do culto Egungun, para guardá-lo num recinto para protege-lo da
chuva; O Alapinni ameaçou de matá-la e exu teve que intervir para salvá-la.
Tanto o quarto onde a roupa seria guardada quanto o local onde ela seria
executada, chamam-se igbale, nome dado ao bosque sagrado dos Egunguns, aonde se
oferecem sacrifícios e aonde se matam as feiticeiras. Esse nome aparece em dois
outros versos. Quando a Desobediência ignorou o aviso e ocupou um pedaço do
bosque sagrado para o cultivo agrícola, Egungun apareceu e cantou, "Você
conhecia o tabu; porque desobedeceu?" Após o incidente a Desobediência
desistiu de seu cultivo, tornando-se uma fiel seguidora de Egungun, carregando
suas roupas. Orunmila fez um sacrifício no bosque sagrado e depois desposou a
esposa de Àgon. Esta pode ser uma referencia a Àgon, o carrasco de Egungun, porém
da forma que o verso foi transcrito o sentido não é o mesmo.
Os fieis de em Ifé dizem que Amaiyegun é o nome dado à
divindade que ensinou o povo confeccionar e usar os trajes de Egungun. No verso
de Salako “foi um "Estrangeiro Forte" identificado com egungun, que
foi até Peri para curar pessoas e dar-lhes filhos, e em seguida pediu-lhes para
fazerem uma roupa com um véu para si. A roupa ou túnica que serve de traje e o
véu através do qual os dançarinos podem enxergar estão citados em vários outros
versos. Diz-se também que "O Egungun que nos ajuda é aquele a quem
presenteamos o traje".
O culto dos ancestrais tem sido chamado de Egungun, mas as
opiniões divergem quanto à interpretação dos dançarinos de máscaras. Alguns
dizem que eles são ancestrais falecidos que voltaram do céu, porém os fieis de
egungun em Ifé, Oyó e Igana, afirmam que isso só se aplica ao terceiro tipo com
seu traje em forma de mortalha, apesar dos Egunguns do segundo tipo poder
dançar durante os funerais. Em Oyó diz-se que esses Eguns do terceiro tipo
aparecem apenas em funerais dos iniciados nesse culto, e dos chefes de
linhagem. Pelo fato de Egungun ser conhecido como "pessoa do outro
mundo" (ará òrun), isso significa que seus adoradores dedicavam-se ao seu
culto antes de terem nascido, e que não são ancestrais reencarnados. Apenas três
versos sugerem uma relação entre o culto ancestral, "Eles (Ele) ofereceu
sacrifício para Egungun fora de casa; eles sacrificam para as divindades de
fora". Porém isso pode significar apenas que havia adoradores de Egungun
dentro de casa.
Conta-se que quando Egun chegou à Terra, ofereceu um
sacrifício e "Egungun tornou-se mais poderoso que os humanos". Dois
tipos de Egungun recusam-se a sacrificar suas espadas, e Egungun Eleru degola
Agunfon. Ele também é conhecido como Alukilaka; vai ao Egba Yoruba para o
divino, eles o cultuam, e ele engendra Abuja Aka. Egungun, Xangô e dada são
filhos de Yemoja. Egungun está mencionado ocasionalmente em outros versos, e
ele também aparece com seu rival, Oro. Ele e Oro viviam e trabalhavam juntos,
mas Egungun gastou todo dinheiro que havia ganhado para comprar tecidos (para
seus trajes); este é o motivo pelo qual nunca mais saíram juntos, o que explica
o provérbio "Não se vê egungun numa festividade Oro". O chefe de Ejigbo,
identificado como Egungun, foi morto por ordem de Oro. Isso é negado por vezes
por seus fieis, pois os versos tornam claro que tanto Egungun quanto oro são
divindades; eles vieram para a Terra com Xapanã e Ogum, e, como eles,
tornaram-se imortais. Ambos recebem e oferecem-se sacrifícios.
William Russell Bascom
1912-1981
William R. Bascom nasceu em 1912 em Princeton, Illinois.
Diplomou-se em Física no ano de 1933 na Universidade de
Wisconsin, Madison.
Decidiu tomar um rumo diferente em carreira obtendo o
mestrado em Antropologia em 1936.
Em 1939, foi o primeiro aluno a receber um Ph.D. em
Antropologia na Northwestern University como discípulo de Melville Herskovits.
Publicou Sixteen Cowries: Yoruba Divination from Africa to
the New World (1980) Dezesseis búzios: adivinhação ioruba da África para o Novo
Mundo (1980).
Ifa Divination, Traduzido - Bascom, William
Sixteen Cowries - Extratos do livro - Bascom, William
Sixteen cowries: Yoruba divination from Africa to the New
World
Autor William Russell Bascom
Edição reimpressão, ilustrada
Editora Indiana University Press, 1993
ISBN 0253208475, 9780253208477
Num. págs. 790 páginas