Recursos da nobreza e da realeza
Enquanto o sistema feudal europeu da Idade Média foi baseado
na posse de terras, através da espoliação de seus habitantes, criando a
nobiliarquia das terras, na África Negra nem reis nem senhores jamais se
sentiram possuidores de terras. A posse de terra jamais polarizou a consciência
do poder politico. Do que então vivia essa nobreza? Quais eram os recursos
materiais e as finanças de um rei?
Espólio de guerra
As campanhas militares no estrangeiro também eram muito
lucrativas. Seja para proteger as fronteiras com para aumentar o tamanho dos
países, os soberanos empreendiam campanhas militares, fora dos territórios
habitados por seus próprios súditos, a quem tinham que proteger. Havia uma
ocasião propícia sempre que dois estados contíguos não fossem aliados. As
fronteiras estavam protegidas em constante vigilância e algumas vezes um
reflexo defensivo acabava por faiscar num conflito. As propriedades dos
vencidos seriam apropriadas pelos vencedores.
El Hajj Askia Mohammed moveu uma expedição contra Kashena.
Em fevereiro de 1514 começou outra contra El-Odala, o sultão de Agadez que
terminou em fevereiro de 1515. No entanto, ele não deu o quinhão de seu espólio
a seus vassalos, e um deles, Kotal, o chefe Liki, também chamado Konta,
revoltou-se contra ele. Seguiu-se uma batalha cujas tropas de Askia não puderam
vencer. Foi dessa maneira que Konta livrou-se da autoridade do Askia. Essa
situação durou até o fim do império de Songhai. Seguiu-se uma tentativa
frustrada de reconquista de 1516 a 1517.
Devemos assinalar três fatos. Contrariamente ao que se
sugere, essas expedições eram dirigidas contra territórios estrangeiros, pelas
razões citadas, e não contra os súditos do soberano que viviam dentro de seu
reino. Esse grande erro político só era, cometido por desespero, por alguns
reis estrangeiros de menor cepa. Esse foi provavelmente o caso dos Damels de Cayor,
que estavam confinados dentro de um país relativamente pequeno e pobre, além de
suas fronteiras onde ficavam reinos poderosos e hostis, os quais teria sido impensável
atacar.
O espólio era de fato uma fonte de renda.
Finalmente Konta, o chefe que ganhou sua liberdade, não era
nem um servo civil nem um líder do exercito amotinado, mas um pequeno rei de
uma região estrangeira que havia sido anexado e, por conseguinte readquiriu sua
independência.
O Askia era o centro do sistema administrativo, no qual os
trabalhadores eram todos seus parentes. Vimos que ele designava todos os
cargos, alguns dos quais foram para seu filho. Ele nomeava o cadi, os generais,
e assim por diante. E, vez por outra, pedia a um alto funcionário promovido a
um cargo mais importante para nomear seu sucessor. O Askia El Hadj cuja ascensão
foi em 1582, após reprimir uma revolta palaciana, elevou Denkelko a kala-châ,
que permaneceu fiel a ele no cargo de hi-koï não hesitando de escolher para o
trono seu próprio filho.
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