Xangô (Sàngó) é o deus do trovão. Vive no céu ele arremessa
suas pedras de raio sobre a Terra, matando aqueles que o ofendem ou ateando
fogo em suas casas.
Seus projéteis são lascas de pedras pré-históricas que os
agricultores encontram de vez em quando enquanto aram seus campos; são levadas
para os sacerdotes de Xangô, e guardadas em seus santuários dentro de um prato
sustentado por um almofariz de cabeça para baixo, que também serve como
banqueta para os iniciados sentarem-se enquanto suas cabeças estão sendo
raspadas. As pedras presentes nos sacrifícios para Xangô podem ser uma alusão
aos seus raios, e num de seus versos ele mata um leopardo atingindo--o com seu
almofariz. Ele possui um tambor especial conhecido como bata, e um verso
explica que bata, que havia sido seu amigo de infância, tornou-se seu aliado e
representante; Xangô sacrificou um tambor bata, motivo pelo qual “Bata não pode
deixar de segui-lo" e porque seu povo lhe oferece dinheiro, roupas e galinhas.
Suas comidas favoritas compreendem a noz de kola amarga (orobô), e mingau de
inhame, mas os versos não mencionam nem cozido de quiabo nem carneiros.
Diz-se que Xangô sucedeu seu pai Oranmiyan, como um dos
primeiros reis de Oyó, e vários versos contam que ele tornou-se rei. Foi
distinguido por seus poderes mágicos e temido pelo fogo que saia de sua boca
quando falava. Um dos versos mostra Xangô acendendo uma bucha em sua boca,
feita com o as cascas oleosas da noz de kola usadas para fazer tochas e iscas
de fogo (itufu). Diz-se que no estado de possessão seus iniciados podem comer
fogo, possivelmente usando itufu, carregar uma tigela cheia de brasas sobre a
cabeça, ou colocar a mão sobre brasas vivas sem danos aparentes. Outro verso
aconselha, "Devemos usar itufu para obter ajuda de Xangô.". De acordo
com um mito, a saída de Xangô de Oyó e seu suicídio por enforcamento deveram-se
a uma derrota numa competição de magia. Entretanto quando seus fieis ouvem
raios e trovoadas, gritam: "O rei não se enforcou", uma saudação
registrada num dos versos. Aprendemos que sua cidade é Koso, aonde ele se
enforcou, e que Xangô, Dada e Egungun são irmãos da mesma mãe, Yemoja.
William Russell Bascom
1912-1981
William R. Bascom nasceu em 1912 em Princeton, Illinois.
Diplomou-se em Física no ano de 1933 na Universidade de
Wisconsin, Madison.
Decidiu tomar um rumo diferente em carreira obtendo o
mestrado em Antropologia em 1936.
Em 1939, foi o primeiro aluno a receber um Ph.D. em
Antropologia na Northwestern University como discípulo de Melville Herskovits.
Publicou Sixteen Cowries: Yoruba Divination from Africa to
the New World (1980) Dezesseis búzios: adivinhação ioruba da África para o Novo
Mundo (1980).
Ifa Divination, Traduzido - Bascom, William
Sixteen Cowries - Extratos do livro - Bascom, William
Sixteen cowries: Yoruba divination from Africa to the New
World
Autor William Russell Bascom
Edição reimpressão, ilustrada
Editora Indiana University Press, 1993
ISBN 0253208475, 9780253208477
Num. págs. 790 páginas