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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Cultos mágicos assemelhados


Toré

O Toré de origem ameríndia, onde as pessoas buscam remédios para suas doenças,
procuram, conselhos com os caboclos que baixam. O Mestre defuma receita aconselha.
Certamente é o mesmo Catimbó dos arredores dos grandes centros nordestinos, onde
destituídos de melhores condições financeiras procuram-no como oráculo, para minorar
seus penares e desditas.
No Toré não são invocados espíritos brancos, isto é, espíritos de pessoas que morrera.
No Toré baixam só caboclos e também alguns juremados. Juremado é o que está nos
ares, quando ainda vivo bebeu jurema ou ao morrer estava sob uma juremeira. O
juremado é um espírito em caboclização que o torna não perigoso.

Toré
Os dois maracás,
um fino e outro grosso,
fazem alvoroço
nas mãos do Pajé:
— Toré!
— Toré!
Bambus enfeitados,
compridos e ocos,
produzem sons roucos
de querequexé!
— Toré!
— Toré!
Lá vem a asa-branca,
no espaço voando,
vem alto, gritando...
— Meu Deus, o que é?
— Toré!
— Toré!
— É o Caracará
que está na floresta,
vai ver minha besta
de pau catolé...
— Toré!
— Toré!
Cabocla bonita,
do passo quebrado,
teu beiço encarnado,
parece um café
— Toré!
— Toré!

poema de Ascenso Ferreira

Pra te ver, cabocla!
na minha maloca,
fiando na roça,
torrando pipoca,
eu entro na toca
e mato onça a quicé!
— Toré!
— Toré!

Publicado no livro Cana caiana (1939).
In: FERREIRA, Ascenso. Poemas: Catimbó, Cana Caiana, Xenhenhém. Il. por 20 artistas plásticos
pernambucanos. Recife: Nordestal, 1981

Catimbó é uma pratica mágica baseada no Cristianismo de onde apóia toda a sua doutrina religiosa. O Catimbó não inventa Deuses ou os importa da África porque não faz parte das religiões afro-brasileiras.
Isto pode parecer polêmico, mas, o Catimbó não é afro, não é Candomblé e não é a Umbanda como se conhece comumente, mas pode ser considerado uma manifestação de Umbanda.
Catimbó não é uma religião ou seita. Podemos de considerá-lo um culto, uma vez que não encontrarmos os elementos estruturados que são característicos, como os fundamentos religiosos próprios, com liturgias e dogmas.
O Catimbó se apoia totalmente na religião católica, apesar de guardar um pouco das práticas
pagãs, vindas da bruxaria europeia.
Ele pode se parecer um pouco com a Umbanda, mas, nem um pouco com o Candomblé. A semelhança com a Umbanda é devido ao trabalho com entidades incorporadas. Entretanto, os Mestres do Catimbó possuem uma teatralidade de incorporação muito típica e discreta, e o Catimbó esta longe do “trabalho de palco” da Umbanda.
Outra infeliz coincidência é a presença da entidade Zé Pelintra que no Catimbó é dito como
mestre e na Umbanda é muito cultuado como Exu e malandro. Catimbó não é a Umbanda que você conhece!
O Catimbó tem uma raiz índia que foi se perdendo com o tempo. Não há dúvida que o Catimbó é Xamanista com muita prática de pajelança, mas, não é baseado em Caboclos e sim em Mestres, apesar de os Caboclos também terem participação. O Catimbó não é muito diferente ou melhor do que estes cultos que citamos, não podemos dizer inclusive que suas entidades sejam de nível superior, pelo contrário, sob o ponto de vista espírita-kardecista são ainda entidades de baixa energia e que guardam muitas referências com a última vida que tiveram em "terra fria".
No Catimbó faz se o bem, através de curas, problemas sentimentais, mas, também o mal, dependendo da cabeça de que o dirige, infelizmente, como em outras práticas. O Catimbó é influenciado pela feitiçaria europeia de onde adotou várias práticas.

Catimbó

O Catimbó é uma reunião alegre e festiva quando em sua forma de roda (ou gira), mas, pela falta da corrente doutrinaria formal vários formatos serão encontrados, dependendo da “ciência”, vidência, maturidade e ética de quem o dirige e realiza, podendo ser práticas bem soturnas.

Aroeira
Aroeira é mestre
é bom mestre
aroeira é mestre curador.
Junqueira
É o mestre Junqueira
da lagoa do jucá.
Juntando eu venho
juntando eu vou
o desembaraçando eu venho
o desembaraçando eu vou.
Pereira
Pau pereira
pau pereira
pau da minha opinião.
Todo pau que cresce e brota
não é o pau pereira então

Terecô.

È a denominação dada à religião afro-brasileira tradicional de codó. Além de muito
difundido em outras cidades do interior e na capital maranhense, o terecô é também
encontrado em outros estados da federação, integrado ao tambor-de-mina ou a
umbanda.
Em Codó tanto no passado como na atualidade alguns terecozeiros ficaram também
famosos realizando trabalhos de magia por solicitação de clientes ávidos por vingança,
de políticos ou de pessoas dispostas a pagar por eles elevadas somas o que lhe valeu
fama de terra do feitiço.
Afirma-se que nestes trabalhos e práticas terapêuticas os terecozeiros associam à sabedoria herdada de velhos africanos, entes indígenas, práticas do Catimbó e da feitiçaria européia e que também apóiam no tambor-de-mina, na umbanda e na quimbanda que se encontra em expansão no codó.

Pajelança

Não se pode falar em Catimbó sem se referir à Pajelança. Ambos se identificam, muito
embora em regiões diferentes. A Pajelança é uma forma de religião praticada no
Amazonas, Pará e Piauí.
Sua prática reúne uma mistura heterogênea de rituais de várias outras religiões. Nela
são encontrados ritos de Candomblé, Xangô, Catimbó´, Espiritismo, Catolicismo e práticas.
de origem indígena.
Nas suas reuniões, o Pajé e as demais pessoas presentes bebem o tafiá (cachaça),
enquanto o chefe dirigente se prepara para atender aos consulentes.
Após a invocação dos encantados que baixam, é feita a indagação da causa dos males
que afligem este ou aquele filho. É também procurada a puçanga (receita) indicada para
cada caso.
Os encantados que receitam, geralmente, são almas de animais que encarnam no Pajé.
Caso esse encantado não conheça o remédio eficaz, indica qual o meio a seguir.
O pajé sua sempre na mão o maracá e um feixe de plumas de ema. O único instrumento
musical usado na Pajelança é o maracá que se transformam em instrumento mágico
quando manejado por ele.

Livro:
Encantaria Brasileira reúne, pela primeira vez, em um único livro doze artigos de pesquisadores cujos estudos focalizam o candomblé de caboclo, o tambor-de-mina, o jarê, o catimbó, a umbanda, o terecô, a pajelança, a encantaria etc. nos quais não se pretende apenas analisar e registrar essas religiões, mas desmistificá-las, revelando a beleza e a plasticidade de seus rituais, filosofias e organizações, Sob esse aspecto, é um livro que veio para marcar época nos estudos dessas religiões tão plurais que se originaram e desenvolveram em solo brasileiro.

Autor Reginaldo Prandi
fonte:
Catimbó
site destinado ao Catimbó e aos seus mestres     
http://www.povodesanto.com.br/catimbo/default.htm