Nas artes visuais , inspiração e conceito são forças motrizes na execução de uma obra , seja nas artes plasticas como no design. Os tradicionais murais Iorubá tem sido na maiori dos casos executados para a veneração de um Orixá e a maior parte deles são para o Obá ou para indivíduos ricos e influentes Apesar dos artistas atribuirem a sua inspiração pelas forças espirituais para a execução desses murais, percebeu-se que os Oriki tem sido uma forte influencia na interpretação e execução desses murais.
Devido a abundância de argila, e de materiais retirados do solo, além da sensiblidade do artista ioruba na simplicidade do uso das côres, ( que são de natureza policrômica ) , pode-se explicar a prepoderância da tradição de arte da pintura mural , no território Iorubá.
Ja os vermelhos (pupá) ão derivados de materiais vegetais como o Ibujé ( randia maculata) , folhas de Ijokun ( mucuna solenei), e Osun retirado de uma madeira chamada Tacula ( Pterocarpus Osun) .
O preto ( dudu) é retirado do carvão .
O branco (funfun) é obtido da casca do ovo aquecida a uma certa temperatura e moida num fino pó, mas também é derivada do caulim ou giz.
Para fixar esses materiais e para aderirem a superficie das paredes, usa-se o eko tutu , um mingau coagulado, aonde se misturam os pigmentos.
É digno de nota mencionar que a obtenção e preparo desses materiais é um processo entediante e cansativo.
Atualmente observamos algumas mudanças na execução dessas pinturas.
Os diversos estudos sobre os murais Iorubás tradicionais são muito reveladores e muitos deles senão a maioria, tem sido documentada..Isso nos fornece bastante dados para futuras analises e pesquisas. Numa apreciação geral , as pinturas são específicamente feitas ára a veneração do Orixá, e os materiais usados são praticamente os mesmos em todos lugares.
Ha um empenho para interpretar as inumeras figuras simbólicas dessas pinturas.
Tem-se alcançado uma interpretação ao esquadrinharmos a riqueza do significado cultural Iorubá, religião , mitos, contos, folclore, e tradição oral. Isso tem ajudado a ampliar nossos conhecimentos sobre esses murais e seus significados.
Exemplo:
A espada pintada no mural pode ser a que está mencionada numa frase de Oriki..
Orikis são poemas feitos especialmente para lembrar das passagens da vida de uma pessoa sob um prisma de exaltação e glorificação.
A cantiga Yungba é uma das importantes variedades de oriki reservada apenas aos nobres de Oyó, nas pessoas do rei ( Alaafin) seu filho ( Aremo) e o irmão mais velho do rei (baba Iyaji) . Entretanto podem haver menções a outras pessoas no percurso dessas passagens. O cantiga Yungba recitada pelos Akinyungbás é especial para documentar todas as principais atividades que aconteceram durante o reino de cada Alaafin.
Uma dessas passagens se deu durante o reinado do Alaafin Ladigbolu que encomendou um mural do palácio. O Akkinyungba documenta a amizade estreita entre Siyanbola Ladigbolu e o capitão Ross. O capitão foi fundamental no processo de entronização do Alaafin Ladigbolu após a morte de seu pai. E claro, Ross conseguiu esse exito com a ajuda do Oyó- mesi. Esse fato marcou uma das mudanças sócio-culturais testemunhadas pelo povo Iorubá durante a chegada dos governantes coloniais.Os colonizadores pretendiam ter uma influencia em tudo aquilo que os cercava. E foi essa influencia que desencadeou a mudança constitucional no sistema de sucessão da monarquia em Oyó, na qual o principe não mais cometia suicídio com a morte de seu pai, mas tinha a chance de sucede-lo. Foi esse o meio com que os governantes coloniais conseguiram implantar o seu infame sistema de regra direta. Foi isso que acabou resultando no gradual enfraquecimento e usurpação dos poderes dos Obas.
Nessa cantiga Akinyungba diz:
Ògún méje l’Ògún mi:
Ògún Alárá níí ’gb’ajá;
Ògún Onírè a gb’àgbò;
Ògún Ìkolà a gbà’gbín;
T’elémonà níí’gba isu sísun
Ògún Akinrin a gbà’wo àgbò;
Ògún gbénà-gbénà, eran ahun l’ó máa je.
Ha sete designações de Ogun que recebem minha devoção:
Ogunm Alara é o que come carneiro.
Ogum Onire é o que come carneiro
Ogun da Cirurgia (circuncisão) habitualmente come igbin
Aquele de Elemona é o que come inhame grelhado
Ogum Akinrin habitualmente come o chifre do carneiro
Ogum dos artesãos , é o que come a carne da tartaruga
Além da representação do carneiro na pintura, são mencionados outros animais neste oriki, que não estão pintados. O artista deve te-los excluido por falta de espaço ou por alguma preocupação com a composição estética.
A côr favorita de Ogum é o vermelho, o que no simbolismo Iorubá significa furia, marcando o temperamento feroz e volátil da divindade.
Ijó tí Ògún nti orí-òkè bò
aso iná ló mú bo ra
èwù èjè ló wò
O dia que Ogum desceu da colina
ele estava coberto com fogo
e vestia roupas de sangue.
Oxum , um dos orixás femininos, cuja fertilidade é considerada como uma das principais divindades femininas, em consequencia de ser o simbolo da maternidade. Em sua homenagem, ha uma parte do receptáculo de Ogboni em Ilesa, dedicado a ela. Como provedora de filhos, mulheres de toda a região visitam seu templo. ( O bosque de Oxum em Oshogbo) para tomarem banhos na esperança de uma dádiva de filhos. Por isso ela é louvada assim:
sélèrú àgbo, àgbàrá àgbo,
l’ òs’ún fi we omo rè
kí dókítà ó tó dé
Torrentes de poções
É onde Oxum banha seus filhos
Antes que venham os doutores.
A figura ajoelhada no altar de Ogboni representa tal estima. Ele simboliza " Ikunle abiamo " ( dores de parto). Ikunle abiamo simboliza sumariamente a mulher em dores de parto, no momento exato em que a criança está para nascer. Referindo-se ao esse momento crucial os iorubás costumam dizer:
E rántí ìkúnlè abiamo
Lembre-se das dores de parto
fonte:
Ijele
Art eJournal of the African World (2002)
The Importance of Oriki in Yoruba Mural Art
Stephen Folárànmí
Ja os vermelhos (pupá) ão derivados de materiais vegetais como o Ibujé ( randia maculata) , folhas de Ijokun ( mucuna solenei), e Osun retirado de uma madeira chamada Tacula ( Pterocarpus Osun) .
O preto ( dudu) é retirado do carvão .
O branco (funfun) é obtido da casca do ovo aquecida a uma certa temperatura e moida num fino pó, mas também é derivada do caulim ou giz.
Para fixar esses materiais e para aderirem a superficie das paredes, usa-se o eko tutu , um mingau coagulado, aonde se misturam os pigmentos.
É digno de nota mencionar que a obtenção e preparo desses materiais é um processo entediante e cansativo.
Atualmente observamos algumas mudanças na execução dessas pinturas.
Os diversos estudos sobre os murais Iorubás tradicionais são muito reveladores e muitos deles senão a maioria, tem sido documentada..Isso nos fornece bastante dados para futuras analises e pesquisas. Numa apreciação geral , as pinturas são específicamente feitas ára a veneração do Orixá, e os materiais usados são praticamente os mesmos em todos lugares.
Ha um empenho para interpretar as inumeras figuras simbólicas dessas pinturas.
Tem-se alcançado uma interpretação ao esquadrinharmos a riqueza do significado cultural Iorubá, religião , mitos, contos, folclore, e tradição oral. Isso tem ajudado a ampliar nossos conhecimentos sobre esses murais e seus significados.
Exemplo:
A espada pintada no mural pode ser a que está mencionada numa frase de Oriki..
Orikis são poemas feitos especialmente para lembrar das passagens da vida de uma pessoa sob um prisma de exaltação e glorificação.
A cantiga Yungba é uma das importantes variedades de oriki reservada apenas aos nobres de Oyó, nas pessoas do rei ( Alaafin) seu filho ( Aremo) e o irmão mais velho do rei (baba Iyaji) . Entretanto podem haver menções a outras pessoas no percurso dessas passagens. O cantiga Yungba recitada pelos Akinyungbás é especial para documentar todas as principais atividades que aconteceram durante o reino de cada Alaafin.
Uma dessas passagens se deu durante o reinado do Alaafin Ladigbolu que encomendou um mural do palácio. O Akkinyungba documenta a amizade estreita entre Siyanbola Ladigbolu e o capitão Ross. O capitão foi fundamental no processo de entronização do Alaafin Ladigbolu após a morte de seu pai. E claro, Ross conseguiu esse exito com a ajuda do Oyó- mesi. Esse fato marcou uma das mudanças sócio-culturais testemunhadas pelo povo Iorubá durante a chegada dos governantes coloniais.Os colonizadores pretendiam ter uma influencia em tudo aquilo que os cercava. E foi essa influencia que desencadeou a mudança constitucional no sistema de sucessão da monarquia em Oyó, na qual o principe não mais cometia suicídio com a morte de seu pai, mas tinha a chance de sucede-lo. Foi esse o meio com que os governantes coloniais conseguiram implantar o seu infame sistema de regra direta. Foi isso que acabou resultando no gradual enfraquecimento e usurpação dos poderes dos Obas.
Nessa cantiga Akinyungba diz:
Ògún méje l’Ògún mi:
Ògún Alárá níí ’gb’ajá;
Ògún Onírè a gb’àgbò;
Ògún Ìkolà a gbà’gbín;
T’elémonà níí’gba isu sísun
Ògún Akinrin a gbà’wo àgbò;
Ògún gbénà-gbénà, eran ahun l’ó máa je.
Ha sete designações de Ogun que recebem minha devoção:
Ogunm Alara é o que come carneiro.
Ogum Onire é o que come carneiro
Ogun da Cirurgia (circuncisão) habitualmente come igbin
Aquele de Elemona é o que come inhame grelhado
Ogum Akinrin habitualmente come o chifre do carneiro
Ogum dos artesãos , é o que come a carne da tartaruga
Além da representação do carneiro na pintura, são mencionados outros animais neste oriki, que não estão pintados. O artista deve te-los excluido por falta de espaço ou por alguma preocupação com a composição estética.
A côr favorita de Ogum é o vermelho, o que no simbolismo Iorubá significa furia, marcando o temperamento feroz e volátil da divindade.
Ijó tí Ògún nti orí-òkè bò
aso iná ló mú bo ra
èwù èjè ló wò
O dia que Ogum desceu da colina
ele estava coberto com fogo
e vestia roupas de sangue.
Oxum , um dos orixás femininos, cuja fertilidade é considerada como uma das principais divindades femininas, em consequencia de ser o simbolo da maternidade. Em sua homenagem, ha uma parte do receptáculo de Ogboni em Ilesa, dedicado a ela. Como provedora de filhos, mulheres de toda a região visitam seu templo. ( O bosque de Oxum em Oshogbo) para tomarem banhos na esperança de uma dádiva de filhos. Por isso ela é louvada assim:
sélèrú àgbo, àgbàrá àgbo,
l’ òs’ún fi we omo rè
kí dókítà ó tó dé
Torrentes de poções
É onde Oxum banha seus filhos
Antes que venham os doutores.
A figura ajoelhada no altar de Ogboni representa tal estima. Ele simboliza " Ikunle abiamo " ( dores de parto). Ikunle abiamo simboliza sumariamente a mulher em dores de parto, no momento exato em que a criança está para nascer. Referindo-se ao esse momento crucial os iorubás costumam dizer:
E rántí ìkúnlè abiamo
Lembre-se das dores de parto
fonte:
Ijele
Art eJournal of the African World (2002)
The Importance of Oriki in Yoruba Mural Art
Stephen Folárànmí
