Nos terreiros de candomblé, o artesão que trabalha na produção dos objetos de culto usados nas cerimônias é chamado de ‘ferramenteiro’ ou ‘ferramenteiro de santo’.
A origem dessa arte provém dos cultos religiosos afro-brasileiros onde a técnica da fundição foi introduzida pelos negros ‘malês’ que já conheciam na África as propriedades e o manuseio dos metais.
A eles é destinada a produção das ferramentas dos orixás, das figas, dos encastoamentos de dentes, e outros que ficavam expostos nos pejis (santuários).
Também produzem objetos corporais femininos como os ibós e idés (pulseiras), copos (punhos), braçadeiras e outras jóias que funcionam como emblemas, símbolos de cada entidade divina nas danças ritualísticas.
Durante o culto aos Orixás, os objetos metálicos reasseguram as relações entre o humano e o sagrado.
Esses objetos sacralizados se tornam o próprio altar.
O mestre Zé Diabo
A maioria dos ferreiros não é conhecida fora do seu oficio, porém alguns já foram reconhecidos por sua arte.
O ferreiro de maior proeminência no Brasil é Jose Adario dos Santos de Cachoeira no Recôncavo Baiano, um dos principais polos do candomblé no Brasil.
Nascido em 1947, ele vem desde 1960, transformando a sucata de ferro em peças de arte sacra, transmitindo axé (poder originário do universo ancestral africano) e seus conteúdos metafóricos aos objetos que fabrica.
A arte do ferro de José Adario dá formas não somente a Exu, mas a todas as divindades do panteão afro brasileiro, com seus simbolismos sagrados, trabalhadas em ferro e outros metais.
Suas obras constam nos acervos de museus renomados de arte afro-brasileira.