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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A grande mesquita de Djenné no Mali

Djenné, a Veneza do Niger

Situada sobre um pequeno monte próximo aos rios Bari e Niger e denominada assim pelas inundações que periodicamente a isola do acesso por via terrestre, Djenné, considerada por muitos a cidade mais bela do Sahel, encontra suas origens no século III anterior à era cristã, o que a coloca na condição de mais antiga cidade da África subsaariana.
É uma cidade integralmente de barro e seu vasto patrimônio foi reconhecido e está sob a proteção da UNESCO.
Seu estilo, bem mais representativo que nas habitações individuais, destaca-se aqui a aparição daquelas edificações de culto, fruto de uma influência árabe e circunscrita à influência da África do Oeste. É a maior construção em barro no mundo e sua aparição à distância, aos olhos do viajante, se assemelha a um gigantesco e fantástico castelo de areia.
Geralmente as torres e outros corpos elevados da volumetria de uma mesquita de barro estão eriçados exteriormente como pontas de delgados troncos de madeira que se projetam até o exterior a partir da estrutura interior, se sobressaindo nas fachadas da mesquita.
Estas pontas, que recebem o nome de torreões, desempenham o papel de apoio, permitindo aos integrantes da comunidade aonde se situa a mesquita subir até alturas normalmente inacessíveis com a finalidade de proteger os mantimentos do ano, trabalho empreendido coletivamente ao término da estação de chuvas. Também lhes são atribuídos significados rituais desconhecidos.
A mesquita se impõe, não só por sua monumentalidade, mas também pela força de sua expressão plástica expressa em barro. 
O trabalho comunitário surge aqui, não somente durante a construção de uma obra, mas nos esforços de manutenção posteriores à sua utilização inicial, o que reforça esse forte sentido de organicidade que caracteriza tal cultura.
Especificamente, no caso da Grande Mesquita, cada membro da população de Djenné, em uma data predeterminada, se responsabiliza pela manutenção da edificação, distribuindo tarefas – coleta, preparação e aplicação da matéria-prima requerida – segundo idades e sexos.
Em certo sentido se convertem em uma grande comunidade de artesãos que aplicam coletivamente conhecimentos e habilidades que desenvolveram na manutenção de suas próprias habitações em uma cidade que tem o barro como material construtivo exclusivo.