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sábado, 15 de outubro de 2011

Mascaras Yaure - Costa do Marfim

Esta máscara é mais rígida e estática que as anteriores. É interessante que se observe a boca cilíndrica, vazada e proeminente: um sinal do "sopro vital"?
Afinal sabe-se do quanto o poder da palavra falada é denotado na plástica africana, tendo, por exemplo, clássico as machadinhas de aparato, símbolo de prestígio dos escultores em sociedades tradicionais do centro-sudeste do Zaire.
Mas é na decoração - facial e dos penteados - que é comum verem-se assinalados elementos do significado das máscaras Yaurê e Baulê.
As ranhuras longitudinais simbolizariam "raios luminosos das divindades celestes", e a sucessão de pequenos triângulos em torno do seu rosto representariam "gotas de chuva".
Talvez seja precipitado do ponto de vista interpretativo, mas, numa apreciação formal, não seria descabido associar o cimo dessa última máscara à forma do pássaro Calao dos Senufo.
Esse pássaro é sempre muito estilizado, e nele destacam-se o "bico fecundador" e a "barriga da futura mãe".
Representado em grandes esculturas formas polidas e arredondadas, assentado frontalmente e na vertical, seu corpo é constituído por uma grande massa ascendente que se alonga para então formar a cabeça da qual descende a haste formando o bico orientado ao ventre protuberante.
Os Calaus (aves) aparecem em quantidade em coleções apenas nos anos 1950, momento em que cultos iconoclastas se difundem entre os Senufo. Até então essas estátuas eram colocadas perto de aldeias, nos "bosques sagrados", acessíveis apenas a iniciados.
É oportuno que se diga que apesar dos Yaurê e dos Baulê, assim como os Guro atrás mencionados, sejam avizinhados há dois ou três séculos dos Senufo, todos são povos diferentes. Desse modo, se houver alguma convergência entre a máscara e a escultura, ela deve ser encarada, aqui, em princípio, como plástica e não étnica.
É interessante que nessa máscara Senufo também se observe o talhe, no mesmo bloco matriz e no topo, de uma figura feminina de ventre inflado.
Essa figura, através da imagem de fecundidade, é perfeitamente compatível com a idéia de "sopro vital" construída a partir da configuração da boca, e ambos os fatores justificam, e podem explicar, o fato de ela ter sido cadastrada como do “culto de ancestrais".