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sábado, 5 de maio de 2012

Encenando Mitos

Ritual Ioruba - interpretes, espetáculo, desempenho

As cerimônias de máscaras Egungun transformam e reapresentam os mitos através da fragmentação de sua estrutura narrativa, de modo muito parecido com que se faz nos rituais de adivinhação. As performances se justapõem - são paratáticas - são concebidas da mesma forma, mas desconectadas na temática e no estilo, e seus segmentos (partes) são temporariamente unidos. Ositola refere-se aos mitos dentro do ritual como árvores arrancadas do solo, desde o começo. É como fazer as fundações durante um determinado estágio da cerimonia. Em cada estágio, tenta-se recomeçar daquele que antecede, isto é, das fundações. Portanto não se começa simplesmente do nada. E quando se inicia das fundações, o axé da cerimônia terá uma ação efetiva.
Cada segmento do ritual será então, enraizado independentemente na sua própria origem. E quando realizados os segmentos poderão servir para evocar a narrativa completa. Há uma frase ioruba que explica isso, “para uma pessoa bem formada meia palavra basta; em sua mente, uma pequena parte torna-se o todo”.
Quando reencenados, os precedentes documentados nos mitos são trazidos para a situação presente e apresentados, do mesmo modo com que se usam os precedentes na Justiça para fundamentar legalmente um determinado caso. Eles são concebidos para fazer isso, não por terem participado de alguma maneira anteriormente, mas para serem captados, experimentados e validar formulas desenvolvidas ao longo do tempo por pessoas sagazes e com experiência prévia nesses assuntos. Essas formulas tornam-se então modelos para as práticas presentes, permitindo um grande leque de interpretações e de representações.

Yoruba Ritual

Este livro de Margaret Drewal é um mergulho para dentro â da liberdade do ritual ioruba, o poder de improvisação de seus intérpretes, e o desejo de seus participantes em alternar as possibilidades de entretenimento. Suas implicações são diretas na diáspora americana, devido à presença desses artifícios, que constituíram a chave para a sua adaptação em novos ambientes, base fundamental para aquilo que Stuart Hall chamou de â estética da diáspora.
A estrutura política dos iorubas foi historicamente baseada em governos representativos abertos, nos quais faziam parte conflitos e competições entre reis, descendentes. mas também entre chefes facções em disputas com os sacros monarcas. As funções politicas dos rituais iorubas excluem frequentemente certas categorias de pessoas, e incluem jogos de poder entre seus participantes ou entre eles e outros grupos.

African Diaspora Program
De Paul University

Margaret Thompson Drewal

Margaret Thompson Drewal é uma teórica das artes performáticas, historiadora de dança, e etnógrafa. Ela estudou os rituais iorubas da África ocidental e afro-brasileiros. Além de danças populares norte-americanas e entretenimentos da virada do século XIX, incluindo espetáculos apresentados nas primeiras Exposições Internacionais. Drewal possui especial interesse na poética e política do discurso performático. Ela também teve experiência profissional como bailarina e coreógrafa.