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segunda-feira, 7 de maio de 2012

O Império do Mali

África Negra Pré Colonial
A força e a extensão dos impérios

As fronteiras do Império do Mali arrastavam-se desde Kaoga (Gao) em direção ao Atlântico e do Saara até a floresta tropical. De acordo com Ibn Khaldun, o imperador do Mali reinava sobre todo o Saara: “... Mansa Mussa era um soberano poderoso cuja autoridade estendia-se até o longínquo deserto nas proximidades de Uargla."
De acordo com Al-Bakri, Ifrika (África do Norte) era limitada por uma linha paralela ao Equador, passando por Sijilmessa, e possuía a mesma tendência universalista de caráter cosmopolita que Gana. A cidade capital, Mali, também possuía o seu bairro árabe, suas mesquitas e juristas, seu cemitério muçulmano, etc. O imperador, Mansa Kankan Mussa, fizera uma peregrinação comemorativa para Meca em 1324-1325. Ele intercambiou embaixadas com o Marrocos e manteve laços comerciais e diplomáticos com o Egito, Portugal e Bornu.
No Egito sabe-se da existência de interpretes africanos. Ibn Khaldun mencionou, ao falar das fronteiras do Mali, o nome e El Hajj Yunos, um intérprete tektur no Cairo.
Os africanos já estavam acostumados a viajar para o norte da África, estabelecendo-se vez por outra para estudar. A atividade internacional do Mali acabava consequentemente crescendo. Delafosse estava certo por impressionar-se com o poderio desta nação.
Esse poder era tão grande que vez por outra sua ajuda militar era solicitado pelos árabes. Tal foi o caso de El Mamer, citado por Khaldun, que lutou contra as tribos árabo-berberes da região de Uargla ao norte do Saara. Ele apelou para a ajuda militar de Kankan Mussa, em sua ultima visita para Meca. Khaldun também falou a respeito do tamanho da embaixada marroquina em Mali e do interesse do sultão do Marrocos pela mesma.
Contrariamente às noções que prevalecem nos dias de hoje, a relação entre brancos e negros não era a de senhores e escravos. Um relato de Ibn Battuta, que visitou o império do Mali, revela claramente o estado de espirito e o poder dos africanos desse período (1352). As regiões fronteiriças como Ualata, ao limite do Saara, eram governadas por farbas negros que cobravam impostos alfandegários e outras taxas para as caravanas que traziam mercadorias para o país. Ao chegarem, os mercadores tinham que proceder com as formalidades administrativas, antes de obterem a permissão para levar suas mercadorias.
As minorias brancas que viveram nesse império, onde se encontra atualmente o pais de Gana, já se tornavam numerosas, mas sempre sob as leis do Mali. Em consequência da distancia de suas terras natais, os árabes eram levados a adaptar-se em meio aos negros africanos. Alguns deles eram tradicionalmente escolhidos para serem os bobos da corte dos soberanos negros.
Essa tradição estendeu-se até mesmo para as pequenas cortes do Cayor, onde estiveram muito vivas. Isso explica a existência de nomes totêmicos adotados pelos mouros dos príncipes africanos. Muito cidadão branco da Mauritânia chama-se Fall e Diagne, porque o Damel (rei) de Cayor tinha a descendência dos Fall, enquanto que os Diagnes eram tradicionalmente proprietários de terras.

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