Por definição, os bâ-dolos não eram artesãos ñéños, mas
gérs, nobres de recursos modestos, fadados ao cultivo da terra. Pertencendo à
mesma classe dos príncipes, que não viam mal nenhum em pilha-los de seus bens,
apesar de parcos. Quando um gér era bem sucedido, podia casar-se com uma
princesa de segundo escalão. Porém um bâ-dolo, não tendo recursos, apesar de
ser um nobre, deveria arcar com os pesados tributos fiscais da sociedade. De
fato, conforme o conceito africano de honra, aqueles de classe inferior não
eram visados para a exploração e sim os que tinham posição social igual,
principalmente quando esses últimos não tinham condições econômicas para
defender-se, neste caso os bâ-dolo. Por esse motivo as posses dos artesãos
foram poupadas. Nesses regimes de agricultura pré-industrial, verdadeiramente,
todos estavam envolvidos no cultivo da terra, incluindo o rei. Porém, bem mais
do que os artesãos, eram os bâ-dolo que alimentavam a população e constituíam a
maioria da classe trabalhadora.
Todavia, por questões de preconceito, eles não podiam
rebaixar-se a ponto de formar uma aliança com os escravos descontentes e
desorganizados, sem chances de serem bem sucedidos. No decurso da história
africana, esse tipo de aliança poderia levar escravos e camponeses a revoltas
como a Jaquerie (ocorrida na França durante a idade média na qual os camponeses
massacraram os nobres), O Egito sofreu esse tipo de revolta durante o médio
império assim como a Europa medieval, não sendo nenhum deles sendo bem
sucedidos. Seriam mais revoltas do que revoluções como a revolução dos
burgueses na França. Na África pré-colonial a duração dos períodos de
prosperidade não tinham nada a ver com os períodos de penúria, que eram quase
raros e efêmeros, e que a abundância de recursos econômicos do continente tal
como sua lendária riqueza, impediu que brotassem quaisquer ideias
revolucionárias na consciência africana.
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