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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Euclides Talabyian

 A Casa Fanti-Ashanti foi inaugurada em 1958, com o nome de Tenda de São Jorge Jardim de Ueira, mas se tornou mais conhecida como Casa Fanti-Ashanti. Conforme explicação dada por seu fundador e pai-de-santo Euclides Ferreira, a nação da Casa teve como primeira matriz o terreiro do Egito, fundado em São Luís, em 1864, por uma africana de Cumassi (Gana) (FERREIRA, 1984, p.99). Apesar de Pai Euclides afirmar ter sido dado por sua mãe ao vodum Lissá, na Casa das Minas, antes de nascer, e de já ter entrado em transe com caboclo quando se ligou àquele terreiro, foi ali que começou a incorporar Rei dos Mestres, nome pelo qual eram mais conhecidas naquele terreiro as entidades africanas Tó-Alapong, recebida pela fundadora, e Tó-Alaby, que ele recebeu (Oxalufã e Oxaguiã?) (FERREIRA, 1987, p.53; 55). Conforme, ainda, Pai Euclides, Rei dos Mestres é o mesmo Oxalá, que passou mais tarde a receber no Candomblé, e o mesmo vodum Lissá, cultuado na Casa das Minas-Jeje.
O terreiro do Egito, que funcionou próximo ao porto do Itaqui, foi dirigido, no período de 1920 a 1966, por Maria Pia, que sucedeu a sua fundadora. Segundo Pai Euclides, depois da morte de Maria Pia a terreiro foi comandado por filhas da Casa que já tinham seu próprio terreiro de Mina e que pouco se dedicaram a ele, razão pela qual entrou em declínio, deixando de funcionar em dezembro de 1980 (FERREIRA, 1987, p. 53), depois de uma tentativa É ainda lembrado como berço de várias linhas de entidades espirituais não africanas e como terreiro onde foram preparados muitos pais e mães-de-santo que abriram casas de Mina em São Luís nas décadas de 1940 (como Zacarias) e 1950 (como Euclides Ferreira, fundador da Casa Fanti-Ashanti e Jorge Itaci, fundador do terreiro de Yemanjá). Depois que o terreiro do Egito encerrou suas atividades, a Casa Fanti-Ashanti passou a se apresentar como depositária dos fundamentos da nação e, por conseguinte, como matriz da Mina maranhense, colocando-se no nível da Casa das Minas e da Casa de Nagô, e acima dos outros terreiros de maranhenses. A Casa Fanti-Ashanti, embora tenha sempre se apresentado como de raiz diferente da jeje e da nagô e de outra nação, adotou várias características da Casa das Minas e seguiu de perto as pegadas da Casa de Nagô (BARRETTO, 1977, p.126). Esse processo deve ter sido facilitado por algumas mulheres de grande competência na Mina que acompanharam Pai Euclides no passado. É bom lembrar que Pai Euclides teve ao seu lado, durante muitos anos, uma pessoa que, além de ser guia (mãe-pequena) do Terreiro da Turquia, um dos mais antigos de São Luís, onde ele teve seus caboclos confirmados, era muito ligada à Casa das Minas: Maria dos Remédios. Teve também aproximação com várias pessoas da Casa de Nagô, entre as quais Maria Leoa, que morou em sua casa, quando ele era criança, e que o levou algumas vezes para lá em noites de toque. A Casa Fanti-Ashanti incorporou também alguns elementos bantu que, embora não tenham sido destacados nos relatos de sua história escritos por Pai Euclides, podem ser constatados em documentos do final da década de 1960, como o certificado de feitoria de João Albino de Aquino, que Pai Euclides assina como Babalorixá de inkice e confere ao seu filho-de-santo o título de Tata de inkice. É possível que ele tenha recebido esses elementos de sua tia Isaura, que foi guia (mãe-pequena) da Casa até a preparação de Cabeka (Isabel) e que ainda era o seu braço direito naquela época. Segundo Pai Euclides, Isaura dançava no terreiro do Cutim (conhecido como cambinda) e no terreiro de Maximiana (muito ligado a Codó), que foi documentado, em 1937, pela Missão de Pesquisa Folclórica, de Mário de Andrade (ALVARENGA, 1948). Em meados da década de 1970, o fascínio de Pai Euclides pelo nagô puro o levou a tirar a mão de vumbe e a se ligar a casas de Xangô de Pernambuco, que aceitavam pessoas do sexo masculino dançando com entidades espirituais (o que não era admitido na Casa das Minas, na de Nagô e em vários outros terreiros do Maranhão). E, no início da década de 1980, a Casa Fanti-Ashanti, apesar de ainda denominada Casa Fanti-Ashanti e de continuar realizando rituais de Mina, mudou de nação , adotando o Candomblé de estilo baiano e assumindo uma identidade jeje-nagô (FERREIRA, 1984, p.106). Essa mudança foi oficializada depois da ligação de Pai Euclides a três pais-de-santo de Pernambuco: Ma