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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Orixas da criação - do branco ou funfun

Os deuses da família de Òrìşànlá-Ọbàtálá, o “Orixá” ou o “Rei do Pano Branco”, deveriam ser, sem dúvida, os únicos a serem chamados orixás, sendo os outros deuses chamados por seus próprios nomes ou, então, sob a denominação mãos geral de ebora para os deuses masculinos.
O termo “Imọlẹ”, empregado por Epega, abrangeria o conjunto dos deuses iorubás.
Essa família de orixás funfun, os orixás brancos, é daqueles que utilizam o ẹfun (giz branco) para enfeitar o corpo. São-lhe feitas oferendas de alimentos brancos, como pasta de inhame, milho, caracóis e limo da costa. O vinho e o azeite, provenientes do dendê, e o sal são as principais interdições. As pessoas que lhe são consagradas devem sempre se vestir de branco, usar colares da mesma cor e pulseiras de estanho, chumbo ou marfim.
Os orixás funfun seriam em número de cento e cinqüenta e quatro, dos quais citamos alguns nomes:
Òrìşá Olufọn ajígúnà koari, “aquele que grita quando acorda”;
Òrìşá Ògiyán Ewúléèjìgbò, “Senhor de Ejigbô”;
Òrìşá Ọbaníjìta;
Òrìşá Àkirè ou Ìkirè, um valente guerreiro muito rico que transforma em surdo-mudo aquele que o negligencia;
Òrìşá Ẹtẹko Ọba Dugbe, outro guerreiro muito ligado a Òrìşànlá;
Òrìşá Aláşẹ ou Olúorogbo, que salvou o mundo fazendo chover num período de seca
Òrìşá Olójo;
Òrìşá Àrówú;
Òrìşá Oníkì;
Òrìşá Onírinjà;
Òrìşá Ajagẹmọ, para o qual, durante sua festa anual em Ẹdẹ, dança-se e representa-se com mímicas um combate entre ele e Olunwi, no qual este último sai vencedor e aprisiona seu adversário. Mas tarde Òrìşá Ajagẹmọ é libertado e volta triunfante para seu templo
Òrìşá Jayé em Jayé;
Orìşá Ròwu em Owu;
Òrìşá Ọlọbà em Obá;
Òrìşá Olúọfin em Iwọfin;
Òrìşá em Oko;
Òrìşá Eguin em Owú, etc.
William Bascom observa que o ritual da adoração de todos esses orixás funfun é tão semelhante que, em alguns casos, é difícil saber se trata de divindades distintas ou simplesmente de nomes e manifestações diferentes de Òrìşànlá.
Òrìşànlá-Ọbàtálá é casado com Yemowo.
Suas imagens são colocadas um ao lado da outra e coberta por traços e pontos desenhados com ẹfun, no ilésìn, local de adoração desse casal no templo de Ideta-Ilê, no bairro de Itapa, em Ilê-Ifé.
Dizem que Yemowo foi a única mulher de Òrìşànlá-Ọbàtálá. Um caso excepcional de monogamia entre os orixás e eboras, muito propensos, como vimos nos capítulos precedentes, a ter aventuras amorosas múltiplas e a renovar facilmente seus votos matrimoniais.

fonte:
Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo
Tradução de Maria Aparecida da Nóbrega