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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A antiga Meroë e o Templo núbio do Leão, Sudão

Ha centenas de quilômetros ao sul da esfinge de Giseh no Egito existe a Nubia, atualmente chamada Sudão.
O templo do Leão, construído por Arnekhamani (235-218), mostra o perfil do soberano e o de seu filho Arkameni (218-200), seus costumes, as insígnias e os ornamentos que nada devem aos modelos egípcios.
Apedemek, "o senhor do poder real" era um leão, deus núbio, e no seu templo em Naqa, existe um alto relevo mostrando esse deus sendo adorado pela família real. Os reis sentavam-se sempre em tronos de leão.
Nos entalhes desse templo podem se ver os inimigos do rei sendo subjugados e algumas vezes devorados por leões.
Constatou-se que leões eram mantidos no templo, como símbolos vivos de Apedemek. Uma pesquisa revelou que o culto de Sekhmet, antiga deusa leoa egípcia, foi introduzido no Egito pelo Sudão. Questionam-se quais seriam os mistérios escondidos e desconhecidos nesses locais da civilização Nubia.
O leão nos tempos antigos também era considerado um sinal de sabedoria. O rei Salomão era simbolizado às vezes como um leão. No Livro dos Reis (10: 19-20) ha uma descrição sobre o seu trono: “Seu trono tinha seis degraus, e o seu topo era arredondado, e os braços eram apoiados sobre dois leões. Doze leões ficavam lado a lado sobre os seis degraus, não havia nada igual em reino algum”.
O rei era o emissário do sol, simbolizando luz, verdade, regeneração, e um deus de fertilidade.
Essas divindades representadas nos muros do templo, como o deus Sebiumekar, exclusivamente meroítico, Apedemak, o deus nacional leonino, ou ainda o deus Amon, sob a forma de um carneiro tricéfalo, indiscutivelmente se afastam do panteão e da iconografia puramente egípcios.
Além disso, um relevo do templo mostra um elefante de guerra atrás de uma fileira de prisioneiros acorrentados e ajoelhados, presos pelo pescoço e com as mãos atadas às costas, o que confirma o relato do historiador grego Flavius Arrien (século 11) destacando o uso bélico desses paquidermes na Etiópia e na índia, utilização adotada pelos Ptolomeus e por Cartago.
Também sem paralelos egípcios são essas estátuas em tamanho natural de elefantes-guardas dispostos na entrada da sala hipostila do templo.
Este último, construído no centro do quarteirão cercado pela Grande Muralha, distingue-se também dos templos egípcios pela originalidade de seu plano e pelas técnicas utilizadas.