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terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Grande Zimbabwe


O que aconteceu à grande civilização que surgiu e floresceu no coração do sul de África no século XII?
A sua magnífica cidade murada permaneceu como testamento de uma cultura florescente e sofisticada, chamada o Grande Zimbabwe, e que no século XIV caiu abruptamente no esquecimento.
Viajemos para trás no tempo, até 1871, quando o geólogo alemão Carl Mauch, obcecado pelos rumores de umas misteriosas ruínas, sobrevivendo a um roubo e um rapto conseguiu redescobrir o Grande Zimbabwe.
A teoria de Mauch de que tinha descoberto os palácios da Rainha de Sabá e as minas do Rei Salomão permaneceu como facto até 1928, quando a arqueóloga Gertrude Caron-Thompson escavou o local com a sua equipa exclusivamente formada por mulheres. Ela desenterrou provas de que o Grande Zimbabwe era em vez disso uma criação de nativos africanos.
O Grande Zimbabwe é um complexo de amuralhados de pedra situados na região leste do Zimbabwe, perto da fronteira com Moçambique.
Este complexo é considerado um monumento nacional, que deu o nome ao país onde atualmente se situa.
O Monumento Nacional do Grande Zimbabwe foi inscrito pela UNESCO como Património Mundial em 1986.
Pensa-se que este complexo constituiu a capital de um estado, conhecido como O Primeiro Estado do Zimbabwe, que floresceu no planalto central daquela região entre 1250 e 1450.
A razão do abandono desta "cidade" praticamente sem deixar outros vestígios não é conhecida, uma vez que não existem registros escritos, mas acredita-se estar relacionada com a invasão da região pelos Mwenemutapas, que deram origem a um grande império, mas estabelecendo a sua capital a cerca de 500 km do Grande Zimbabwe, próximo do rio Zambeze.
Os povos Shona parecem ter-se fixado nesta região durante o século V e, a partir dessa época começaram a construir estes amuralhados que, na língua chiShona se chamam madzimbabawe.
Encontraram-se outros complexos deste tipo em toda a região, o mais importante dos quais, pela quantidade de artefatos que continha - Mapungubwe - na margem sul do rio Limpopo, na atual Província do Limpopo, na África do Sul.
O Grande Zimbabwe é formado por quatro construções, que podem ter sido residências, rodeadas pela Muralha Elíptica, que tem cerca de dez metros de altura e uma espessura de cinco metros em algumas partes.
Esta muralha tem uma circunferência de cerca de 240 metros e um diâmetro máximo de 90 metros.
As únicas aberturas destes muros eram a entrada e vários canais de drenagem, fazendo lembrar os castelos da Europa medieval.
Todas estas construções são formadas por blocos de pedra cortados de modo a estarem perfeitamente ajustados, sem ter utilizado qualquer argamassa entre elas.
Acredita-se que o Grande Zimbabwe, tal como outras construções similares, não foi construído inicialmente com a forma atual, mas ampliado e reconstruído, ao longo de vários séculos.
Para além dos muros, que parecem ter constituído a residência real e, ao mesmo tempo, uma espécie de fortaleza, encontraram-se vestígios de um grande aglomerado populacional à volta do monumento, que foi estimada em cerca de 20.000 pessoas, vivendo em casas pequenas, provavelmente construídas de paus, mas cobertas com argila, como ainda hoje se vêm nas regiões rurais dos países da região.
Moçambique é um país da África Austral, situado na costa do Oceano Índico, com cerca de 20 milhões de habitantes (2004). Foi uma colônia portuguesa, que se tornou independente em 25 de Junho de 1975.
A história de Moçambique encontra-se documentada pelo menos a partir do século X, quando um estudioso viajante árabe, Al-Masudi descreveu uma importante atividade comercial entre as nações da região do Golfo Pérsico e os "Zanj" (os negros) da "Bilad as Sofala", que incluía grande parte da costa norte e centro do atual Moçambique.
No entanto, vários achados arqueológicos permitem caracterizar a "pré-história" de Moçambique (antes da escrita) por muitos séculos antes.
Provavelmente o evento mais importante dessa pré-história foi a ocupação dos povos Banto nesta região que, não eram apenas agricultores, mas introduziram a metalurgia do ferro, entre os séculos I a IV.
A penetração portuguesa em Moçambique, iniciada no início do século XVI, só em 1885 - com a partilha de África pelas potências europeias durante a Conferência de Berlim - se transformou numa ocupação militar, ou seja, na submissão total dos estados ali existentes, que levou, nos inícios do século XX a uma verdadeira administração colonial.
Depois de uma guerra de libertação que durou cerca de 10 anos, Moçambique tornou-se independente em 25 de Junho de 1975.
O Primeiro Estado do Zimbabwe
Embora os povos que falavam a língua chiShona - ainda hoje a principal língua do Zimbabwe, com cerca de sete milhões de falantes, em vários dialetos tenham-se instalado na região cerca do ano 500, o primeiro estado do Zimbabwe existiu aproximadamente entre 1250 e 1450 aproximadamente na região da atual República do Zimbabwe.
O seu nome deriva das muralhas de pedra que a aristocracia construiu em torno das suas habitações e que se chamavam mad-zimbabwe.
O que parece ter sido a capital deste estado - o atual monumento do Grande Zimbabwe - cobria uma superfície considerável (incluindo não só a área dentro das muralhas, mas também uma grande "cidade" de caniço, em torno destas), levando a pensar que tinha uma população de centenas, talvez milhares de habitantes e uma grande atividade comercial.
Em Moçambique conhecem-se também ruínas de mad-zimbabwe, a mais importante das qual chamada Manyikeni, a cerca de 50 km de Vilankulo, na província de Inhambane, e a cerca de 450 km do Grande Zimbabwe.
Além da grande fertilidade da região onde este estado se estabeleceu, o apogeu do primeiro estado do Zimbabwe deve estar ligado à mineração e metalurgia do ouro, muito procurado pelos mercadores originários da zona do Golfo Pérsico que já demandavam as "terras de Sofala", pelo menos desde o século XII.
Cerca de 1450, o Grande Zimbabwe foi abandonado (não se conhece os reais motivos desse abandono), mas, verificou-se uma grande invasão de povos também de língua chi-Shona que deu origem ao Império dos Mwenemutapas.
Estes invasores submeteram os povos de uma região que se estendia até ao Oceano Índico, desde o rio Zambeze até à atual cidade de Inhambane.